Frederico Rosa diz que os municípios estão a fazer um esforço gigantesco nas questões que estão na sua esfera para poder chegar a mais população
O presidente da Câmara do Barreiro criticou esta quinta-feira a ministra da Saúde por delinear estratégias sem envolver os autarcas da península de Setúbal e garantiu “oposição feroz” a um eventual fim da urgência de obstetrícia no hospital da cidade.
Frederico Rosa reagiu desta forma à decisão do Governo, anunciada pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, de criar a curto prazo uma urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal, com o Hospital Garcia de Orta, em Almada, a funcionar em permanência e o Hospital de Setúbal a receber casos referenciados pelo SNS 24 e pelo INEM.
A ministra, que falava na Comissão Parlamentar de Saúde, disse ainda que será aberto em 2026 um concurso para a criação de um Centro Materno Infantil da Península de Setúbal, “que viverá dentro do perímetro do Hospital Garcia de Orta”.
O autarca referiu que pelas informações que os autarcas vão lendo, “porque o contacto por parte do Governo tem sido zero”, é de que a obstetrícia vai manter-se no hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, mas que as urgências da especialidade é que não.
“Nós todos percebemos que isso é um desejo e do nosso lado terá uma oposição feroz”, disse.
Relativamente à criação de um centro especializado na Península de Setúbal, Frederico Rosa disse que “é obviamente bem-vindo”, mas que isso “não pode conjugar com um encerramento de serviços”, principalmente em territórios que estão em crescimento e que vão ser alvo de projetos que vão alavancar mais o crescimento populacional, como a terceira ponte sobre o Tejo, o novo aeroporto e a ligação Barreiro-Seixal.
“Estamos a falar de territórios, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, que vão sofrer o impacto direto das grandes infraestruturas que o mesmo Governo está a anunciar e depois vão retirar capacidade e valências ao hospital?”, questionou.
O presidente da Câmara Municipal do Barreiro defende que “tem de haver uma estratégia integrada”.
“Não podemos estar a projetar uma estratégia para o país, sem pensar, obviamente, no aumento de serviços de saúde, sem pensar no aumento de escolas, porque isto é uma estratégia integrada”, disse o autarca adiantando que é nesse sentido que o município tem feito um esforço na criação de dois novos centros de saúde e na reabilitação de outros dois.
Os municípios, explicou, estão a fazer um esforço gigantesco nas questões que estão na sua esfera para poder chegar a mais população e do outro lado encontram uma porta fechada que não conversa com os autarcas.
“Volto a fazer o apelo à ministra que reconsidere e que não tenha medo de falar connosco. É em conjunto que se consegue encontrar soluções, é em conjunto que se consegue encontrar o caminho para se resolver aquilo que todos nós queremos”, frisou.
Frederico Rosa adiantou que continua à espera que a ministra da Saúde nomeie o representante das autarquias do Barreiro, Moita, Alcochete e Montijo no Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho, criticando o facto de até agora não ter havido resposta por parte do Governo.