“A minha vida sempre foi o desporto, e assim será até ao fim”
“Eu sou um indivíduo completamente comum”. Aos 48 anos de vida, João de Deus, é o atual treinador-adjunto do clube Árabe Al-Hilal, e dono de uma carreira singular no mundo do futebol, com passagens desafiadoras por diversos países. Ao longo dos anos, acumulou uma bagagem cultural e profissional que o enriqueceu a nível desportivo e pessoal. Desde cedo, o desporto desempenhou um papel fundamental na sua vida pois foi diagnosticado com asma aos cinco anos, foi incentivado a praticar atividade física, “na altura, o médico falou logo da natação”, uma modalidade que o apaixonou a par do futebol. Iniciou a sua Licenciatura de Professores do Ensino Básico na vertente de Educação Física em 1995 na Escola Superior de Educação, porém, nunca foi um objetivo imediato. O então docente só se candidatou devido aos seus pais uma vez que “sempre me disseram podes fazer o que quiseres, mas tens de te licenciar”. Foi graças à sua família que concluiu a sua formação académica, relembrou João de Deus com uma gargalhada. A sua vida como treinador começou de uma forma muito inesperada. Após uma carreira como atleta, foi convidado para integrar a equipa técnica dos séniores do Vitória Futebol Clube como preparador físico “Eu não era um grande jogador, então, quando souberam que eu era licenciado em Educação Física ofereceram-me três anos de contrato”. Desde então, não parou mais, passando por diversas funções e acumulando inúmeras experiências. Uma vida marcada por vários obstáculos, contudo, o principal foi quando começou como selecionador de Cabo Verde, “foi um dos momentos mais desafiadores, mas também gratificante”. Neste momento vive a segunda experiência na Arábia, ao lado de Jorge Jesus, um dos treinadores mais conceituados do futebol português, descreve que o relacionamento entre ambos é baseado na confiança e lealdade. Apesar do sucesso profissional, o professor revela as dificuldades em estar longe da família “O futebol tira muito”, contudo afirma que faz o que ama “A minha vida sempre foi o desporto, e assim será até ao fim”. Nesta jornada pelo mundo, João de Deus prova que tudo vai para além das quatro linhas, construiu não só uma carreira internacional sólida, como um legado de valores, resiliência e aprendizagens que transcendem as fronteiras do jogo. A primeira lembrança da ESE foram as praxes “todo riscado, todo pintado, cabelo com ovos e farinha e não sei o quê”, em tom alegre disse que havia outras memórias, mas que ficavam para outra altura [risos]. “Caminho”, palavra que podia resumir a vida de um treinador, contudo utilizou-a para descrever a instituição que o viu formar-se e levar para o mundo, aquele que mais tarde se afirmava como mais um sucesso português fora do nosso país.
