8 Maio 2024, Quarta-feira

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O deus cifrão

O deus cifrão

O deus cifrão

O problema religioso está na ordem do dia, não certamente porque seja um problema que hoje faça insónias a muita gente – se existe um Deus Criador e se fez homem há mais de 2000 anos – mas por se falar na Jornada Mundial da Juventude que trará a Lisboa muito mais de um milhão de pessoas, predominantemente jovens.

Por essa razão já tem havido problemas pelos custos da organização (uns milhões) e pelos constrangimentos (é hoje palavra na moda!) para a população de Lisboa, a polícia, os bombeiros e, em especial, os transportes. Já há protestos e ameaças de greves pois uns ficam sem férias outros vão fazer horas extraordinárias e outros (muitos!) ameaçam com greves.

Tudo se vai resolver com a ajuda do deus cifrão – mais uns euros por hora, mais um suplemento nos vencimentos – não há nada que o “cifrão” não resolva.  Por outras razões, há muito que as greves abundam no nosso País – são os professores, são os maquinistas dos comboios, empregados da Justiça, operários de certas fábricas, são enfermeiros e até se fala nos médicos.

Ligamos as notícias e todos falam em melhoria de condições de trabalho – uma maneira disfarçada de pedir mais dinheiro! Mas, o deus cifrão não vai muito nessas “orações”. Mas não fala o Governo numa esplêndida situação financeira? Mas não falam os bancos e algumas grandes empresas em lucros de milhões? Não se diminui o rendimento dos certificados de aforro que os bancos, coitadinhos, estão a ficar com muito pouco dinheiro?  E não estamos a receber da Europa  – é verdade! – milhões por dia?

Então porque temos um nível de pobreza que nos coloca quase na cauda da Europa? Então porque temos uma chamada classe média – normalmente o esteio dum país –que vive em dificuldades e até emigra (não os pobrezinhos, mas a maioria licenciados)? O deus cifrão anda a governar duma maneira desastrada. Então não crescem os milionários no meio deste ambiente bem grave em que vivemos? Mas dizem que o tal deus governa o mundo todo. E não é que os países ricos vivem da exploração dos países pobres? Pior! Exploram esses países pobres até à exaustão, o que faz com que as populações desses países fujam aos milhares na procura dum lugar para poder viver.

Esses países ricos fazem muros nas fronteiras, devolvem-nos para outros países pobres que vêem nisso uma fonte de rendimento, para já não lembrar que muitos morrem pelo caminho, seja de fome, seja afogados ao quererem saltar para a Europa ou os Estados Unidos! É que o deus cifrão não tem coração, só tem cofre!

Será que o milhão de jovens que se reúnem em Lisboa vão pensar nisto? Vão debater este problema dum mundo a desfazer-se, dum mundo em guerra, tendo ouvido o Papa Francisco, já há anos, dizer que somos governados por “uma economia que mata”?

O deus cifrão é muito resistente e tem ao seu serviço os homens (e mulheres) que governam na prática as nossas vidas. Sou um velho a caminho dos 100 anos, vivi muito, lutei muito por um outro Deus que pregava o amor e a entreajuda fraterna entre os homens e vejo os homens que dizem que seguem o Deus/amor quietos e amorfos – e por isso, que me perdoem os jovens, não espero grandes mudanças a partir das ditas Jornadas. O deus cifrão é bonzinho para os seus fiéis, pois até permite que um dos seus gaste milhões para viver em órbita seis minutos de imponderabilidade. Se isso corresponde a uns milhares de mortes de fome, não tem qualquer interesse!

O meu Deus verdadeiro diz-me que isso é pecado grave.

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