27 Junho 2024, Quinta-feira

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As Jornadas Mundiais da Juventude

As Jornadas Mundiais da Juventude

As Jornadas Mundiais da Juventude

, Médico
22 Fevereiro 2023, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

Grande acontecimento mundial vai ter lugar em Lisboa – a jornada internacional da juventude católica que se realiza periodicamente, saltitando de país para pais. Trata-se de uma organização de grande dimensão pois deve reunir um a dois milhões de jovens de todo o mundo. É, portanto, uma reunião que leva muito tempo, muita gente e muito dinheiro na sua organização. A maioria dos portugueses tomou conhecimento, com muitos decibéis, pela construção de um palco que começou a distinguir-se pelo seu preço – 4 ou 5 milhões de euros! Os jornais e, especialmente, a televisão falaram, não do acontecimento importante, mas do preço do palco, a que podemos chamar, em bom calão, um estardalhaço rodeado de um milhão de críticas e opiniões.

Bom! Parece que o famoso palco, planeado há muito tempo, nascia em surdina apesar de haver meia-dúzia de entidades responsáveis pela organização do tal evento: a Igreja (é evidente), a Câmara Municipal de Lisboa e de mais duas freguesias, o Governo e uma comissão organizadora. Todos, pelos vistos, trabalhavam um para cada lado e com razoável lentidão. E alem do palco há uma imensa área de terreno meio baldio a transformar numa área agradável. Há que mudar muitas dezenas de contentores uns quilómetros para diante, e há casas de banho para mais de um milhão de pessoas (!), colunas de som, arruamentos e sei lá que mais para receber a “nata” da juventude católica deste mundo. Há que preparar reuniões e debates e – grande problema – temos de receber condignamente o nosso Papa Francisco! Embora tudo isto aconteça “mascarrado” com a entrega do relatório sobre os abusos sexuais, feito por gente credível, e após alguma pressão dumas duas centenas de leigos  sobre a Conferencia dos Bispos Portugueses, o que levantou uma também imensa celeuma. A verdade é que a juventude vai mesmo vir lá para Agosto e é – indubitavelmente – um grande acontecimento internacional e Portugal e Lisboa têm de se sair bem – e assim vai acontecer, somos peritos no desenrasca.  Mas, afinal, a razão deste meu artigo é para pôr em destaque a importância do acontecimento. Todos sabemos que a nossa Igreja Católica está a programar um Sínodo para 2024 donde deverá sair – deixem-me dizer assim – uma nova Igreja em que toda a atual hierarquia deve reduzir-se à simples condição de pastores do grande rebanho que é o “povo de Deus” a totalidade daqueles que sentem o poder divino no seu coração e têm por objetivo de vida seguir a mensagem que se deduz da vida de Jesus Cristo. É indiscutível que a grande renovação do Concilio Vaticano II, de há meio seculo, não trouxe a nossa Igreja para o patamar do séc. XXI, os cristãos a sério têm abandonado as igrejas, e a juventude não tem pautado a sua vida pelo caminho de Jesus (o falar na generalidade não significa que não exista um bom núcleo de jovens ativos). Mas a realidade é que a Igreja tem estado a perder presença e força evangelizadora. É notório que as nossas paróquias começam a perder força e as celebrações pecam por pouca presença e pouco interesse!  E quando me lembro que o Papa João Paulo II enchia, nas suas múltiplas viagens, estádios com jovens em verdadeiro delírio, ficando depois tudo na mesma, não posso deixar que estas dúvidas me venham à memória. Quando tivemos entre nós, como primeiro Bispo um D. Manuel Martins, sempre junto das suas “ovelhas” e depois da sua saída tudo continua no mesmo “ram-ram”, cristalizado há séculos – não posso deixar de fazer um veemente apelo a qualquer que pense e aja pelo bem dos outros que saiam da sua inercia e ouçam à sua volta os gritos dos que sofrem e têm fome e deem força a tudo o que venha do Bispo de Roma. “Ou vivemos juntos ou morremos juntos”, “a política é uma forma da caridade”, etc. E, no entanto, já se ouve às claras cardeais falando da sua resignação à maneira de Bento XVI, e críticas ao seu procedimento. Será que dessa enorme reunião da juventude aqui em Lisboa vamos depois sentir que os cristãos são diferentes, tentando mudar este mundo podre? Teremos uma nova Igreja ?

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