26 Junho 2024, Quarta-feira

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Dom Manuel Martins

Dom Manuel Martins

Dom Manuel Martins

, Médico
7 Outubro 2022, Sexta-feira
Mário Moura - Médico|

Passou há dias o aniversário do falecimento do nosso primeiro Bispo. E tal efeméride não pode ser esquecida, pois foi ele que deu corpo à nossa Diocese e lhe deu uma posição de destaque no âmbito da Igreja portuguesa.

Manuel Martins foi uma luz no meio de uma igreja que já nessa época atravessava problemas de uma certa gravidade, em especial pelo seu anquilosamento, pela sua incapacidade de evoluir num mundo em acelerada mudança.

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O nosso primeiro Bispo foi um verdadeiro pioneiro das transformações proclamadas nos vários documentos saídos do Concilio Vaticano II, que aqui em Portugal eram até alvo da censura do regime totalitário em que vivia o País.

E o nosso Bispo não teve qualquer receio em colocar-se ao lado dos desprotegidos e dos trabalhadores em luta por uma vida mais digna e, para tal, entrou mesmo em conflito com Mário Soares, primeiro-ministro de então.

Manuel Martins logo assumiu o seu lugar na jovem Diocese e assumiu com outros cristãos abertos a um “ser cristão” como Cristo tinha ensinado. Assumiu uma verdadeira democratização da vida eclesial, formando uma Assembleia Diocesana. Isto é, ouvindo o “povo de Deus”, como hoje o Papa Francisco luta por pôr em prática.

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E nessa altura, tal como hoje, com uma verdadeira inércia da maioria dos sacerdotes, não durando essa verdadeira tentativa de levar a Diocese ao verdadeiro caminho vivido por Jesus.

E passados todos estes anos o Bispo de Roma enfrenta a mesma resistência em querer da Igreja um baluarte, que trave o descalabro do mundo em que vivemos e modifique a vida dos cristãos, tornando-os lutadores do “bem-comum”, soterrado por outros interesses que dominam as nossas vidas, enredadas em ameaças de guerra, na prevalência dos desejos de poder, de domínio dos mais fracos, não exitando em cometer as mais tremendas atitudes ou mantendo uma passividade assassina perante a miséria ou a fome de milhões.

E o mundo não pára a sua evolução orientada por esses maus fios condutores, caminhando até para uma muito próxima alteração das leis que mantinham o equilíbrio do nosso mundo, explorando as riquezas naturais sem olhar às nefastas consequências que se vão desde há décadas sendo postas a nu, alterando a biodiversidade dos equilíbrios naturais, modificando climas, a regularidade das estações do ano, fazendo surgir com tais mudanças tremendas alterações climáticas com secas aqui, inundações acolá, furacões destruidores, doenças novas, etc. – ameaçando com tudo isto a possibilidade de se viver em condições capazes e dignas.

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Estas considerações trago-as à luz do dia, ao evocar a morte e principalmente a vida de Manuel Martins, mas debaixo do tremendo ruído das eleições no Brasil, das loucuras de Putin, do acender da verdadeira luta de galos das grandes potências pelo domínio do mundo, pelas quase diárias noticias dos desastres da natureza, pelas discussões estéreis dos nossos políticos, por saber que os que se armam em defensores de um mundo harmónico são os maiores fabricantes de armas (e a guerra é um bom negócio!), e – que me perdoem quem se sentir atingido – pela total inércia e indiferença da nossa juventude perante esta situação.

Juventude e não só, pois uma boa parte das pessoas desinteressaram-se pela política, esquecendo que assim estão “a entregar o ouro ao bandido”. Estão a pôr “o lobo no galinheiro”.

Quero dizer com isto que há uma verdadeira anestesia do povo e que quando acordar pode ser tarde! Comecei a falar de D. Manuel Martins e acabo num escrito bem pessimista, ou como disse o nosso prémio Nobel da Literatura a alguém que lhe disse que a sua escrita era pessimista: “Pessimista não! Realista!”.

E os cristãos, no meio destes graves problemas, como vão? Também fazem orelhas moucas aos apelos do Bispo de Roma? Os que se dizem cristãos não são arautos do bem-comum? E da paz? Não ouvem os gritos dos explorados e da natureza? Os que se dizem e vivem como o tal Jesus viveu, quando aparecem à luz do dia?

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