Independentemente de sermos mais ou menos vocacionados para a maternidade/paternidade, a divulgação destas estatísticas preocupam sempre (um pouco…) as pessoas.
As razões sociológicas e outras que justificam o menor nascimento de bebés nos dias de hoje em Portugal, é uma elencagem própria para os especialistas dessas áreas de estudo.
Sinto-me mais compelida a pensar no grau do bem estar dos adultos quando o fenómeno da relação com os pequeninos seres está comprometido. Vou mais pela ideia de que os bebés, para além de tudo mais, são a fonte riquíssima de experiência e equilíbrio emocional dos humanos, qual ferramenta valiosa para o (re)conhecimento e realização a vários níveis.
Poderíamos questionar a evolução humana quanto à sua capacidade de enternecimento e ao seu apelo/disponibilidade de cuidar de bebés. Enternecimento e desejo que não distinguem homens de mulheres.
As razões óbvias atuais dos não nascimentos, que todos conhecemos: a instabilidade económica, laboral e conjugal, não são as únicas razões. Que outras poderão existir e espelhar os seres que estamos ‘construindo’ actualmente?
A (maior) instrução e a inteligência apontam para a vontade geral de planear e controlar os factos que vão ocorrendo na vida de cada um de nós; ainda que saibamos que as nossas decisões ou indecisões nem sempre são respeitadas pelo desenrolar do enredo (in)esperado no dia a dia individual.
Inevitavelmente, vamos então percebendo, deliberada ou circunstancialmente, que o curso dos acontecimentos às vezes (muitas vezes) se impõe e somos mais observadores que palestrantes, embora igualmente presentes e interventivos.
Logo interpelamo-nos: seremos mais donos do nosso futuro quando resiliamos nas decisões que tomamos ou quando vamos dando espaço a nós próprios para um possível novo entendimento sobre aquilo que vamos vivenciando a cada dia e sobre o que nos vai sendo permitido alcançar?
Sim, não devemos desistir dos nossos sonhos. É uma máxima em que acreditamos, julgo que unanimemente. Vamos experimentando uns quantos bons resultados advenientes dessa poética convicção. Não fosse o sonho um ingrediente fundamental para a felicidade (possível) que (quase…) todos os seres pensantes anseiam.
Se não nascem mais bebés, independentemente das razões circunscritas ao momento presente e em particular no nosso país, estou certa que não é por falta do sonho humano ou da capacidade de amar um novo ser, em particular dos jovens adultos se interessarem pela experiência/responsabilidade da maternidade/paternidade.
Com bebés ou sem bebés, a verdade é que o ser humano precisa de amar para se amar e quando ama deve fazê-lo em condições mínimas para assegurar a sua realização pessoal, familiar e social.
Se for com bebés, melhor, mas com uma agenda que não esqueça um espaço/tempo para um amor mais parceiro.