Tivemos eleições das mais disputadas dos últimos tempos. Das mais renhidas e de desenlace pouco evidente face aos dados das sondagens. Das que mais curiosidade provocavam peça presença de novos intervenientes que aparentavam ter alguma qualidade. Até ao alvorecer do novo dia os resultados ainda estavam mal definidos.
Não pretendo com este meu comentário tomar uma qualquer posição partidária, mas verifico que parece que poderemos entrar numa legislatura que pode ir até ao fim – isto é, que pode durar quatro anos – um tempo para se fazer algo de mais estrutural dado que até parece que o obstáculo da epidemia da covid19 está a entrar em velocidade de cruzeiro.
Assim os problemas básicos da saúde, do ensino, das energias,. do diferencial entre o litoral e o interior quase ao abandono, da justiça e da luta contra a corrupção, as fugas sistemáticas ao fisco, dos transportes ferroviários e aéreos, etc. etc. terão tempo para serem devidamente equacionados e….resolvidos. E tudo isto – afinal a nossa vida do dia a dia – tem vários caminhos para serem postos ao serviço de todos com satisfação de todos.
Vai Havre tempo, mas haverá bons esquemas para as soluções? Haverá incentivos para as boas soluções? Haverá a preocupação do bem comum em vez da acumulação de riquezas a qualquer preço? Haverá bem evidente uma caminhada para uma sociedade fraterna e solidária que não seja cerceada pelos altos interesses dos poderes financeiros e especulativos?
É mesmo uma oportunidade evidente de vir a lume aquilo a que já se chama “a economia de Francisco”, isto é, uma economia baseada na solidariedade, na solução dos problemas candentes da pobreza, dos problemas da exploração dos trabalhadores ( e muitas vezes do tráfego de seres humanos),que acabe com a exploração desbragada dos bens da “mãe Terra” e que lute contra todos os desequilíbrios que nos estão a levar com verdadeira vertigem para um grave desastre ecológico. Estou sonhando? Não está no poder uma fação que se diz e chama socialista? E, sendo boa parte das nossas gentes que se dizem cristãs, por que se espera para entrarem numa vida ativa? Não diz o Papa Francisco que a política é uma das melhores formas da caridade? Não estamos, coincidindo com a nossa atual situação política, a entrar num regime de sinodalidade? Não se está fazendo apelo a que crentes e não crentes digam que querem viver como o tal Cristo viveu? Não está no ar a possibilidade de todos os homens de boa vontade a que há muito se têm dirigido as Encíclicas de vátios Papas – e que Francisco quere fazer passar de intenções a ações-? Porque esperam os cristãos para sair do anonimato e das meras celebrações litúrgicas ? Nós, os cristãos, temos de assumir que a nossa vida tem um verdadeiro objetivo: construir um mundo melhor .Até estamos em momento de viragem pois esperamos um bispo novo que deverá ser um momento propício para dar corpo à oportunidade que estas eleições proporcionam – construir uma sociedade nova!
Eu não sei se os nossos novos (?) dirigentes são crentes de algum poder religioso, mas sei que quem se rotula de socialista pensa no bem estar da sociedade. Ou não será assim?
Estaremos mesmo perante uma verdadeira oportunidade?
É um grito vindo dum coração que há muitas décadas luta por esse mundo melhor!!
