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Ventos de mudança?

Ventos de mudança?

Ventos de mudança?

, Médico
5 Maio 2021, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

Esta semana fomos surpreendidos favoravelmente por duas notícias pouco vulgares. Uma chegada de Roma e outra de bem próximo de nós – o Papa Francisco nomeia uma mulher para dirigir uma Assembleia importante na estrutura do Vaticano e o nosso Bispo de Setúbal coloca igualmente uma mulher a dirigir a Cúria Diocesana.

São certamente ventos de mudança contra uma verdadeira misoginia  de há séculos da nossa Igreja Católica. Uma tradição bem rígida que tem deixado bem “feridos” muitos teólogos que não encontravam razões doutrinais para negar á mulher o devido lugar nas estruturas eclesiais. Nas últimas décadas era uma atitude incompreensível  assistindo á presença da mulher em todo e qualquer lugar ocupado “eternamente” só por homens. Elas desde a política a profissões mais pesadas como por exemplo a de camionistas de pesados ou estivadoras aparecem com um desempenho perfeito. Era uma situação incompreensível constituindo o sexo feminino metade da população e – especialmente – desempenhando até junto de Jesus um papel essencial. Incompreensível sendo a frequência das nossas igrejas predominantemente feminina.

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Com a chegada a Roma dum bispo sul americano e que nas suas palavras e nas suas atitudes mostrava uma evidente intenção de trazer “ventos de mudança” á nossa Igreja. Com Ele tem-se desenhado uma verdadeira revolução – a que Ele chama da ternura. Com Ele põe-se em lugar de destaque o cuidado urgente com os maus tratos que infligimos à “mãe Terra”. Com Ele propõe-se uma Igreja “em saída”,uma Igreja “hospital de campanha” propondo com estas designações que os cristãos não podem estar confinados ás sacristias mas, sim, nas ruas , na sociedade junto dos pobres e dos excluídos da sociedade. Com Ele desenha-se uma verdadeira economia diferente pois esta que nos rege “é uma economia que mata” – Francisco não é brando nas palavras !!

O problema do acesso da mulher aos ministérios fala-se e discute-se sem receio de ser considerado herético, e por isso estas nomeações referidas são sinais importantes – a de Roma ,por confirmar os desejos do Papa e a segunda por romper com a quietude das Igrejas nacionais e locais onde parecia não chegar o necessário abalo da tal “revolução” que Francisco proclama.

A anquilose das nossas Igrejas – da hierarquia e dos fieis– tem “camada” dura que será bem difícil de quebrar. Uma Igreja hierárquica pouco habituada a colocar no centro o “povo de Deus” – fieis e sacerdotes – , uma Igreja em que os fieis são chamados de “leigos” (os que não sabem da matéria) e os seus pastores têm sempre a posição de privilégio, vai levar tempo a transformar-se, a democratizar-se.  Por isso estas nomeações me parecem sinais dos tais ventos de mudança. E como o nosso Bispo é o Presidente da Conferência Episcopal as suas decisões podem ainda ser um sinal de maior impacto.

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Temos dito neste cantinho de opinião que a pandemia deixando toda e qualquer “organização com fendas” é uma oportunidade para fazer mudanças radicais nas nossas estruturas organizacionais, incluindo a….nossa Igreja !  Todos temos na reconstrução das nossas estruturas ,todos temos de ser  atores e não meros espectadores .

E isto é igualmente válido para os que se dizem cristãos!

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