Aproxima-se a primavera e os bolbos ou as sementes transformam-se em caules verdes e em flores, a vida cresce em toda a sua maravilhosa pujança. As árvores tapam a sua nudez com folhagem abundante, os prados secos tornam-se verdejantes para gaudio dos animais famintos. E a beleza impõe-se nas flores que irradiam as suas mil cores. É mesmo a vida que mostra a sua face mais bela contribuindo assim para melhorar o nosso bem-estar tão atrofiado pelas nuvens negras, pelos dias chuvosos, pelas tempestades transformadas em inundações ou deslizamentos com o seu role de sofrimento e, quantas vezes, de morte. Bem-haja a Primavera que nos promete bem estar e a promessa de felicidade.
E começou, na liturgia da igreja, a quaresma a pedir aos seus fieis meditação, oração e penitência, ou seja, tempo para renovação, não só interior mas especialmente na nossa conduta para com os nossos próximos. E após estas transformações de pensamento, de conduta e de objetivos surgirá a páscoa, a festa maior da nossa igreja que celebra a ressurreição do Cristo, e com ela a nossa vitória sobre o mal, sobre a morte como corolário da nossa vida. Surgirá a páscoa que é a possibilidade uma vida nova, de homens novos capazes de renovar a sociedade em que vivemos a necessitar urgentemente de “florir” na beleza da fraternidade, da paz e da solidariedade.
E toda esta meditação para o tempo que vivemos e nos espera se torna mais premente nestes tempos de doença global provocada por um “coronavirus” certamente saído do seu meio próprio, do seu verdadeiro hospedeiro, pelas alterações, pelas verdadeiras agressões, que o homem provoca na nossa “mãe terra”.
É necessário que os homens, inebriados com o poder da sua inteligência que colocou precisamente nestes dias três sofisticadas máquinas em redor de marte a milhões e milhões de quilómetros de distância, tomem consciência de que estamos muito próximos dum momento de não retorno para a habitabilidade do nosso planeta.
É bom que os homens pensem que orientar a sua vida com os olhos postos no poder do dinheiro sem levar em conta as agressões que vai fazendo ao nosso planeta explorando-o até ao infinito as suas riquezas e provocando modificações drásticas na biodiversidade, alterando a composição da atmosfera que nos envolve sem olhar ás nefastas consequências que provoca.
A primavera que se aproxima e a quaresma em que entramos com as suas promessas de uma páscoa envolvida nas restrições provocadas pela pandemia, são verdadeiramente uma oportunidade de mudança de rumo, a necessidade duma verdadeira revolução a que o Papa Francisco chama “da ternura”. e com esta definição diz tudo.
