Setubalenses, salvemos o Vitória

Setubalenses, salvemos o Vitória

Setubalenses, salvemos o Vitória

28 Agosto 2020, Sexta-feira
Eugénio Fonseca - Presidente do Conselho Vitoriano

Gosto de futebol. Sou, visceralmente, contra as teias tenebrosas que tecem o futebol profissional. Sempre discordei da criação das SAD por, em muitos casos, ser perversa a relação destas com os seus clubes e com o Estado. Em Portugal, é um dos setores onde, impunemente, grassa a corrupção. Não compreendo a benevolência com que se aceita o pagamento de salários milionários aos profissionais do futebol.

Abomino os gastos supérfluos e escandalosos feitos por grande parte de profissionais ligados a modalidades desportivas, quando a maior parte da população mundial não consegue viver com o mínimo de dignidade. A dificuldade em reagir, publicamente, por parte de políticos, magistrados, líderes religiosos, fazedores de opinião, contra tanta imoralidade, é incontornável por ser batalha perdida. Como não há ninguém totalmente bom ou mau, também neste mundo desportivo nem toda a gente é, intrinsecamente, malcomportada ou isenta de pecados. Infelizmente, como acontece na sociedade em geral, atacam-se, com muita facilidade as culpas dos mais fracos e desculpam-se os crimes dos poderosos. É isso que está a acontecer ao Vitória Futebol Clube (VFC).

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Não gosto de justificar os meus erros com os dos outros. Prefiro seguir os bons exemplos. Todavia, não posso deixar de perguntar se será só o VFC que está em incumprimento com os compromissos devidos à Segurança Social e ao Fisco? Não conta, como fator atenuante dos incumprimentos, os esforços comprovados para a progressiva solvência de dívidas como é o caso, segundo me dizem, dos atuais dirigentes do Clube e da própria Câmara Municipal ao ceder património para ser rentabilizado a favor do pagamento de um determinado montante devido às finanças? Todos ficaríamos a ganhar se fosse feita uma auditoria externa e com garantias de total transparência à Liga Portuguesa de Futebol. Desafio os dirigentes de todos os clubes a exigirem isso à sua Liga.

Não sei se o VFC descerá à 3.ª Divisão do campeonato de futebol. Quando esta crónica for publicada já se saberá, por estar realizado o sorteio. Dizem-me juristas conhecedores da situação do clube sadino que, em tribunal, tudo se resolverá em favor do Vitória. Dada a incompreensível morosidade da Justiça em Portugal, essa decisão só chegará, no mínimo, daqui a alguns anos como aconteceu com outros clubes.

Saibam os setubalenses que a despromoção da modalidade do futebol do nosso Vitória acarreta um conjunto de consequências nefastas para o desenvolvimento integral e sustentável, pelo menos, do Concelho de Setúbal. Perde-se um dos símbolos mais significativos da identidade sadina. As modalidades amadoras, com muito prestígio, ligadas ao nosso clube desaparecerão. Centenas e centenas de crianças e jovens deixarão de ter acesso à prática do desporto, prejudicando a sua socialização e, para algumas, a melhoria da sua qualidade de vida. Perde-se um ponto focal de ocupação útil de tempos livres. Setúbal vai empobrecer.

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Caras cidadãs e caros cidadãos, mesmo os que têm o Vitória como segundo clube de sua estimação e quem não tenha nenhum, lutemos por salvar o VFC. É em ocasiões como esta que se vê quem ama a sua terra. Não fiquem indiferentes a quaisquer iniciativas que venham, salutarmente, a ser tomadas. Ao salvarem o nosso clube estão a contribuir para o progresso do nosso lindo e sempre promissor concelho de Setúbal.

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