Nos velhos temos o povo era uma parte da população que vivia miseravelmente ao serviço duma minoria que constituía a chamada nobreza – e assim foi séculos e séculos. Depois foi aparecendo uma classe “sem sangue azul” que foi acumulando com os seus serviços alguma independência económica – a burguesia. Esta foi acumulando riqueza e a chamada nobreza não teve outro remédio senão começar a partilhar o poder com ela. Mas o povo continuou a ser explorado , agora por duas classes. Na “Revolução Francesa” a nobreza levou um forte revez e o que poderemos chamar de “classe média” foi gozando dum estatuto mais importante. Mas deixemos estas divagações pretensiosamente de ciência social e observemos as sociedades nos nossos tempos mais próximos. E verificamos que as classes passaram a ser definidas pelas posses do capital – os ricos, os pobres explorados e os que trabalham no duro. Verifica-se que a nossa organização socio política tem levado ao aumento dos ricos …ao aumento dos pobres e, entre eles uma classe média que vai sendo exprimida de toda a maneira, mas que continua a ser importante na vida das sociedades. Foi-se organizando a política, lutou-se e conseguiu-se uma espécie de liberdade e de democracia mas que esta pretensiosamente considerada como a manifestação de todos, era verdadeiramente manipulada pelo capital que se apoderou de várias maneiras do trabalho e do poder político…e dos políticos! E assi temos vivido com o tal defeito de distribuição das riquezas que tem levado ao aumento dos ricos e … dos pobres!! Mas estas situações aguentadas durante épocas parece que estão a fazer acordar “o povo” – as classes médias (mais ilustradas!) e os pobres (mais conscientes do que lhe é devido pela sua dignidade de seres humanos). O POVO está acordando por todo o lado: Em Hong Kong vai num mês que se revolta para defender a sua liberdade, no Chile que sabe bem o que foi viver em ditadura, veio para a rua em protesto, com o pretexto do aumento dos transportes mas exigindo já uma melhoria global de vida, na Colombia, martirizada por antigas divisões, e na Argentina igualmente o povo veio ás centenas de milhares para a rua contestando o poder instituído, no Líbano e na martirizada Haiti de novo grandes conflitos resultam em manifestações igualmente violentas, Na Siria nem se fala pois interesses múltiplos martirizam uma zona em conflitos sangrentos com mortes e fugas dos civis (o povo simples), e nas grandes metrópoles como Londres o povo pronuncia-se a par das discussões dos políticos sobre o Brexit. E entre nós os cristãos vêm para a rua em marchas pacíficas em “defesa da vida” em várias cidades. E questiúnculas entre etnias são manipuladas por outros interesses de domínio de elites doutros países – e como consequência o povo é que sofre, mas protesta. E no Sínodo sobre a Amazónia. que terminou em Roma, os povos simples da Amazónia lutam – sob a égide do Papa Francisco- pela manutenção da sua cultura própria e pela sua dignidade de seres humanos, esmagados há muito pelos interesses dos comerciantes de madeiras, de minérios ou de pastos para bovinos, sem apoios de Bolsonaro. E em Barcelona há quase um mês que o povo vem também para a rua às centenas de milhar para lutarem pelo que pensam ser o desígnio da sua independência e contra o despotismo ( assim pensam) do Poder Central de Madrid._ . Ao fazermos este apanhado de manifestações por todo o mundo sentimos que o Povo está a tomar consciência que é ele mesmo “quem mais ordena” e assim deve ser considerado . E já que falámos no “Sínodo da Amazónia”, e do Vaticano, e do Papa Francisco, quando será que vemos o “Povo de Deus” lutar pela sua dignidade de seres humanos e podermos democratizar a vida da nossa Igreja, com “assembleias paroquiais”, com uma verdadeira “Assembleia Diocesana” a- juntamente com o seu Bispo e os seus pastores- pensar como deve a nossa Diocese centrar a sua ação nas periferias da sociedade e aí tentar mostrar o que é a Mensagem de Cristo? Não sabemos – os que nos dizemos cristãos – qual é “a nossa Verdade e o nosso Caminho”? Não temos em nós “Aquele que nos dá força?”. Pensemos na Mensagem e no Amor que é o próprio Deus!