Tomada de posse marcada por votação surpreendente. Não houve um socialista a votar na lista proposta pelo próprio partido
Elementos da bancada do PS viabilizaram esta noite a presidência da Mesa da Assembleia da União das Freguesias de Baixa da Banheira e Vale da Amoreira ao partido Chega, que havia sido a terceira força política mais votada nas eleições do passado dia 12.
CDU, força mais votada nestas autárquicas para o órgão, logo seguida de PS e Chega haviam conquistado, cada, seis mandatos. E o PSD havia conseguido um.
Face a esta correlação de forças, CDU, PS e Chega apresentaram hoje listas para a Mesa da Assembleia da União das Freguesias. Numa primeira votação, as listas propostas por cada uma destas forças políticas foram chumbadas.
Mas, na segunda votação, a lista do Chega acabou por ser eleita com 9 votos, já que a lista da CDU obteve sete e a lista do PS zero votos, registando-se ainda três votos em branco. O que significa que elementos da bancada do PS terão votado na lista do Chega, ao contrário daquela que era a recomendação do partido a nível nacional.
Já o executivo da Junta da União das Freguesias de Baixa da Banheira e Vale da Amoreira ficou entregue à CDU, com um total de 15 votos.
O SETUBALENSE contactou Carlos Albino, presidente da concelhia da Moita do PS, que considera a situação “demasiado grave”.
“Isto é demasiado grave e deverá ter as devidas consequências. O secretariado da Comissão Política Concelhia irá reunir-se amanhã [esta terça-feira] de urgência para avaliar a situação, que não se coaduna com a determinação do PS nacional”, disse o socialista. “As forças políticas mais votadas devem ter condições para poder governar e foi isso que a concelhia transmitiu a todos os eleitos do partido para os diferentes órgãos autárquicos”, adiantou Carlos Albino, que se escusou a avançar mais pormenores.
O SETUBALENSE contactou ainda André Pinotes Batista, presidente da Federação Distrital de Setúbal do PS, que, para já, não quis comentar a situação.
Já esta tarde, Luís Cerqueira, que preside à Secção da Baixa da Banheira do PS, defendeu que existiu “um mau entendimento das listas” por parte dos eleitos. “Aconteceu algo muito estranho, que não se consegue perceber. As pessoas não compreenderam as listas. Foi uma trapalhada brutal”, argumentou o líder da secção socialista.
O SETUBALENSE tentou ainda obter a reação de Bárbara Dias, líder da bancada do PS na Assembleia da União das Freguesias de Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, através de contacto telefónico e de mensagem, mas até ao momento sem sucesso.