O novo aeroporto em Alcochete, a Terceira Travessia do Tejo, a extensão do Metro Sul do Tejo e a NUTS II Península de Setúbal foram alguns dos temas mais focados durante todo o dia
Os novos projectos para o Arco Ribeirinho Sul e a recente nomenclatura da região como NUTS II deixam esperança a todos de que a Península de Setúbal ganhe cada vez mais forças para se destacar a nível nacional.
Esta foi uma das principais conclusões da conferência “Desenvolvimento do Arco Ribeirinho Sul – A estratégia e os desafios” que decorreu esta sexta-feira no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na zona da Baixa da Banheira, na Moita.
Na sessão de abertura o presidente da Câmara Municipal da Moita apelou à união dos autarcas dos nove municípios deste território, por forma a que a região possa vingar.
“É necessário que haja uma efectiva estratégia de desenvolvimento para os municípios da Península de Setúbal. De uma vez por todas sejamos capazes, embora não exista rio que nos separe, de criar todas as pontes que sejam necessárias para convergirmos em direcção ao desenvolvimento. Um desenvolvimento que traga mais qualidade de vida para as nossas populações”.
Carlos Albino focou, entre outros aspectos, o desenvolvimento do transporte público. “Não há desenvolvimento da nossa querida península e dos nossos amados territórios se não houver uma visão que permita o desenvolvimento sustentável do nosso transporte público e das vias de comunicação”.
Já Luís Realista, da direcção da Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET), identificou a recente nomenclatura da NUTS II como uma mais-valia para a captação de investimento e aproveitamento de fundos europeus.
“Estamos muito gratos a quem nos ouviu em boa hora para constituirmos uma diferenciação ao nível desta área económica – a tal NUTS II que conseguimos há cerca de dois anos com o apoio e interesse político efectivo de quem tinha os destinos na ocasião. Depois de tanto tempo conseguimos esse marco importante que é termos uma classificação económica diferenciada que nos permite chegar a pacotes de financiamento, não só para a área do investimento industrial, mas no incremento das competências sociais e da sustentabilidade social que esta região merece ter”.
Nuno Bento identificou a Autoeuropa como “o maior projecto industrial em Portugal” afirmando que este é um projecto “que teve mais fundos europeus e aquele que consegue ter uma influência directa e enérgica em todos os municípios à volta”. O representante da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) entende que este é o “tipo de investimento, com grande potencial e impacto que temos de priorizar” e na sua intervenção não deixou de destacar as novas infra-estruturas planeadas para a região.
“Há um ano fizemos uma monitorização de projectos de impacto e apanhámos 10 projectos industriais acima de 100 milhões de euros na Península de Setúbal – e só metade deles é que tinham fundos europeus. Temos um contrato de expansão de infra-estruturas públicas com o aeroporto, a alta velocidade, a plataforma logística do Poceirão, provavelmente um novo mercado abastecedor e a extensão do metro ligeiro a sustentar a ideia sólida de um Arco Ribeirinho Sul, temos os dois lados finalmente a avançar para uma ideia de região coesa e capitalizando a identidade própria”.
A conferência, organizada pelo Jornal O SETUBALENSE e a AISET com apoios da Câmara da Moita, da Rádio Popular FM e da Escola Técnica e Profissional da Moita, decorreu durante todo o dia.
Novos projectos na Moita para pôr o concelho a mexer
Carlos Albino revelou que estão a ser investidos no concelho mais de 100 milhões de euros, um financiamento que vai criar “mais de 750 postos de trabalho directos”, tanto em projectos que já estão instalados no concelho como outros que estão ainda a ser desenvolvidos.
Capinha Lopes, da Capinha Lopes Consulting – Gestão e Administração de Projectos, apresentou um caso que caminha para ser um sucesso. A empresa está a desenvolver, na zona da Quinta da Fonte da Prata, na Moita, um complexo de moradias num investimento que chega aos 500 milhões de euros.
Sobre este assunto o autarca moitense afirmou que este é um dos frutos retirados do “trabalho de atrair investimento para aquela zona do concelho”.
Enzo Guidez, da Mitiska REIM, falou concretamente sobre o retail park que a empresa está a projectar construir na vila da Moita. Este será aproximadamente um investimento de 70 milhões de euros.

INVESTIMENTOS | Autarcas consideram que é tempo de agir
Durante todo o dia várias foram as entidades e responsáveis pelas autarquias que tiveram a oportunidade de olhar globalmente para a região e traçar um retracto não só da história, como definir as linhas orientadoras para o futuro.
“Ao longo deste encontro tivemos a oportunidade de reflectir, debater e partilhar visões sobre um território com um grande potencial e relevância estratégica para o futuro da região. Foram apresentados temas fundamentais como a requalificação urbana, a sustentabilidade ambiental, o desenvolvimento económico e a valorização do património natural e cultural”, considerou Sara Silva, vice-presidente da Câmara Municipal da Moita.
Na sessão de encerramento Frederico Rosa deixou alguns concelhos para os colegas autarcas. “Vamos ter de nos abandonar a todos daquilo que é o pequeno poder. Este vai ser um momento que vai ser completamente transformador de todo o Arco Ribeirinho Sul. Não podemos nunca abrandar a exigência. Nesta região já ansiamos há demasiados anos por uma ponte”.
O presidente da Câmara Municipal do Barreiro referiu que este é o tempo de agir e que as oportunidades de investimento têm de ser aproveitadas. “Este projecto vai ter a capacidade de alavancar a nossa região de forma positiva, mas pode ter a capacidade de minar também se não houver um planeamento bom para esta região com todos os problemas que daí advêm”.