Quem procura acupuntura não vem à procura do que a medicina convencional oferece. Para isso, há outros lugares
Mesmo quem já experimentou acupuntura muitas vezes não compreende ao certo o que acontece durante um tratamento. E esta explicação é essencial, pois, mais do que aliviar sintomas, a acupuntura tradicional ajuda o corpo a reencontrar o seu equilíbrio.
Baseada numa prática milenar da Medicina Tradicional Chinesa, a acupuntura parte da ideia de que o corpo humano possui uma energia vital que circula por canais chamados meridianos. Esta energia está diretamente ligada ao bom funcionamento dos órgãos. Quando flui de forma harmoniosa, há saúde; quando se bloqueia ou desequilibra, surgem sintomas: dores, desconfortos, fadiga, ansiedade, insónias, problemas digestivos, entre outros.
O tratamento consiste em duas ações principais: mover e equilibrar a energia. Se houver dor física, como uma dor ciática, o foco está em desbloquear o fluxo energético. Já em condições como depressão ou ansiedade, o objetivo é equilibrar o Yin e o Yang — os dois pilares fundamentais da Medicina Tradicional Chinesa. O Yin representa o frio, a quietude e o recolhimento, enquanto o Yang simboliza o calor, o movimento e a expansão. Estas forças são opostas, mas complementares, existindo em constante interdependência. Quando uma se desequilibra, afeta a outra. A acupuntura visa restaurar esta proporção saudável entre ambas e, quando o equilíbrio é alcançado, os sintomas tendem a desaparecer.
Os instrumentos usados no tratamento são variados: agulhas finas, ventosas, calor (moxa), eletroacupuntura, massagem Tui Na ou pressão com os dedos. Os resultados surgem com a repetição — o número de sessões necessárias varia, mas espera-se que, até à quinta, já se notem melhorias claras. Caso contrário, poderá não ser a abordagem mais indicada. A fitoterapia também desempenha um papel importante, complementando o tratamento e aumentando a sua eficácia, além de reduzir a sua duração.
Na Medicina Tradicional Chinesa, a doença não é descrita nos mesmos termos da medicina convencional. Em vez de lombalgia, cefaleia ou ansiedade, fala-se, por exemplo, em Deficiência de Yang do Rim, Estagnação de Qi do Fígado ou Deficiência de Yin do Coração. O diagnóstico é feito de forma integrada: observa-se a língua, analisa-se o pulso, palpa-se o abdómen e avaliam-se os sintomas relatados. A atenção vai para todo o funcionamento do organismo — digestão, sono, emoções, hábitos, dores, sensações de frio ou calor, funcionamento intestinal e urinário, visão, audição, entre outros.
Como se percebe, a acupuntura oferece um olhar diferente da medicina convencional. No entanto, vale destacar que, se o diagnóstico revelar uma condição que exija intervenção médica mais específica ou urgente, o paciente será orientado a procurar as urgências ou um especialista em Medicina Convencional. Nestes casos, a acupuntura pode ser utilizada como tratamento complementar, auxiliando no alívio dos sintomas, numa recuperação mais rápida ou na melhoria da qualidade de vida durante o tratamento convencional.