Papa Francisco: um “viva” para a poesia (1)

Papa Francisco: um “viva” para a poesia (1)

Papa Francisco: um “viva” para a poesia (1)

, Professor
30 Abril 2025, Quarta-feira
Professor

“Caro irmão, viva a poesia! Fico feliz que tenha reunido os textos que escrevi ao longo dos anos sobre a importância da poesia. Gostaria que a poesia ocupasse um papel importante nas nossas universidades! Precisamos de recuperar o gosto pela literatura nas nossas vidas, mas também na nossa educação, caso contrário seremos como um fruto seco. A poesia ajuda-nos a sermos humanos, e hoje precisamos muito dela.” A mensagem, datada da Casa de Santa Marta em 20 de Janeiro de 2025, tem a assinatura do Papa Francisco (Jorge Mario Begoglio, 1936-2025) e é dirigida ao jesuíta Antonio Spadaro (n. 1966), que a reproduziu na abertura do livro “Viva la Poesia!” (Milano: Edizioni Ares), recolha de textos do Papa argentino produzidos entre Agosto de 2013 e Novembro de 2024.

No capítulo introdutório, assinado pelo organizador da antologia, a atenção do leitor vai sendo encaminhada para algumas das traves-mestras que suportam o pensamento de Francisco, texto significativamente intitulado “A vida sem poesia não funciona”.

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Spadaro apresenta-nos o percurso de leitor e de pensador do Papa a partir de um princípio que estabelece ligação com a poesia — “Bergoglio sabe que a falta de imaginação é um sério problema para a fé.” Esta afirmação surge como eco de uma quase confissão deixada pelo Papa num discurso para a revista “La Civiltà Cattolica”, em Fevereiro de 2017, quando afirmou que continuava a ler poesia sempre que lhe era possível, pois “a poesia é cheia de metáforas” e compreendê-las “torna o pensamento ágil, intuitivo, flexível e preciso”, ideia que completava com uma chave que alimentou muitas das suas intervenções e que marcou muitos dos que o admiram: “Quem tem imaginação não se torna rígido, tem sentido de humor, goza sempre da doçura da misericórdia e da liberdade interior.”

Fica patente o papel atribuído à manifestação artística, aqui representado pela poesia: o de ser indispensável para a peregrinação humana que decorre numa vida, aspecto demasiado importante, porquanto, diz Spadaro, “a leitura de romances e de poesia não é um simples passatempo, mas um meio para explorar as profundezas da alma humana e para cada um se compreender melhor a si próprio e aos outros”.

A fechar esta apresentação, o organizador refere uma constante nas intervenções de Francisco — “larga referência à poesia e à literatura nos seus discursos e nos documentos que legou, ora citando um verso, ora um autor ou o título de uma obra”. Para o confirmar, todos nos lembramos dos seus discursos na Jornada Mundial da Juventude de 2023, como no de 2 de Agosto, no encontro no Centro Cultural de Belém, perante o corpo diplomático, em que citou Camões, Sophia de Mello Breyner, Fernando Pessoa e José Saramago, ou, ainda no mesmo dia, no encontro com o clero e agentes da pastoral, nos Jerónimos, invocando o padre António Vieira e Fernando Pessoa, ou, no dia seguinte, quando se encontrou com jovens universitários e convocou para a sua mensagem os nomes de Pessoa, Sophia e Almada Negreiros…

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