Agitou-se o mundo! Em todos os cantos não se falava de outra coisa, nem se fala de outra coisa, era um homem bom. Era um homem que só pensava nos processos de entreajuda a toda a gente que tivesse necessidades e que tivesse pedindo alguma ajuda na sua vida, no seu dia a dia.
Não me lembra de alguma vez ter havido uma repercussão tão vasta, tão ampla e tão constante sobre uma pessoa como o Papa Francisco. Desde paragens longínquas onde ia, até aos comentadores no próprio dia em que assistimos à organização do seu funeral. No entanto há um pormenor que acho extraordinariamente importante, não ouvi ninguém, absolutamente ninguém, falar do sínodo que fracassou. Não ouvi ninguém falar do resultado zero dessa reunião, organizada pelo Papa Francisco com minúcia. Recebemos todos os pormenores dos assuntos que deviam ser debatidos, vários tipos de respostas e tudo isto foi enviado para o mundo inteiro. Nessa reunião extraordinária juntaram-se, portanto, umas muitas centenas de pessoas, já com sinais de uma abertura fora do vulgar, já havia mulheres em lugares de destaque, já havia mudanças substanciais na vida da Igreja. Estiveram durante 5 anos, centenas de pessoas reunidas, discutindo em mesas redondas, problemas que o Papa Francisco, achava que havia necessidade de modificar.
Ao fim de 5 anos de reuniões, concluíram zero. Esse Sínodo foi fracasso. Durante as transmissões que estivemos ouvindo durante estes 3 ou 4 últimos dias em que só se falava do nosso Papa Francisco da sua bondade, do seu sorriso, da maneira como ele acariciava as crianças, as pessoas, os velhinhos. A sua preocupação de que o Bem é que é fundamental. Tudo isso foi posto em destaque e muito bem. E muito bem. Estive várias horas diante da televisão. A ouvir as pessoas que iam intervindo, estive a apreciar todo aquele cerimonial, com muitos anos de tradição do Vaticano. Aquela concentração de Cardeais que já se estão juntando para a eleição, que será feita daqui a uns 15 dias. Mas ocorre-me permanentemente esta pergunta, ninguém falou do fracasso da reunião minuciosamente organizada por Francisco.
Enviou, eu tive minha mão, documentos em que estavam descritos determinado tipo de problemas que deviam ser discutidos, em alguns casos se sugeriam soluções. Isso foi distribuído pelo mundo inteiro. Foi distribuído por todas as Nações, foi distribuído e deveria ter sido discutido em todas as sociedades, em todas as paróquias. E, afinal de contas, o resultado desse sínodo, foi zero. Concluíram que a Igreja tinha problemas. Bela conclusão ao fim de 5 anos de discussões de manhã à noite, de mesas-redondas, com homens, mulheres, bispos, sacerdotes, pessoas que se prepararam para essa reunião. É altura de voltar a perguntar? Esqueceram-se todos dessa organização minuciosa da qual se pode deduzir tudo aquilo que o nosso Papa queria transformar na nossa igreja? Ó incompreensão! Digo eu para mim. É incompreensível para qualquer pessoa que se recorda dos documentos enviados na preparação dessa reunião magna.
Não posso deixar de assinalar este facto. Esta Ignorância ou este silêncio? É evidente que tudo aquilo que foi apontado ao nosso Papa Francisco e tudo aquilo que foi dito de positivo sobre ele, está correto. Não, não tenho nada contra isso. Simplesmente o facto de se ter esquecido dessa reunião fracassada, minuciosamente preparada pelo Papa. Significa que a Igreja, a Igreja organização, oferece uma resistência tremenda à mudança. Não sei se na realidade é possível ou não transformar uma organização que tem centenas e centenas de anos. E que encerra em si uma forma de poder? E, parece-me que aí está o grande obstáculo.
Será possível que a Igreja possa mudar?