Dentro de três dias, se a memória de quase centenário não me não atraiçoa, passam oito anos sobre o falecimento do nosso primeiro bispo, D. Manuel Martins, que chegou a ser apelidado de “Bispo Vermelho” em virtude da sua constante preocupação com os problemas sociais na sua diocese onde dominava o desemprego, a pobreza e, porque não dizê-lo, a fome. É necessário recordá-lo agora que vamos entrar no cinquentenário da nossa diocese.
Alem disso, começará em breve a parte final do concilio iniciado há anos pelo atual Papa Francisco com o objetivo duma mudança radical da estrutura da nossa Igreja: passar o centro da nossa Igreja do clero para o “povo de Deus”.
Nesta fase final do concilio, recordemos Manuel Martins que iniciou a sua atividade como bispo tentando pôr de pé uma assembleia diocesana formada por representantes das freguesias devidamente eleitos. Curioso é que tal iniciativa terminou ao fim de dois anos por pressão da Conferencia Episcopal Portuguesa (CEP) e pela oposição surda da maior parte do clero – algo semelhante ao pouco entusiamo que vamos notando presentemente com as transformações da vida eclesial “forçadas” pelo Papa Francisco.
A resistência mais ou menos ativa do nosso clero às mudanças radicais de Francisco (pelo menos em Portugal) faz nos lembrar precisamente o que se passou com o nosso primeiro bispo.
A Igreja continua, presentemente, “agarrada” a preconceitos desatualizados e impróprios dum mundo moderno. A recordação de Manuel Martins, da sua maneira de ser, dos seus conceitos, torna presente no nosso pensamento a dificuldade que observamos numa atualização da vida eclesial.
Presentemente, a Diocese de Setúbal é orientada pelo cardeal mais novo existente na Igreja. Será que este facto facilitará a necessária mudança na nossa diocese? Ou, pelo contrário, aumentará