28 Agosto 2024, Quarta-feira

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É urgente pedir perdão!

É urgente pedir perdão!

É urgente pedir perdão!

, Médico
28 Agosto 2024, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

Ao escrever este título neste artigo tenho quase a certeza de que os meus fiéis leitores pensaram de imediato no já tão falado, até ao exagero, tema dos abusos sexuais praticados por esse mundo fora por sacerdotes ou outras pessoas ligadas à igreja. Já lá vão uns anitos que esse escândalo “rebentou” e ocupou os nossos órgãos de informação.

E foi assunto tratado com sérios ares de escândalo esquecendo-se que tais abusos sexuais não eram assunto exclusivo dos dignatários da Igreja pois tais abusos eram até muito mais frequentes no seio das famílias e dos amigos de família. O sexo foi sempre tema que tinha de ser tratado com pinças! Recordo-me que depois do 25 de Abril, numa das nossas escolas da cidade, as professoras de ciências naturais pensaram em dar aulas sobre o tema e – cuidadosamente – fizeram uma consulta aos pais dos meninos e das meninas, tendo tido uma reacção “alarmante “de teor essencialmente negativo.  As professoras convocaram os “paizinhos” para uma espécie de assembleia para a discussão do assunto e pediram-me para, como médico, falar sobre a sexualidade.  Assim se fez, e o resultado dessa assembleia foi que era necessário antes de falar de sexo aos meninos  fazer um curso sobre o tema para os papás e mamãs  – o que ficou a meu cargo. Esta história com 40 anos, serve para demonstrar como o tema sexo era, há uns 50 anos, um tema melindroso. Não só falar de sexo, mas tudo o que com ele se relacionava: orientação sexual, mudança de sexo, transsexuais, lésbicas, etc.

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É neste ambiente, em que a Igreja tem responsabilidade, obrigando ao celibato dos sacerdotes e ligando o sexo a muitos e variados pecados, que “rebenta” o escândalo dos abusos sexuais entre as gentes da Igreja, padres, bispos e até cardeais. O tema atinge tais proporções que as hierarquias se vêm obrigadas a tomar posição, evidentemente condenatória. Nomeiam-se comissões de peritos, fazem-se inquéritos, convidam-se os lesados a darem sinal de vida apresentando as suas queixas, os factos foram quase todos há anos (o que não invalida o trauma, não apaga o “crime”). Começam a surgir os pedidos colectivos de perdão dos membros da Igreja. Esse assunto está exageradamente debatido e resolvido (ou em vias de solução total). Desenganem-se, pois, não venho trazer esse assunto de novo para o primeiro plano. Venho falar de outro assunto para o qual também a Igreja tem uma quota parte de responsabilidade. Venho fazer um apelo para uma necessidade urgente.

                                                 Pedir perdão às mulheres

Nos primórdios da Igreja é a mulher que leva Adão a comer a maçã do pecado. Maria, a jovem judia que Deus escolheu par para se tornar presente no mundo e ensinar como se devia viver espalhando amor e ajudando os pobres, doentes e abandonados, fez com que o conceito de virgindade e de pureza se confundisse com o problema anatómico – conceito que tantos traumas e problemas graves pessoais e sociais, tantos sofrimentos caíssem sobre muitas jovens. E na Igreja se proíbem os sacerdotes de casarem e as mulheres são afastadas dos altares.

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E se os apóstolos se esconderam durante o julgamento de Jesus, Maria, sua mãe e Maria Madalena nunca O abandonaram, com o privilégio de ser Maria Madalena a anunciar que Jesus tinha ressuscitado. Esquecemo-nos que o chamado “dia do trabalhador” nasceu duma revolta de operárias que reagiram à exploração de que eram vítimas. Mais uma vez os homens se apoderam de um facto que teve origem com as mulheres.  Certamente porque ao admitir uma mulher para um trabalho muitas vezes se conta com a ausência duma gravidez. Hoje, em que se proclama a igualdade de todo o ser vivo perante as leis (deixemos de lado por agora a selvajaria dos talibãs), tem sido estabelecido “por lei” que se deve ter no trabalho uma proporção de mulheres – elas que desempenham todos os trabalhos – e bem! –  todos os cargos, desde Presidentes da República, a ministras ou pivots de laboratórios para o desenvolvimento científico, polícias e militares e até motoristas de veículos pesados. Temos hoje mulheres em qualquer lugar, em pé de igualdade com os homens, mas ganhando menos que eles! Não quero por nos braços da balança o amor e carinho das mães, porque “um filho é “fabricado” pelo amor dos pais (pai e mãe), mas mãe é sempre mãe.

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