A Juventude “à rasca”

A Juventude “à rasca”

A Juventude “à rasca”

, Médico
20 Março 2019, Quarta-feira
Mário Moura -
Mário Moura –
Médico

 

Há uns anos a juventude escolar, numa manifestação de repúdio já não me lembro de quê, dizia que estava “á rasca” e tal designação nunca mais se perdeu. Ora há uns dias , em centenas de cidades por esse mundo fora , os jovens estudantes fizeram greve às aulas e vieram, aos milhares , para as ruas afirmar algo que muitos cientistas e alguns políticos andam gritando igualmente sem obterem grandes resultados. Gritavam que o nosso planeta estava mesmo gravemente ameaçado de se tornar inabitável por causa do aquecimento global que lentamente vai provocando mudanças climáticas que, por sua vez provocam grandes calamidades com destruições e mortes – inundações, furacões, tornados, irregularidades nas estações do ano. Mesmo no nosso país começamos a sentir esses efeitos, felizmente ainda duma maneira moderada.

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A realidade é que essas alterações da temperatura trazem consigo alterações nas culturas e nas doenças. Trazem consigo um degelo acelerado das massas geladas dos polos, mais água que faz subir o nível do mar que assim vai corroendo a orla dos continentes. Trazem consigo grandes deslocações de terras soterrando casas e pessoas, provocando longos períodos de secas ou pelo contrário grandes inundações que tudo levam na sua frente. Ora tudo isto é devido à ação do homem no seu afã de produzir para vender para enriquecer uns tantos e deixando uma multidão com fome e sede.

Nas últimas décadas a situação era tão grave e evidente que fez com que os governantes se reunissem, ouvissem os peritos, e fizessem declarações de intenção para combater esse aquecimento provocado pela industrialização, pelos meios de transporte – automóveis e aviões – pelos gazes que vomitam para o ar as chaminés das grandes fábricas, pela diminuição das zonas verdes, pelos gazes utilizados para refrigerar, e pelo desgaste sem lei de riquezas existentes na solo do nosso planeta. Só que tudo fica pelas intenções sendo os compromissos esquecidos. O assunto é tão grave que até o atual Papa Francisco, uma voz muito ouvida por crentes e não crentes, publicou uma Enciclica dedicada à gravidade destes problemas ecológicos que ameaçam a “mãe Terra”.

Ora , a juventude de todo o mundo, há dias fez uma greve às aulas e vieram para as ruas gritando bem alto  que “não há plano B” para solucionar esta grave ameaça à habitabilidade do nosso planeta. Talvez esta juventude “à rasca” , tomando consciência de que o seu futuro está muito comprometido consiga levar os políticos a tomarem igualmente medidas para a solução do problema. É difícil porque o capital que manda verdadeiramente no mundo não abdica dos seus lucros nem permite que os governos mudem o sistema em que vivemos e que eles controlam. Este despertar da juventude para a gravidade do problema, para a consciência de terem o seu futuro comprometido, não pode ficar-se por uma manifestação de rua, torna-se necessário que continuem lutando contra a “globalização da indiferença”. É necessário que não se calem e tornem os seus protestos um acicate sobre quem governa o mundo e, especialmente, sobre quem realmente mantem vivo este sistema em que vivemos e tem de ser mudado – os detentores do capital. A este perigo real junta-se o rápido desenvolvimento do poder da tecnologia que desumaniza a vida em todos os setores – referimo-nos á robotização, á inteligência artificial, á microtecnologia, etc.

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Estamos nas mãos da nossa juventude que parece ter acordado!

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