Edição deste ano conta com músicos nacionais e internacionais reconhecidos e estreia mundial de obra dedicada a Natália Correia
Os valores do 25 de Abril inspiram a edição deste ano do Festival de Música dos Capuchos (FMC). De 29 de Maio a 21 de Junho, a quarta edição, após a interrupção de 20 anos entre 2001 e 2020, vai assim inspirar-se nas ideias de liberdade ao longo da História da Música.
“Seguindo o conceito identitário do Festival dos Capuchos, percorreremos um arco de cinco séculos de criação musical, da Renascença à música contemporânea, com a liberdade como denominador comum”, disse o pianista Filipe Pinto-Ribeiro, director artístico do FMC, que assumiu a direcção artística do mesmo em 2021.
Além dos concertos com orquestras e músicos de renome mundial, o programa contempla um ciclo de conversas literárias dedicadas a Kafka, Sebastião da Gama e Camões, bem como actividades de formação e sensibilização, como masterclasses de instrumentos de cordas, palestras pré-concerto, uma caminhada na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, onde está o Convento dos Capuchos, e uma visita ao seu património cultural.
Com os concertos a terem início às 21h00, o FMC vai receber actuações em estreia no nosso país de três agrupamentos da vanguarda musical europeia: a Orquestra Sinfónica de Paris “Consuelo”, que abrirá o FMC com obras de Beethoven, no Teatro Municipal Joaquim Benite; o Paganini Ensemble de Viena e a Orquestra de Câmara de Berlim “Metamorphosen”.
Entre os grandes solistas internacionais, vai estar a lendária pianista Elisabeth Leonskaja, que oferece um recital no Convento dos Capuchos, a 1 de Junho, a violinista alemã Carolin Widmann, o violoncelista suíço Christian Poltéra e o jovem pianista ucraniano Roman Fediurko, vencedor do prestigiado Concurso Internacional Horowitz no ano passado e que vai interpretar obras de Chopin neste que será o seu concerto de estreia em Portugal.
A presença nacional terá agrupamentos de referência, entre os quais o Schostakovich Ensemble e o ensemble renascentista Arte Minima, e de músicos como o pianista Júlio Resende com o seu Fado Jazz Ensemble – que vai apresentar o último álbum Filhos da Revolução, a 14 de Junho, no Auditório Fernando Lopes-Graça –, o maestro Martim Sousa Tavares e a violetista Sofia Silva Sousa, entre muitos outros.
Na composição, o destaque vai para obras de Beethoven, Mozart, Haydn, Schubert, Chopin, Paganini e Schostakovich, também para obras de compositores renascentistas, como o português Pedro de Cristo e a ópera de Philip Glass “Na Colónia Penal”, a partir do conto homónimo de Franz Kafka, a 2 de Junho no Teatro Joaquim Benite, traçando um paralelo com a Colónia Penal do Tarrafal.
A edição deste ano será ainda marcada pela estreia mundial de uma nova obra, dedicada a Natália Correia e ao 25 de Abril, da autoria da premiada compositora portuguesa, residente em Nova Iorque, Andreia Pinto Correia.
De realçar ainda o concerto de homenagem póstuma a António Mega Ferreira, um dos maiores vultos da cultura e do pensamento portugueses do pós-25 de Abril, que conta com uma antologia de textos seleccionados especialmente para esta ocasião, por um grupo de personalidades que acompanharam a sua vida e obra, como Marcelo Rebelo de Sousa, Simonetta Luz Afonso, Guilherme d’Oliveira Martins, João Paulo Velez, Margarida Pinto Correia, José Manuel dos Santos, Patrícia Reis, José Carlos de Vasconcelos e Inês de Medeiros, entre outros.
Este ano o ciclo das Conversas dos Capuchos, com curadoria e moderação de Carlos Vaz Marques, será dedicado a três efemérides literárias de 2024 – o centenário da morte de Franz Kafka, o centenário do nascimento de Sebastião da Gama e os 500 anos de Luís Vaz de Camões, e terá como convidados Alberto Manguel, José Carlos Seabra Pereira, Maria Bochichio, Nuno Amado, José Gardeazabal e Viriato Soromenho-Marques.
Com Lusa
