“É um exercício complexo imaginar outra actividade que tenha resistido à passagem do tempo como este diário”
Permitam-me começar pelo mais importante: uma grande saudação de parabéns ao Jornal O SETUBALENSE pelos seus 169 anos de história.
É um exercício complexo imaginar outra atividade que tenha resistido à passagem do tempo como este diário, que veio de um período de monarquia, ultrapassou um período de ditadura (e de censura!) e que hoje, com todos os desafios que a era digital colocou à imprensa escrita, se tenha adaptado tão bem e que continue a informar numa área de abrangência tão significativa que chega, por exemplo, a Odemira.
Esta estoicidade personifica, de forma ímpar, a importância do jornalismo para as nossas democracias. Quando livre de qualquer agenda, é o garante intrépido do apuramento dos factos. Dá as notícias do dia, apresenta as investigações mais rigorosas, conta histórias, cobre eventos e assinala feitos. É a fonte de informação do povo e, paradoxalmente, a voz popular, a última barreira perante as desigualdades, a desinformação e os populismos.
Como eleito local, não tenho quaisquer dúvidas do papel determinante que o jornalismo ocupa na preservação da transparência e na aproximação daquilo que são as vontades dos políticos e as expectativas dos eleitores. Sendo uma publicação regional, diria também que O SETUBALENSE tem ainda uma responsabilidade acrescida. Os desígnios dos media com amplitude nacional não são necessariamente os mesmos dos regionais, forçosamente mais próximos, dotados de pessoalidade e sobretudo empenhados na valorização dos próprios territórios.
Esta representatividade também constrói a nossa democracia e está espelhada um pouco por todo o país, seja qual for o meio de comunicação de difusão local, dos jornais, às rádios, às televisões amadoras.
Por tudo isto, resta-me reforçar a saudação de parabéns a O SETUBALENSE pelo seu aniversário e agradecer pelo trabalho que tem desenvolvido em prol da promoção do território abaixo do Tejo.
Uma palavra de parabéns também à bela cidade de Setúbal, terra de gente do mar e da pesca, como o nosso litoral alentejano, a mãe e a casa do jornal mais antigo de Portugal.