Socialistas acusam câmara de esquecer os “filhos da terra” com a venda de terrenos que autarquia diz não conseguir infra-estruturar
“Mais uma vez, o executivo CDU prefere entregar de bandeja a um qualquer especulador imobiliário o pouco património de que dispõe, em vez de o colocar ao serviço das necessidades das populações”. São estas as considerações feitas pelos vereadores eleitos pelo Partido Socialista (PS) na Câmara Municipal de Alcácer do Sal depois da aprovação da venda em hasta pública de 67 lotes de loteamento municipal em Santa Catarina dos Sítimos.
A proposta foi hoje discutida em reunião pública da Câmara Municipal de Alcácer do Sal (CMAS) e o clima aqueceu no que foi o debate político entre os vereadores da CDU e os eleitos do PS.
Segundo a informação da CMAS os lotes em questão “apesar de consolidados e autonomizados juridicamente, não se encontram infra-estruturados”. “O município não dispõe de meios para executar a curto ou médio prazo as obras de urbanização” pelo que se pretende vender os terrenos, com preço base de 3 milhões e 700 mil euros, para investimento em habitação.
Mas o entender dos socialistas é contrário à proposta, não fosse esta ter sido aprovada com os votos desfavoráveis de Clarisse Campos, Gabriel Geraldo e Mara Marques.
“[Os lotes] poderiam ser a resposta para igual número de famílias deste concelho e, em particular, casais jovens da própria aldeia de Santa Catarina, que lutam para encontrar na nossa terra habitação que consigam arrendar ou adquirir por valores que possam pagar”, explicam em nota de Imprensa enviada a O SETUBALENSE.
“O município poderia infra-estruturar e vender os terrenos para os filhos da terra ali poderem construir as suas casas, ou chamar a si essa tarefa, construindo e vendendo a gente do concelho, a valores acessíveis, mas, na opinião do PS, prefere vender, esquecendo as competências que tem na importante área da habitação”.
Durante a discussão do ponto Vítor Proença, presidente da CMAS, referiu que Alcácer do Sal está a tornar-se uma cidade com muitos investidores e que está a crescer a olhos vistos. Disse ainda que há uma grande necessidade de fixar a população jovem – tendo em conta o forte envelhecimento – e que a venda em hasta pública servirá para colmatar esse problema, sublinhando a impossibilidade de a autarquia trabalhar nos terrenos em discussão.
Por outro lado, Clarisse Campos levantou a questão dos empreendimentos privados que poderão ser feitos com o intuito de albergar emigrantes ilegais para trabalhar nos campos agrícolas.
“É que, recorde-se, esta mesma opção de venda em bloco aconteceu há dois anos, quando o Município alienou por sete milhões de euros e para exploração turística um terreno situado em Brejos da Carregueira, freguesia da Comporta, onde surgirá mais um empreendimento”, finalizam.