Rogério Nogueira diz que a possibilidade está a ser acompanhada com grande preocupação. Produção apenas garantida para os próximos dias
A Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa está a acompanhar “com grande preocupação” a possibilidade de a fábrica de Palmela poder vir a ser afetada pela falta de semicondutores, devido a um problema com o fornecimento da empresa Nexperia, que foi dado a conhecer na semana passada.
Segundo Rogério Nogueira, coordenador da CT da Autoeuropa, a situação é vista com a mesma preocupação com que se viveram “situações de crises anteriores”, provocadas pelo mesmo tipo de motivo. “Vemos isto com grande preocupação, mas sabemos que estão a ser desenvolvidos todos os esforços para que a produção não venha a parar”, disse ontem o responsável pela comissão de trabalhadores a O SETUBALENSE.
“Estamos em constante contacto com a empresa [Autoeuropa], e a empresa connosco, em relação ao processo. A empresa está a tentar arranjar alternativas à Nexperia. À data de hoje temos a produção garantida para os próximos dias. É a única informação que temos”, adiantou Rogério Nogueira.
Face à possibilidade de vir a verificar-se a falta de fornecimento de semicondutores, o grupo Volkswagen constituiu uma “task-force” para acompanhar a situação. E disso foi dado conhecimento aos trabalhadores da Autoeuropa.
“Existe um problema de fornecimento de semicondutores da empresa Nexperia que poderá afetar toda a indústria automóvel europeia, incluindo naturalmente o grupo Volkswagen”, reconheceu a fábrica de Palmela, numa comunicação interna a que a agência Lusa teve acesso.
Na mesma divulgação, a Autoeuropa salientava que a produção para esta semana “estava garantida”. A fábrica de automóveis de Palmela assegurava também que estava em “contacto próximo com a `task-force´ que o grupo Volkswagen criou para identificar riscos da eventual quebra de fornecimento de módulos com peças da Nexperia, de modo a agir rapidamente caso seja necessário tomar medidas”.
Segundo uma notícia divulgada na passada quinta-feira pela agência espanhola EFE, o diretor de produção das marcas do grupo Volkswagen, Christian Vollmer, disse ao diário económico alemão Handelsblatt que o grupo já tinha encontrado “um substituto alternativo que poderia compensar a falta de entregas de semicondutores da Nexperia”.
A EFE avançou ainda que os problemas de fornecimento da Nexperia – empresa com sede nos Países Baixos, mas que foi adquirida em 2019 pela empresa chinesa China Wingtech –, começaram depois de o governo dos Países Baixos ter assumido o controlo da empresa, para impedir a transferência de tecnologia e conhecimentos para o país asiático. E que a China respondeu com a interrupção das exportações de produtos da Nexperia, fundamentais para toda a indústria automóvel, incluindo as empresas do grupo alemão Volkswagen, um dos maiores clientes da empresa chinesa.
Os problemas com o fornecimento de produtos da Nexperia adensam a preocupação de uma nova crise no fornecimento de semicondutores para a indústria automóvel, a exemplo do que aconteceu durante a pandemia de covid-19. Com Lusa