Com o anúncio de uma nova greve dos trabalhadores da Soflusa na próxima semana e a supressão de mais carreiras, a partir de hoje, a autarquia do Barreiro assume urgência na resolução de um conflito laboral que se mantém desde o dia 10 de Maio
Frederico Rosa, presidente da Câmara Municipal do Barreiro, afirmou hoje que o conflito laboral entre a Soflusa e os seus colaboradores não pode aguardar mais por uma solução. Nesse sentido, o autarca disponibiliza-se como mediador entre as partes.
“Toda a gente já percebeu que o problema que existe não é novo, mas está-se a agudizar. E esta é a janela de oportunidade de se resolver já: a câmara municipal está completamente à disposição para servir de mediadora entre os sindicatos, empresa e o Ministério do Ambiente”, disse à Lusa Frederico Rosa.
Entretanto, a Soflusa anunciou ontem que vai entrar em vigor um novo horário a partir do dia 08 de Junho, praticado até que seja “retomada a normalidade” no serviço, justificando esta situação com a “insuficiência de mestres para cumprimento do horário em vigor”.
Assim, a supressão de carreiras irá afectar essencialmente o período da tarde e o período da noite nos seguintes horários de circulação: 14h25, 14h55, 16h20, 17h10, 18h00, 18h50 e 19h50, enquanto no sentido inverso vão ser suprimidas as carreiras das 14h55, 15h20, 16h45, 17h35, 18h25, 19h15 e 20h15.
Quanto aos trabalhadores da Soflusa mantêm a intensão de realizar uma nova paralisação parcial, de três horas por turno, entre 3 e 7 de Junho, que deve afectar as horas de ponta da manhã e tarde.
Mestres, empresa e Governo sem acordo
Desde o dia 10 de Maio que as ligações fluviais entre Barreiro e Lisboa têm registado várias perturbações devido à falta de mestres, situação que se mantém no dia de hoje, com várias carreiras a serem suprimidas.
Um cenário que piorou com a paralisação parcial em dois dias, no final da semana passada, e com a greve às horas extraordinárias, que se iniciou na quinta-feira, dia 23, e deve prolongar-se até ao final do ano.
Perante este cenário o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade afirmou ontem que os mestres da Soflusa querem uma vantagem salarial apenas para a sua categoria e não estão a cumprir o acordado.
“Estive hoje a desenvolver contactos informais para ver as possibilidades que temos para resolver o problema e perceber melhor o que está a acontecer. Existe uma categoria que está em greve e que pretende obter uma vantagem salarial apenas para essa categoria”, disse à Lusa José Mendes, acrescentando ainda que estes trabalhadores estão protesto “à revelia” dos acordos salariais assinados entre as partes e válidos até ao final deste ano.
O secretário de Estado defendeu também que os mestres já têm um prémio de chefia e que querem esse prémio “fortemente valorizado”.
Em comunicado divulgado na sexta-feira passada, os mestres da Soflusa responsabilizaram a empresa pelo conflito laboral e lamentam as críticas de que estão a ser alvo, realçando que estão 17 pessoas “a fazer o trabalho de 24” e que o anúncio da entrada de quatro mestres é já uma vitória, mas continuam a faltar funcionários, entre eles marinheiros.
Os profissionais referem ainda que ganham “pouco mais de mil euros” e querem aumento do prémio de chefia.
“Sabemos e temos consciência que muitos de vós não ganham este valor, mas como referimos, pelas funções e responsabilidades que temos a bordo e pelo que outras empresas do mesmo sector abonam aos seus funcionários, garantimos que é pouco”, acrescentam.