4 Julho 2024, Quinta-feira

- PUB -
Sines lança glossário digital com “dizeres” antigos da população

Sines lança glossário digital com “dizeres” antigos da população

Sines lança glossário digital com “dizeres” antigos da população

A Câmara Municipal de Sines vai lançar esta semana um glossário digital com um total de 329 “dizeres” antigos da comunidade com o objectivo de valorizar as culturas e as tradições locais.

O projecto “Dizeres”, promovido pelo Arquivo e Biblioteca Municipal, decorreu ao longo deste ano e permitiu recolher 625 unidades vocabulares, tendo sido seleccionadas 329 expressões “consideradas significativas para as comunidades de Sines”, no litoral alentejano.

Trata-se de palavras utilizadas pela população que “nasceram de vivências muito específicas”, trazidas para o concelho de Sines pelas comunidades algarvia, setubalense e cabo-verdiana ou pelos descendentes dos ílhavos, que estão a cair em desuso mas que o município quer preservar.

- PUB -

“Se não registarmos esse vocabulário, daqui a uns anos ninguém se vai lembrar que nós dizíamos que “íamos à praça” (mercado municipal) e que íamos “ouvir o chui” (sinal que andavam no leilão do peixe, durante a lota), porque as pessoas que usam estas expressões estão a desaparecer”, sublinhou à agência Lusa Sandra Patrício, técnica do arquivo municipal.

No final da recolha, a equipa contabilizou mais de mil expressões, muitas delas comuns à região do Alentejo, outras “usadas como arcaísmo” ou “resultantes da vinda de outras populações do resto do país” para Sines.

No glossário constam palavras como “carrega”, usada para definir o marítimo que descarrega o peixe, “caramujo” (molusco marítimo, conhecido noutras regiões por burrié e nome atribuído aos habitantes de Sines), “Larido” (zona rochosa onde há muito marisco), “barroca” (pequena porção de terra) ou “entrouxado” (mal vestido ou máscara de Carnaval).

- PUB -

“No final ficámos com 329 expressões que esperemos que aumentem com a publicação do glossário e outros membros da comunidade nos tragam outras palavras e expressões para podermos registar contextualizando cada um dos vocábulos para que as pessoas compreendam no futuro o que cada um dos termos significava”, acrescentou.

O glossário digital, que a partir desta semana vai poder ser consultado na página ‘online’ do município, está dividido em três capítulos, “Mar”, “Um pé na terra e um pé no Mar” e “Terra”, representando as actividades desenvolvidas pela população local.

“O glossário vai aliar a imagem dos documentos de arquivo, que podem ilustrar esses dizeres, desde o início do século XX, obtidos não só pela actividade da câmara municipal como também pelo trabalho de recolha que o município tem desenvolvido junto dos membros da comunidade”, explicou Sandra Patrício.

- PUB -

O glossário, que será no futuro publicado em papel, segundo a mesma técnica, é “um testemunho” daquilo que foi “a vida do concelho de Sines nos últimos 100 anos”.

Além do glossário digital, o município está a promover também uma exposição sobre o projecto “Dizeres”, que está patente, até 8 de Dezembro no Centro de Artes de Sines, seguindo depois em itinerância pelo concelho.

O projecto “Dizeres”, que recebeu um apoio financeiro de 17 mil euros, foi co-financiado pela 3.ª edição do programa Tradições da EDP e contou com a parceria da Biblioteca Municipal e o apoio científico da Universidade de Évora.

Lusa

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -