19 Maio 2024, Domingo

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Sarilhos Grandes homenageia mulheres com meio século de dedicação ao trabalho

Sarilhos Grandes homenageia mulheres com meio século de dedicação ao trabalho

Sarilhos Grandes homenageia mulheres com meio século de dedicação ao trabalho

Junta de Freguesia celebra pela primeira vez Dia da Mulher com “premiações”. Reconhecidas duas empreendedoras locais

Arminda Barata, 79 anos, e Fátima Gonçalves, 71, têm pelo menos dois pontos em comum: são mulheres empreendedoras com mais de meio século de trabalho às costas na freguesia de Sarilhos Grandes em ramos diferentes mas com idêntico êxito. E foram as primeiras a serem galardoadas com uma inédita distinção da Junta de Freguesia, que visa reconhecer o mérito feminino local como forma de assinalar o Dia Internacional da Mulher (8 de Março).

“Mulher empreendedora, toda a vida trabalhadora” foi a designação escolhida para a “premiação” instituída este ano pelo executivo presidido por Dinora Caetano, para homenagear, doravante, personalidades femininas deste território do concelho montijense no âmbito das comemorações da efeméride.

“Na freguesia é a primeira vez que é levada a efeito esta distinção. Já vem tarde, porque há muitas mulheres empreendedoras nesta freguesia”, diz Dinora Caetano que, como presidente e mulher, se assume pela “defesa da causa das mulheres” numa sociedade que padece ainda (e muito) de desigualdade de género.

Se é verdade que esta forma de reconhecer, prestigiar e sublinhar a importante natureza e capacidade feminina por parte da Junta de Freguesia possa pecar por tardia, não menos verdade é que, pelo simbolismo e justiça que carrega, é sempre bem-vinda. Até porque, tal como diz o provérbio: ‘mais vale tarde do que nunca’. E, na passada segunda-feira, Dinora Caetano e Júlio Mascarenhas, secretário da junta, riscaram o “nunca” do antigo “adágio” ao concretizarem a primeira edição da distinção, com homenagens a Arminda Barata, fundadora do restaurante Girassol, e Fátima Gonçalves, fundadora da Vangflor.

Uma concretização pensada um pouco ‘fora da caixa’, já que abdica de uma cerimónia pública. “Fazemos questão de as distinguir nos seus próprios locais de trabalho, porque faz para nós mais sentido fazê-lo onde trabalharam toda uma vida e torná-lo público através do jornal O SETUBALENSE”, explica a autarca.

Vidas de trabalho

Arminda Barata, cozinheira de uma vida e que ainda hoje não deixa de andar de roda das confecções – “Só quando não puder é que largo”, garante a homenageada –, foi agraciada com um prato em vidro, identificado com a inscrição que dá nome à distinção, e um ramo de flores. Já leva 50 anos de dedicação ao restaurante Girassol, que ao longo desse período tem empregado muita gente local e, ao mesmo tempo, granjeado fama aquém e além-fronteiras, promovendo o nome da freguesia.

Arminda comemora 80 Primaveras no dia 22 de Junho e não esconde emoção pela simbólica homenagem. “Significa muito, darem valor ao trabalho que temos tido ao longo de 50 anos”, afirma, com a voz embargada, num esforço por conter lágrimas de emoção. “Com altos e baixos, temos andado. Não é fácil, na restauração. Hoje, estamos muito bem, mas também fazemos por isso”, revela, agora com um semblante já de regozijo e a confidência de que, na cozinha, prefere confeccionar “um rabo de boi, uma empada de perdiz, um bom cozido à portuguesa”.

Já nas instalações da Vangflor, Fátima Gonçalves recebe uma jarra, também em vidro e com igual inscrição, bem como as inevitáveis flores (que tinham sido adquiridas pela junta no seu espaço).

Com uma pequena estufa de flores foi iniciado o negócio, que foi sempre crescendo ao ponto de hoje ser complementado com o comércio de batatas e cenouras. Para trás estão já 51 anos à frente da empresa, que é fonte de rendimento também para muita gente, inclusivamente muitos imigrantes.

Ainda hoje anda com as mãos nas estufas e para trás e para a frente com os funcionários. Ossos do ofício numa empresa que exporta 30% daquilo que produz para o mercado espanhol. Contam-se pelos dedos de uma mão as décadas de muita exigência, sobretudo, para quem é mulher. “Muito trabalhoso, muito sacrifício, muitas dores de cabeça, muitas noites sem dormir, criar três filhos… Eu era a ‘mãe pata’ e eles os três ‘patinhos’ sempre atrás de mim com os biberões, mas conseguiu-se, com muito amor, muito suor, muita dedicação e muita paciência”, resume Fátima que, tal como Arminda, fica comovida com a homenagem. E sem reacção: “Não tenho palavras, não estava à espera.”

A distinção agora criada pela junta terá continuidade no próximo ano.

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