Residência Sénior do Lar dos Ferroviários aberta a toda a comunidade

Residência Sénior do Lar dos Ferroviários aberta a toda a comunidade

Residência Sénior do Lar dos Ferroviários aberta a toda a comunidade

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Inclusão e melhoria constante da oferta são as prioridades para os gestores deste novo espaço

 

Após duas décadas de sonho, abriu portas, em 2018, uma nova unidade de apoio aos mais velhos na zona sul de Pinhal Novo.

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Apesar de ter na origem, como público-alvo, antigos funcionários da ferrovia, Manuel Ribeiro faz questão de frisar a O SETUBALENSE que “este não é um lar apenas para os nossos ex-colegas ferroviários, é uma instituição aberta a toda a comunidade onde está inserida”. O vice-presidente da Associação dos Lares Ferroviários destaca ainda que o lucro não é a motivação principal que move os seus dirigentes. “Mais do que o lucro, pretendemos melhorar as nossas instalações de forma contínua de forma a proporcionarmos cada vez mais, e melhores condições, para os nossos idosos. Foi com esse objectivo que surgiu esta associação, espírito que nos deixaram os nossos antepassados, que diziam que se deveria investir numa estrutura residencial sénior para os nossos ex-colegas ferroviários numa altura da vida em que mais necessitam”.

A associação, a nível nacional, tem cerca de quatro mil sócios, 300 dos quais oriundos de Pinhal Novo, vila de origem e forte tradição ferroviária. Com capacidade física para 75 camas, Manuel Ribeiro considera que “chega e sobra porque, é bom que se diga, no concelho de Palmela existem mais de oito dezenas de lares, sendo que 70% são ilegais, mas existem. Por isso há uma grande concorrência.”.

A expansão física não está, para já, nos planos dos seus dirigentes, mas aumentar a capacidade de oferta faz parte das intenções, revela o dirigente. “No futuro pretendemos adicionar mais uma resposta social, o apoio domiciliário. Temos tudo preparado para avançar com esta valência. Já temos autorização do Instituto da Segurança Social, não avançámos no ano passado devido à pandemia, e agora sentimos que não é o momento ideal para o fazer. Através de um estudo de mercado sabemos que outras instituições na nossa zona, ainda não esgotaram a sua capacidade de resposta no apoio domiciliário, por isso não faz sentido criar respostas que se sobreponham às respostas existentes, o nosso propósito é criar respostas sociais que respondam às necessidades da população”.

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Manuel Ribeiro conta que “fomos muito bem recebidos pela população” e explica o porquê de só há dois anos este projecto ter conseguido ganhar vida. “Já estava pensado há cerca de 20 anos. Mas o processo não é fácil. Desde logo a aquisição do terreno. Essa necessidade acabou por ser desbloqueada pela Câmara Municipal de Palmela que nos cedeu o terreno. Depois tivemos muita burocracia pela frente e, nós próprios, cometemos alguns erros, nomeadamente, no projecto inicial feito para a construção do edifício. O tempo foi passando e finalmente, há sete anos, estávamos em condições de começar a construir a Residencial Sénior dos Ferroviários de Pinhal Novo. Depois de construída tivemos alguns pequenos entraves que nos impediam de obter a licença de utilização”. Manuel Ribeiro destaca que esta obra, em termos financeiros, resulta inteiramente do esforço da Associação. “O Estado não pôs aqui um cêntimo. A CP, que ajudou muito a associação no passado, acabou com toda a parte social e também não nos ajudou financeiramente. O único apoio que temos é por parte da REFER Telecom no suporte que nos dá na área informática”.

Na vertente da gestão o modelo organizacional implementado internamente “é um modelo democrático, participativo e colaborativo”, destaca Álvaro Ribeiro. O Director de Serviços da Residência Sénior do Lar dos Ferroviários de Pinhal Novo, aponta o capital humano “como um elemento diferenciador. A nossa perspectiva é caminhar com uma intervenção cada vez mais especializada e terapêutica, isto na perspectiva de um envelhecimento activo. A taxa média de esperança de vida aumentou, anda na ordem dos 80 anos nos homens, sendo que nas mulheres é mais alta. Esta realidade leva-nos a criar e dinamizar actividades, quer de animação quer de intervenção terapêutica especializada diferenciadoras para colmatar as necessidades dos utentes e ao mesmo incutir junto deles o aspecto inovador da nossa intervenção”.

Álvaro Ribeiro, com perto de duas décadas de trabalho na área social, destaca ainda a mais-valia que resulta de um conjunto de serviços internos. “Existe aqui um conjunto de saberes que proporciona a criação de uma inter-profissionalidade entre a assistente social os serviços de saúde, enfermagem e médicos, que resulta numa equipa inter-profissional e multidisciplinar”.

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Para o responsável estamos perante “uma estrutura funcional adequada às novas necessidades dos idosos com uma atenção especial na sua construção que privilegia um rápido acesso ao exterior”.

 “A covid 19, financeiramente, foi um desastre para nós”

Os lares de idosos foram dos locais mais afectados pelo coronavírus. A Residência Sénior do Lar dos Ferroviários de Pinhal Novo não constituiu excepção. Manuel Ribeiro, vice-presidente da Associação, diz mesmo que financeiramente “foi um desastre para nós assim como para todas as instituições. O investimento em luvas, mascaras, batas e desinfectantes não estava previsto nem orçamentado por nós nem por ninguém”. Neste lar, acrescenta “contabilizamos prejuízos na ordem dos 25 mil euros apenas para estas coisas e depois temos outro problema onde o impacto negativo foi muito maior. Alguns idosos, que estavam para entrar, já não vieram porque os familiares com receio preferiram adiar a admissão no lar”. Todas os meses, explica, “morre alguém devido à evolução natural da idade e de problemas de saúde inerentes. Temos aqui pessoas com mais de 90 anos, o senhor João das Neves até tem mais, com 102 anos. Estamos a falar de uma população muito vulnerável. Nesse período, diga-se, a Direcção Geral de Saúde também não nos deixava fazer admissões. Meia dúzia de utentes a menos significa logo milhares de euros de prejuízo. Chegámos a ter 51 utentes como taxa de ocupação. Devido a esta situação muitos lares como o nosso estão à beira da falência. Nós, felizmente, não estamos nessa situação, financeiramente resultado de uma gestão rigorosa e sempre atenta a candidaturas que sejam mais-valias financeiras para nós”.

Volvido um ano desde o início da tempestade, vislumbra-se ao longe uma perspectiva de bonança que, no entanto, não apaga o que se passou. Manuel Ribeiro, revela que “passámos momento muito difíceis. Tivemos algumas dificuldades, como todos, no início da pandemia, essencialmente, no encontrar da forma mais eficaz de conter o vírus”.

Apesar de muito longe da normalidade “hoje em dia a situação está muito mais controlada”, sublinha com esperança. “Fizemos alguns reajustes no funcionamento e utilização do espaço. Temos uma área onde os familiares vêm visitar os seus entes queridos com toda a protecção, com máscara e distanciamento social assegurado por um separador de vidro”.

No edifício, os idosos estão divididos neste momento em duas zonas, duas alas, a parte azul e a verde como foram denominadas. “Com este ajuste, as equipas de trabalho não se misturam, trabalham em bolha. Vamos continuar com este sistema que tem dado resultado. Até unificarmos a actividade no edifício temos de continuar a trabalhar como até agora no sentido de assegurarmos a máxima segurança para todos”.

Edifício funcional com capacidade para 75 idosos

Diz, quem acompanhou de perto o nascimento desta obra, que “valeu a pena o esforço”. Manuel Ribeiro, acredita que este espaço “é um dos mais bem qualificados na nossa região”.

O exterior tem generosas zonas verdes que circundam o edifício e que convidam os utentes a sair “à rua”, porque todos os quartos têm ligação e fácil acesso ao exterior.

Com salas e corredores amplos, o seu interior é convidativo à mobilidade e interacção. Tem quatro salas para actividades, duas salas de estar, duas salas de pessoal, uma biblioteca, um arquivo, uma sala de oração, uma cozinha (para confecção própria), um cabeleireiro e dois balneários.

Tem capacidade para 75 camas – 50 no âmbito do protocolo estabelecido com a Segurança Social. 15 de caracter particular e 10 como vagas de emergência social.

As camas estão dividas por quartos individuais, duplos e triplos com e sem wc, mas todos com TV.

Em termos de recursos humanos a residencial sénior emprega neste momento 54 profissionais, desde auxiliares, profissionais de saúde, limpeza e cozinha.

Há pouco tempo, num cantinho na periferia do edifício, foi criada a Horta Caramela “para promover a ocupação dos tempos livres de forma saudável e para manter as competências funcionais”.

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