Manifestação “por um ar saudável” foi convocada para o próximo domingo, com marcha lenta desde a vila até ao aterro
Depois de cerca de um ano e meio da luta contra o aterro ilegal que opera na localidade de Zambujal de Cima, a população vai juntar-se para uma manifestação para alertar para a situação e pedir a intervenção das autoridades competentes.
A concentração acontece no próximo domingo, dia 29, e começa com uma marcha lenta desde o estacionamento junto ao Estádio Vila Amália, na vila, até junto do aterro situado ao lado da praia do Ribeiro de Cavalo. Esta é a forma de protesto encontrada pelos organizadores que permite respeitar as medidas de minimização de riscos da propagação de Covid-19, com as pessoas no interior das suas viaturas. À chegada ao destino, haverá espaço para uma manifestação com respeito pela distância de segurança recomendada pela DGS.
Esta situação surge na sequência de autarquia ter enviado uma notificação à Comissão de Coordenação Regional de Lisboa e Vale do Tejo na qual afirma que considera “inadmissível que, apesar de ter havido uma revogação de licença, continuem a ser depositados e queimados resíduos sem que haja qualquer intervenção das entidades competentes”. Na mesma, o presidente Francisco Jesus já tinha alertado para a revolta dos cidadãos, o que se veio agora a confirmar: “Face ao avolumar exponencial da revolta dos cidadãos sobre o tema, será de antever que teremos em breve várias ações populares, as quais pela ausência de respostas e de informação, nos parecem de maior justiça.”
Este problema arrasta-se desde o verão de 2019, altura em que um incêndio no aterro levou ao surgimento de um cheiro que motivou protesto dos moradores daquela zona. Na sequência, a autarquia veio a descobrir que as instalações estavam a operar de forma ilegal desde junho mas, apesar das várias reclamações e denúncias feitas às entidades responsáveis, o aterro não foi encerrado.
APA não reconhece risco para saúde
De acordo com Francisco Jesus, presidente da autarquia, uma análise ao ar da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) não encontrou riscos para a saúde pública na freguesia do Castelo, onde está situado o aterro.
“A análise indica que nos últimos 365 dias na freguesia do Castelo, com os medidores que têm e que não estão na freguesia do Castelo, só houve um dia no ano em que a qualidade do ar esteve “razoável” e nos restantes esteve no nível “bom”. São medidores que fazem a medição à escala da freguesia”, sublinhou o edil na última reunião do executivo municipal, acrescentando que a autarquia pondera recorrer a terceiros para garantir que não riscos para a população local: “Estamos a pensar em fazer uma análise à qualidade do ar junto ao aterro, com um laboratório certificado.”
“Não houve em nenhum dos relatórios qualquer informação ou relato de que exista risco de saúde pública. Existe é um conjunto de inspeções que ocorreram, grande parte, ainda antes do incêndio de agosto 2019, e que levaram à revogação da licença. Estas inspeções detectaram a presença de resíduos depositados fora do espectro dos resíduos licenciados”, explicou Francisco Jesus.