Morreu António Menino, Maestro da Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 de Alcochete
Hoje, perdemos uma parte de todos nós. Porque a Cultura – sobretudo, a música – é universal. Porque a dimensão superlativa para a qual António Menino catapultou o nome de Alcochete – mas também o da região e até mesmo o do País –, à frente da Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898, levou-o a ser indissociável da própria identidade alcochetana. Porque parte da história “recente” de Alcochete confunde-se com António Menino como parte substancial da vida de António Menino se confunde com Alcochete. O Maestro faleceu na madrugada desta terça-feira, mas deixou um legado que o imortaliza – assim os homens de amanhã tenham memória e saibam que qualquer futuro se constrói, desde logo, a honrar o passado.
António Menino tinha 61 anos e dirigia também a Banda da Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense. O clarinete foi a sua extensão artística desde tenra idade. Estreou-se como músico na Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 de Alcochete com apenas 14 anos. Depois viria a ingressar na Banda da Armada, na Marinha, onde foi solista e coordenador de naipe. Praticamente em simultâneo inscreveu-se no curso de clarinete, que concluiu nos finais da década de 1980 na Escola de Música do Conservatório Nacional. E assumiria a liderança da Banda de Alcochete em 1998, que até então vinha a ser dirigida pelo seu pai. Foi uma passagem de testemunho carregada de simbolismo e que redundaria em sucesso absoluto.
Ao fim de apenas cerca de cinco anos, o Maestro António Menino levava a Banda de Alcochete a triunfar no concurso internacional de bandas em Valencia, Espanha. O regresso a casa, à noite, foi ovacionado pela população que saiu à rua e se juntou à recepção feita pelo executivo autárquico em frente aos Paços do Concelho. Alcochete estava orgulhosa e festejava o êxito conseguido além-fronteiras. O momento foi marcante e constituiu o início de outros marcos triunfantes em concursos de renome, ao longo de um trajecto ímpar de um quarto de século. O reconhecimento conquistado aquém e além-fronteiras traduziu-se em prémios ou em lugares de pódio, como o 3.º lugar alcançado no concurso internacional de bandas de Riva del Garda, Itália, em 2005, ou os triunfos em Braga e Vila Franca de Xira…
No último sábado, no Fórum Cultural de Alcochete, António Menino – que no passado dia 19 foi distinguido com a Medalha Municipal de Mérito – deu significado à definição de fibra, resiliência, ao erguer pela última vez a batuta para dirigir o concerto comemorativo do 126.º aniversário da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898, que contou em palco com três vultos maiores da música como solistas: José Manuel Raminhos; Ilídio Massacote; e João Luís Sado. Foi o último concerto de um Menino que será sempre Homem Maior de Alcochete. À família enlutada e à Sociedade Imparcial de Alcochete, O SETUBALENSE apresenta as mais sentidas condolências.