“O alargamento do metro a Alcochete seria uma tremenda revolução na mobilidade”

“O alargamento do metro a Alcochete seria uma tremenda revolução na mobilidade”

“O alargamento do metro a Alcochete seria uma tremenda revolução na mobilidade”

Novas ligações entre Alcochete e Lisboa e entre os municípios da Margem Sul, é um dos projectos fundamentais para Fernando Pinto

 

Depois de duas décadas de promessa em promessa, o projecto do Arco Ribeirinho Sul parece que vai mesmo sair do papel. Foi o que prometeu o primeiro-ministro, António Costa, quando em finais de Março esteve de visita à região. Para o presidente da Câmara de Alcochete, Fernando Pinto, este é um projecto fundamental para relançar mais oportunidades de interligação entre os municípios da margem sul; e o território de Alcochete tem de ser incluído neste desenvolvimento. Mais emprego e qualidade de vida, melhor relação ambiental, mobilidade sustentada e habitação a preços justos, são algumas medidas que o autarca aponta como ‘carimbo’ para o futuro.

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A resolução do Conselho de Ministros em Setúbal, já publicada em Diário da República, aponta 353 milhões de euros de investimentos para o projecto do Arco Ribeirinho Sul, com calendarização até 2026. Ficou surpreendido com esta resolução?

Não me surpreendi porque fomos trabalhando directamente com o ministro das Finanças. O Conselho de Ministros descentralizado em Setúbal [a 30 de Março] foi o culminar de um trabalho feito com os presidentes de câmara do Arco Ribeirinho Sul. Este é um projecto com mais de duas décadas que tem vindo a dilatar-se no tempo, tal como acontece com a construção do novo aeroporto. São grandes investimentos para o País e, particularmente, para a região. O projecto do Arco Ribeirinho Sul é de interesse nacional e começa na descontaminação de solos para que futuramente tenham uma serventia positiva. Prevê-se a implementação de novas tecnologias e produtos que assentam, sobretudo, na base tecnológica, em que vários sectores de actividade se cruzam. Alcochete, comparativamente com o Seixal e o Barreiro, não tem o mesmo índice de terrenos contaminados, mas este projecto vai unir estes municípios do Arco Ribeirinho Sul e trazer mais emprego e qualidade de vida. Quanto à mobilidade e sustentabilidade, vai ligar estes municípios a partir de Almada até ao concelho de Alcochete.

Um dos investimentos previstos é a criação de um corredor verde pedonal, a ligar Alcochete a Almada, na ordem dos 115 milhões de euros. Que impacto pode ter esta infra-estrutura para Alcochete?

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São 38 quilómetros. Estamos a falar de um corredor ecológico defensor do Ambiente, o qual tem sido muito maltratado. Prova disso, são os terrenos contaminados no Barreiro, no Seixal e em Almada que, com este projecto, vão deixar de estar contaminados. Isso é um contributo fundamental para as questões ambientais que encerram as alterações climáticas. É fundamental estes municípios estarem ligados por via de um corredor amigo do Ambiente, o qual vai ter impacto na saúde pública e qualidade de vida. É, de facto, um investimento elevado, mas é um investimento nas pessoas e tudo aquilo que seja investir nas pessoas é contribuir de forma decisiva para um dia de amanhã melhor.

Além do corredor verde o projecto contempla cinco cais fluviais. Alcochete vai receber um novo cais?

Tenho sérias dúvidas que se consiga, no espaço que está estipulado, um cais para transporte fluvial. Mas isso é assunto ainda em fase de estudo. Era óptimo que Alcochete tivesse esse cais; já tivemos ligação fluvial com Lisboa. Porém, com as adversidades do leito do rio, tenho dúvidas que consigamos esse cais; mas não é assunto fechado. Em fase muito adiantada está a possibilidade do Metro Sul do Tejo em Almada, chegar à Costa da Caparica e vir até Alcochete. Isto não é dado adquirido, mas estamos a trabalhar com o Governo para que este alargamento possa ser uma realidade. Devo dizer que a extensão do metro de superfície até Alcochete seria uma tremenda revolução no que há mobilidade e sustentabilidade diz respeito, e os municípios têm de estar preparados e disponíveis para isso. O executivo municipal de Alcochete está preparado para abraçar estes projectos.

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Está prevista também a construção das pontes Barreiro-Montijo e Barreiro–Seixal, um investimento na ordem dos 88 milhões de euros. Sabe se estas pontes serão rodoviárias ou pedonais?

Não disponho essa informação de forma objectiva, mas, para Alcochete, é importante a criação de um corredor ferroviário a ligar [à margem Norte] e também todos os concelhos da margem Sul: Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete. Espero que Alcochete esteja abrangido pela recuperação do estuário do Tejo, criando a ligação fluvial a Lisboa e também a outras margens do rio. Isso dar-nos-ia uma realidade muito diferente da que temos hoje.

Quanto à construção do novo aeroporto de Lisboa. Neste momento estão em cima da mesa várias novas localizações, como Pegões, Rio Frio, Poceirão e Santarém, que se juntam a Alcochete e Montijo. Qual a sua preferência?

Desde que assumi funções como presidente da Câmara de Alcochete, em Outubro de 2017, nenhuma entidade, particular ou do Estado, questionou o município sobre qual a localização que pretendia. Defendo que este deve ser um investimento macro e perdurar no tempo. Desde que existam condições financeiras, devemos partir para a construção de uma nova cidade aeroportuária. Não nos podemos dar ao luxo de não entrarem no País mais de oito milhões de passageiros por não termos condições para que os aviões aterrem. O turismo dá um contributo muito relevante para a economia do País e da região, portanto, se o novo aeroporto ficar no Montijo, no Poceirão, em Rio Frio ou no Campo de Tiro de Alcochete, é sempre benéfico para o município de Alcochete.

“Queremos duplicar o parque habitacional”

Os dados comparativos entre o Censos de 2011 e os dados estatísticos de 2021 em matéria de habitação, apuraram que o concelho de Alcochete registou um aumento de 8,96% no que se refere ao número de residentes. Para o presidente da Câmara de Alcochete, Fernando Pinto, este crescimento é saudável, mas obriga a implementar uma estratégia de habitação que acautele o futuro.

Qual a estratégia de construção de habitação no concelho?

Temos, actualmente, disponíveis 50 habitações de âmbito social. Não tenho memória da última habitação construída de raiz por parte da Câmara Municipal. Temos como meta duplicar, até 2026, o nosso parque habitacional. Na Câmara Municipal de Alcochete temos uma lista com pouco mais de uma centena de famílias que vivem em condições indignas, pelo que precisam de melhor habitação como qualquer cidadão comum. No imediato temos asseguradas um pouco mais de 25 habitações sociais, mas o nosso objectivo é chegarmos precisamente até às 50. Queremos também que os nossos jovens não tenham de ir para fora do concelho de Alcochete para morarem noutro concelho por não terem capacidade financeira de aquisição de uma habitação permanente ou de arrendamento normal no município.

Câmara consegue o maior Orçamento Municipal de sempre em 2022

Em entrevista a O SETUBALENSE, o presidente da Câmara de Alcochete, Fernando Pinto, afirma estar “muito orgulhoso” por o Orçamento Municipal aprovado no final de Abril ter sido “o maior de sempre”. Mas “mais orgulhoso” diz ter ficado com a “taxa de execução” conseguida. “Ter um orçamento alto e nada fazer é o mesmo que ter um orçamento baixo”. Diz o autarca que, “ao longo destes seis anos”, foi “reduzida drasticamente a carga fiscal sobre os munícipes”, assim como foi “diminuída de forma significativa a dívida da Câmara Municipal”. “Quando fechámos o ano de 2022, o grau de execução ascendeu a mais de 78% daquilo que foi estimado”, e lembra que, anteriormente, “o grau de execução não passava dos 30%”. Isto “permitiu-nos investir na educação, nas infra-estruturas desportivas, na rede viária, em tudo aquilo que tem a ver com dotar o concelho de melhores condições para que a população possa viver mais e melhor”, sublinha.

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