Expansão da rede prevê sistemas de LRT (carris) e BRT (modo rodoviário). Estudo admite dupla solução para o Barreiro. Eixo de Alhos Vedros a Alcochete só está equacionado em corredor dedicado a bus
O Projecto do Arco Ribeirinho Sul voltou a estar na ordem do dia, depois de Luís Montenegro ter anunciado, durante o encerramento do 42.º Congresso do PSD, no passado dia 20, a criação de uma sociedade de reabilitação urbana (Parque Humberto Delgado) que visa “pensar, projectar e ordenar” a intervenção nos concelhos de Almada, Barreiro e Seixal. Um dos investimentos estruturantes incluídos no Projecto do Arco Ribeirinho Sul é a expansão do Metro Sul do Tejo (MST). O SETUBALENSE recupera a síntese do estudo existente (com vários anos) para ampliação da rede do MST, que engloba dois conceitos tecnológicos de implementação, o traçado, a estimativa de procura, a oferta e dimensionamento da frota, e a estimativa do investimento.
Conceitos LRT e BRT
A expansão das ligações actuais do MST abrange dois conceitos de tecnologias: um, em Light Rail Transit (LRT), ou seja, sobre carris; outro, em Bus Rapid Transit (BRT), em corredor dedicado a modo rodoviário. A ampliação da rede entre o Campus Universitário da FCT e a Costa de Caparica prevê apenas o LRT, tal como a ligação da Margueira entre a Cova da Piedade e Cacilhas. O eixo desde Alhos Vedros até Alcochete – que passa por Moita e Montijo – só está equacionado em BRT. Porém, o eixo a ligar Corroios a Alhos Vedros – a passar por Fogueteiro, Seixal e Barreiro – prevê as duas hipóteses (LRT e BRT).
Traçado no Barreiro
Se se olhar para o concelho do Barreiro, o traçado da futura rede do MST é idêntico, independentemente do conceito tecnológico a adoptar: sobre carris (LRT) ou em modo rodoviário (BRT). Neste território, de acordo com o projectado, o MST parte do Terminal Fluvial do Barreiro, segue pela Avenida da Liberdade, pela Avenida do Bocage, pela Avenida Mestre Manuel dos Santos Cabanas e pela Rua da Amizade, para se ligar ao concelho vizinho da Moita via Avenida 1.º de Maio.
Estimativas de procura
As estimativas de procura pelo uso deste sistema de transporte foram desenvolvidas com base em dados do Censos 2011 e também em inquéritos realizados entre essa data e 2017. E foram construídas tendo como universo a população residente até 400 metros de distância dos vários corredores do MST, para o dia útil e para a hora de ponta da manhã, o que resultou na apresentação de diferentes cenários.
Em termos gerais, a extensão Almada/Costa de Caparica prevê capacidade de resposta, por dia útil, para 9 218 residentes a 400 metros de distância do corredor com um total de 19 266 deslocações. Para a Fase II do Seixal a estimativa indica 25 527 habitantes e 53 351 deslocações, ao passo que a Fase III do mesmo concelho aponta 21 196 residentes e 44 300 deslocações. Para o Barreiro indica 19 889 habitantes e 41 568 deslocações, e para a Moita aponta 29 479 residentes e 61 611 deslocações. Para o Montijo os valores apresentados são de 25 252 habitantes e 52 277 deslocações, e para Alcochete são de 9 807 residentes e 20 497 deslocações.
Oferta e frota
Para a oferta e dimensionamento da frota estão assumidas as premissas seguintes: velocidade comercial, quer para o sistema LRT quer para o BRT, de 21,8 Km/h; circulação em via dupla em qualquer um dos sistemas a instalar; tempo mínimo de espera no terminal de 10 minutos; lotação de 280 lugares para o LRT (a exemplo do actual sistema do MST) e de 150 lugares para o BRT (em veículo articulado). Os veículos de reserva devem corresponder a 20% da frota operacional necessária.
Quanto às necessidades da frota, o estudo debruça-se sobre o eixo Corroios/Alhos Vedros (sem deixar de englobar a expansão à Costa de Caparica e de Alhos Vedros a Alcochete), que apresenta hipóteses para os dois conceitos tecnológicos. Para a primeira hipótese, de expansão da rede através de LRT, são necessárias mais 21 unidades do referido sistema, a juntar às 24 que operam na rede actual do MST, bem como a aquisição de 39 unidades de BRT. Para a segunda, de expansão através de BRT, são necessárias mais nove unidades de LRT (a somar às 24 existentes) e a aquisição entre 41 a 98 unidades de BRT.
Investimento previsto
O investimento estimado abrange os dois conceitos para o eixo Corroios/Alhos Vedros (também sem deixar de englobar a expansão à Costa de Caparica e de Alhos Vedros a Alcochete). Para a expansão em LRT está previsto um investimento a variar entre 1,07 mil milhões de euros (valor mínimo) e 1,09 mil milhões de euros (valor máximo). Para a expansão em BRT, os valores são de menor monta. Neste caso, a estimativa aponta para um investimento a variar entre 560,6 milhões de euros e 648,7 milhões de euros.
No estudo, o projecto da expansão do MST é considerado como prioritário, estruturante e estratégico a nível regional (Área Metropolitana de Lisboa) e sub-regional (Arco Ribeirinho Sul).
Resolução Expansão da rede aprovada pelo Conselho de Ministros em 2023
A “realização de trabalhos técnicos para execução das 2.ª e 3.ª fases da expansão do Metro Sul do Tejo” assim como “os estudos necessários para o seu alargamento à Costa de Caparica e a Alcochete” estão entre as várias medidas para “concretização do Projecto do Arco Ribeirinho Sul” aprovadas pelo Conselho de Ministros, através da resolução 41/2023 publicada em Diário da República a 10 de Maio do ano passado.
Nas medidas do projecto é também apontada a construção de “novas ligações entre o Barreiro e o Montijo e o Barreiro e o Seixal, um novo terminal fluvial na Moita” e o denominado “Passeio do Arco Ribeirinho Sul”, com “via pedonal, ciclável e de estrutura verde”, a ligar Almada a Alcochete, “numa extensão total de cerca de 35 Km”, bem como “cinco novos terminais fluviais”. Prevê ainda a descontaminação e remediação de solos contaminados nos territórios do Arco Ribeirinho Sul.