O Presidente da República está farto de avanços e recuos. Quer ver já posições clarificadas e o dossier definido em 2022
Já lá vai meio século e o investimento continua por definir, embora seja fundamental. Agora, para o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, é chegado o momento. “Tome-se uma decisão e tome-se em 2022”, disse o Chefe de Estado, na última quarta-feira, farto dos “avanços e recuos” que têm marcado o processo da construção do novo aeroporto.
Marcelo quer ver clarificada a posição dos candidatos eleitorais em relação a esta e outras matérias. E afirmou-o com todas as letras, durante o 46.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, realizado em Aveiro. Com as legislativas intercalares à porta – estão marcadas para 30 de Janeiro próximo –, o Presidente da República foi peremptório: “Um aspecto positivo de haver eleições é o de esperar que, da parte daqueles que concorrem a eleições, clarifiquem estas matérias. Não há nada como clarificar antes do início da legislatura para não haver surpresas durante a legislatura.”
Mas foi ainda mais longe: “Clarificar em primeiro lugar como é importante haver uma decisão sobre o aeroporto, para não haver o ‘avança e recua’ de acordo com questões conjunturais meramente táticas. O País não suporta esse taticismo. Tome-se uma decisão e tome-se em 2022.” E atirou de seguida: “Já vos disse que gostaria de ver o resultado dessa decisão antes do fim do meu segundo mandato, mas para isso é preciso tomar a decisão”.
Câmara de Alcochete ouvirá a população
Em sintonia com Marcelo Rebelo de Sousa está Fernando Pinto, presidente da Câmara Municipal de Alcochete. No que toca à necessidade de haver decisão sobre o novo aeroporto, o autarca até reforça as palavras do Presidente da República. “Importante é decidir e, acima de tudo, decidir bem”, disse a O SETUBALENSE, depois de instado a reagir às declarações do Presidente da República.
Fernando Pinto, reeleito para um segundo mandato consecutivo pelos socialistas, lembrou também aquela que tem sido a posição do município sobre o investimento, desde que foi lançada para cima da mesa a localização na Base Aérea n.º 6, no concelho vizinho de Montijo. “Mantemos a mesma posição desde que iniciámos funções. Esta não é uma decisão da competência da Câmara Municipal. Entendemos que é um investimento importante para alavancar a economia do nosso concelho, dos territórios da Península de Setúbal e é importante que seja decidido. Mas se, eventualmente, solicitarem que nos pronunciemos, faremos uma consulta pública. Ouviremos a população, pelo facto de este ser um assunto fracturante”, frisou.
Sem se referir a qualquer localização específica, o autarca deixou, contudo, transparecer a preferência pelo desenvolvimento do projecto no Campo de Tiro de Alcochete. “Devemos ter uma visão macro, olharmos para a floresta e não para a árvore, e investirmos numa cidade aeroportuária, cumprindo todos os pressupostos necessários, desde logo com todas as questões ambientais”, assumiu. E, a concluir, reforçou: “Em vez de soluções transitórias, que se encontre uma solução definitiva. E se for necessário pensar no desmantelamento do actual aeroporto [Humberto Delgado], que se pense”.
O SETUBALENSE contactou ainda os presidentes das câmaras municipais de Montijo, Moita e Seixal, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta dos autarcas.