Jantar da Sedes junta uma centena em reflexão sobre potencial do mar junto à nossa costa
O mar da região, entre o Cabo Espichel e Sines vai ser uma área de experiências para actividades militares e não militares, com a criação de pequenas ilhas artificiais. O espaço marítimo, de mil quilómetros quadrados, aproveitando a zona excepcional enquadrada pela localização dos centros de testes da NATO instalados em Troia e Almada, é aposta para o desenvolvimento de novos projectos tecnológicos.
A ideia foi apresentada pelo Almirante Coelho Cândido, vice-Chefe do Estado-maior da Armada (CEMA), no jantar da Sedes que juntou uma centena de individualidades da região e que teve como convidados, também, Tiago Brito e Cunha, da Fundação Oceano Azul e Assunção Cristas, antiga ministra e ex-líder do CDS-PP, que foi moderadora do debate.
“Temos condições, neste espaço, para fazer muita experimentação. Para, por exemplo, plataformas de produção de hidrogénio.”, explicou o almirante, acrescentando que os interesses do país convergem no desenvolvimento de projectos à escala nacional.
“Nós não podemos ter porta-aviões, mas podemos ter porta-drones. A nossa indústria tem capacidade para se juntar a estes projectos de pequena dimensão.”, defendeu Coelho Cândido. A aposta em inovação de menor envergadura é preferível, também, porque se Portugal aumentar o investimento em Defesa até aos 2% do PIB mas investir em fragatas de 500 milhões, que são compradas ou equipadas no estrangeiro, o dinheiro vai para fora do país.
O vice-CEMA aponta a Zona Económica Exclusiva portuguesa como a área em que podemos fazer a diferença. “A relevância de Portugal está no Atlântico. Estamos no epicentro marítimo da Nato e podemos ser relevantes na segurança deste espaço, sobretudo na luta submarina.”, disse.
Nesse sentido, a Marinha está a “desenvolver esforços para investir mais nos sistemas sub-superfície”, como sensores acústicos e drones de superfície, que podem “estender muito a capacidade” de vigilância e operação da Armada. Projectos que terão a zona de experimentação junto à costa da região como local de incubação.
O almirante recorda que os Açores, enquanto “rotunda do Atlântico”, são o espaço onde passam rotas aéreas e marítimas e os principais cabos submarinos”, sublinhando que quase 90% das comunicações, hoje, são asseguradas por estes cabos. Os satélites já só garantem 11% da comunicação entre continentes.
Outro equipamento que a Marinha espera ter no futuro é um navio-plataforma, de 100 milhões de euros, cujo financiamento é candidato ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que servirá de base para acção aérea, marítima e submarina no mar português.
Tiago Brito e Cunha, juntou, a estas ideias e projectos, a importância da preocupação ambiental.
“Portugal tem condições competitivas únicas para ser o país número um na bioeconomia azul”, afirmou o responsável da Fundação Oceano Azul e Prémio Pessoa, para quem “Setúbal é dos territórios marítimos do país mais carismáticos”. Brito e Cunha defende que os “bens mais valiosos, no século XXI, vão ser a água potável e o carbono” para sustentar a importância do estuário do sado, uma vez que é rico nesses produtos.
O evento, promovido pelo núcleo de Setúbal da Sedes, na quinta-feira à noite, na Adega Ermelinda Freitas, contou com a presença de pessoas de todo o distrito, e de vários sectores, incluindo os autarcas Nuno Mascarenhas, de Sines, Inês de Medeiros e Maria das Dores Meira, de Almada, Carlos Albino, da Moita, e Carlos Rabaçal, de Setúbal. A nova presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Ângela Lemos, também marcou presença, assim como o anterior, Pedro Dominguinhos.