Comunistas acusam Fernando José de não defender nova escola. Deputado e candidato do PS explica que falou em ampliação da Michel Giacomett como solução imediata
A gestão camarária da CDU acusa a oposição socialista de adoptar uma posição “incongruente” em relação à construção de uma nova escola secundária entre a vila de Azeitão, Setúbal, e a freguesia de Quinta do Conde, Sesimbra. O tema aqueceu o debate na reunião pública do executivo sadino, na última quarta-feira.
As críticas da CDU surgem no seguimento de declarações proferidas a 30 de Junho último pelo socialista Fernando José, deputado parlamentar eleito pelo círculo de Setúbal, na Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto, na Assembleia da República.
Fernando José, também vereador na autarquia sadina e cabeça-de-lista do PS à Câmara nas próximas autárquicas, disse que os socialistas “não concordam com a construção de uma nova escola, mas sim com o alargamento da Escola Básica e Secundária Michel Giacometti”, na Quinta do Conde.
Uma posição que, no entender de Ricardo Oliveira, vereador da CDU com o pelouro da Educação, é reveladora. “Fernando José está contra [a construção de uma nova escola] e diz que o alargamento e a melhoria [da Michel Giacometti] é a solução”, afirmou o comunista, que na sessão pública criticou a perspectiva do socialista.
A O SETUBALENSE, Fernando José explica que “as acusações são falsas”. “Os deputados do PS sempre foram favoráveis à construção de uma escola secundária que sirva as populações de Sesimbra e Setúbal, mas como solução de médio e longo prazo. O que eu disse foi que, para os alunos que vão terminar o 9.º ano no próximo ano lectivo, têm de ser encontradas soluções imediatas”, defende.
Foi essa a razão, reforçou, que levou “os deputados do Partido Socialista a votar favoravelmente na generalidade e a abster-se na especialidade, relativamente aos projectos de resolução apresentados por vários partidos” a exigir a construção de uma nova escola secundária na Quinta do Conde.
Para Fernando José, as soluções a curto prazo passam por “dar a possibilidade aos estudantes de Azeitão de escolherem se querem fazer quatro quilómetros para irem estudar para a Michel Giacometti ou se querem fazer 20 para Setúbal”.
Ricardo Oliveira contrapõe que muitos estudantes acabam, também, por ter de se “deslocar ou para a Escola Secundária de Sampaio, em Sesimbra, ou para a de Palmela”. “Estamos a falar de zonas que estão já sobrelotadas e cuja oferta educativa também é limitada”, lembrou o comunista.
Sobre a proposta da ampliação e requalificação da escola Michel Giacometti, o autarca comunista explica que essa solução contempla “a construção de um bloco com seis salas, que substitui os pavilhões pré- -fabricados actualmente existentes”. “Ora, seis salas de aula para o ensino secundário não resolve o problema das sete turmas que terminam o 9.º ano na Escola Básica 2,3 de Azeitão e outras tantas que concluem na Quinta do Conde e que não têm espaço”, frisou.
O socialista, no entanto, faz notar que “as coisas são complexas”, sendo este “um problema que se arrasta há anos e para o qual ainda não foi encontrada uma solução”.
“Uma escola não é ‘soprar’ e está feita. Temos de dar uma resposta imediata, até que a resposta a longo prazo seja executada. Obviamente que nós sabemos perfeitamente que a Giacometti já é, neste momento, uma escola saturada, mas nós temos de dar essa possibilidade às crianças”, justifica.
Ao mesmo tempo, o parlamentar e vereador do PS escusa-se a adiantar mais comentários sobre a polémica registada na reunião da autarquia, sublinhando apenas que “em 2019” levantou “toda a questão junto do ministro da Educação, numa audição que foi feita na Assembleia da República”.
Reforço da rede de transportes escolares é ponto comum
A necessidade de reforçar a rede de transportes escolares para os alunos dos dois concelhos é ponto comum entre a maioria CDU e os vereadores do PS.
A questão, considerada “hoje deficiente” pelo deputado Fernando José, foi igualmente levantada na Assembleia da República.
“É preciso encontrar uma solução que permita aos alunos que têm de se deslocar para Setúbal ou Palmela terem melhores transportes escolares”, disse o socialista a O SETUBALENSE.
Nesta matéria, os dois partidos têm posições idênticas, conforme admite o vereador com o pelouro da Educação, Ricardo Oliveira. “Ninguém coloca isso em causa. Estamos todos empenhados nisso e até se prevê, com a entrada em funcionamento do novo contrato de prestação do transporte público rodoviário no âmbito da Carris Metropolitana, um reforço de 30% na oferta”, concluiu o comunista.