Apresentado ao público este sábado, na Igreja de São Sebastião, em Setúbal, e coincide com o Dia Nacional do Pescador
Como uma viagem no tempo, trazendo a história e memória de Setúbal desde o século XVI até aos dias de hoje, o livro “Festa de Nossa Senhora do Rosário de Tróia” – Percepção sobre a importância da salvaguarda de uma tradição da comunidade marítima de Setúbal, da autoria de Nuno Guerreiro Soares, é apresentado ao público amanhã, 31 de Maio, às 15h30, na Igreja de São Sebastião, em Setúbal, e coincide com o Dia Nacional do Pescador.
“Este livro tem por base a minha dissertação de Mestrado em Intervenção Comunitária, que defendi a 15 de Julho de 2021”, diz Nuno Guerreiro Soares, actualmente presidente do Grupo Desportivo “Os Amarelos”. Aliás, a convivência nesta colectividade, muito frequentada por gente ligada ao mar, através da pesca, foi um dos élans para o tema da sua tese e, posteriormente, livro.
Outra das inspirações foi ter residido entre o Bairro Santos Nicolau e as Fontainhas. “Todos os anos via as Festas de Tróia. Mais tarde cheguei a passar o Sado numa destas embarcações”, diz.

Com a apresentação a contar com intervenções do investigador Pedro Penteado, director de serviços da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e da também da investigadora e professora adjunta da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém, Ana da Silva, esta obra é um estudo que visa identificar as singularidades da Festa de Nossa Senhora do Rosário de Tróia e, refere a sinopse, identificar os “detentores” desta tradição, assim como “conhecer a percepção que têm os informadores privilegiados sobre eventuais ameaças de degradação, desaparecimento e destruição do Património Cultural Imaterial (UNESCO, 2003)”.
Para esta obra, conta Nuno Guerreiro Soares que foram gravadas e transcritas entrevistas, realizadas análises de conteúdo e, os resultados apurados “indicaram a redução do número de pescadores, a diminuição de barcos de pesca em Setúbal com condições de transportar o actual andor de Nossa Senhora, a redução dos dias de acampamento, a falta de interesse da juventude pela Festa e pela actividade da pesca”, entre outros factores.
O valor da venda deste livro onde se podem também encontrar poemas dedicados à Festa de Nossa Senhora do Rosário de Tróia, reverte para a Paróquia de S. Sebastião e Comissão de Festas desta tradição que conta a lenda que naus carregadas
Reza a lenda que as naus, no século XVI, carregadas de pedra para lastro, atracavam junto à Arrábida para descarregar, mas, certo dia, devido a um grande vendaval, um capitão decidiu atravessar o delta e abrigar-se em Tróia. Infelizmente a embarcação naufragou, mas a imagem, feita e madeira, de Nossa Senhora, que ainda hoje dizem ser a original, permaneceu à tona e flutuou até ser encontrada por um pescador.