Integração de imigrantes, acessibilidades e habitação marcam debate em Odemira

Integração de imigrantes, acessibilidades e habitação marcam debate em Odemira

Integração de imigrantes, acessibilidades e habitação marcam debate em Odemira

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O confronto de ideias entre os candidatos à Câmara Municipal de Odemira concluiu o ciclo de debates no Litoral Alentejano

 

O encontro, que se realizou na passada sexta-feira, dia do falecimento do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, contou com a presença dos cabeças-de-lista dos partidos Iniciativa Liberal (IL), Chega, Bloco de Esquerda (BE), PSD/CDS-PP, CDU e PS à Câmara Municipal de Odemira.

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Sobre o modelo que tem sido seguido para a integração de imigrantes, o candidato do IL, Pedro Pinto Leite, sublinhou que Odemira “não é um mau exemplo” porque “sabe acolher” os imigrantes, mas precisou que é necessário distinguir entre os que “vêm trabalhar” e aqueles que usam Odemira “como trampolim para outras partes da Europa”.

“Para amenizar a pressão social e habitacional é importante avançar com o alojamento temporário nas quintas e as empresas têm todo o interesse em fazer contratos directos, eliminando os intermediários, e acomodar bem os seus trabalhadores”, defendeu.

Para o candidato do PS, Hélder Guerreiro, Odemira, “não tem tido uma acção má” relativamente à forma como soube integrar esta população, embora reconheça que há três desafios que importa agarrar: “A questão da habitação digna para todos, os serviços de interesse geral, como a saúde e educação e o reforço na área da fiscalização, com a implementação de uma proposta de Polícia Municipal”, sublinhou.

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O candidato do Chega, Rui Areias, disse que “Odemira teve um ano mau” em relação à imagem que foi transmitida, frisando que “os imigrantes são necessários” neste território para colmatar ”a falta de força de trabalho” no concelho. “Prefiro que os imigrantes se integrem nas localidades e aprendam os valores do Ocidente. Há pessoas dessas que são formadas e têm de ser aproveitadas para o trabalho”, adiantou.

Para o candidato do BE, Pedro Gonçalves, os portugueses “não querem ser explorados pela agricultura intensiva” e, no seu entender “Odemira não é um bom exemplo” no que respeita ao acolhimento por parte das empresas. Foram “levantados mais de 50 processos a senhorios de imigrantes de Odemira. Muitos deles são pessoas ligadas directamente à exploração e ao negócio e é isto que se está a querer branquear”, criticou.

Para o candidato, a solução passa pela atribuição de “responsabilidades sociais” às empresas do sector agrícola.

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Para a candidata da CDU, Sara Ramos, trata-se de “exploração” desta mão-de-obra. “A agricultura é um pilar fundamental para Odemira e o que está a acontecer neste concelho é o reflexo das políticas do PS e do PSD”, no sentido da “desvalorização do trabalho e a beneficiarem o lucro”.

Já o candidato do PSD/CDS-PP, Arménio Simão, defendeu que o modelo “tem de ser completamente alterado”, existindo “um vasto e complexo caminho por fazer” nesta matéria.

“O poder central está tão preocupado com uma política de imagem e de espectáculo que ignora um documento fundamental para ter obviado a que muitos dos problemas que ocorreram em Odemira, durante a crise pandémica, não tivessem acontecido”, salientou o candidato, aludindo para um relatório elaborado pelo município.

Relativamente às acessibilidades, Hélder Guerreiro (PS), argumentou que o município, sob gestão socialista, arranjou e pavimentou muitas estradas. “Há sete anos que os fundos comunitários não pagam pavimentações, nem pagarão. Vamos definir um milhão de euros todos os anos para pavimentações e melhorias de estradas e queremos negociar com o Governo dois a três corredores para aproximar Odemira daquilo que vai ser a auto-estrada de Sines”, afirmou.

Por sua vez, Rui Areias (Chega), no concelho de Odemira “há duas realidades” entre o interior e o litoral. “As vias de acesso no interior estão uma desgraçada e as estradas do litoral, junto às estufas, estão arranjadas e bonitas para os turistas”, criticou.

Também “há muitos acessos a lugares em terra batida, sem condições, no Inverno. E é esse olhar detalhado para as localidades pequeninas que falta porque vai beneficiar a vida das pessoas e ajudar a fixar pessoas no concelho”, acrescentou.

Já Pedro Gonçalves (BE), disse esperar que “não passe de uma promessa” a inclusão de um milhão de euros no Orçamento Municipal para as estradas. Além de “estarmos abandonados, a nível viário, pelo poder central, o poder municipal também tem de olhar por nós”, alertou, dando o exemplo da ligação do interior à sede do concelho de Odemira.

Para Sara Ramos (CDU), é fácil dizer que existe um milhão de euros para pavimentar as estradas do concelho de Odemira, quando há exemplos de mau funcionamento neste campo. “Há qualquer coisa que não funciona. Conhecem as condições do estaleiro, as casas de banho e as condições onde estão os trabalhadores?” questionou a candidata para denunciar a falta de valorização dos trabalhadores e dos equipamentos.

Para Arménio Simão (PSD/CDS-PP), se o maior concelho de Odemira, fosse também um dos melhor, a discussão poderia passar por “aspectos estruturais” no desenvolvimento e dinâmica do concelho “Discutir ainda caminhos demonstra o nível de desenvolvimento”, reforçou.

Para Pedro Pinto Leite (IL), os milhões que constantemente se anunciam, a nível local e nacional, “não são consequentes” com os projectos que realmente são desenvolvidos no terreno, num “acumular de obra não feita e promessas não realizadas”.

Além da pavimentação, o candidato apontou ainda a mobilidade como uma área importante para o desenvolvimento do concelho “com acessos dignos entre o interior e a A2 e circuitos circulares de transportes públicos” para fixar população “fora do litoral”.

Na área da habitação, o candidato do Chega reconheceu dificuldades no arrendamento de casas no concelho de Odemira e defendeu a criação de “uma Bolsa de Habitação Municipal, incluindo prédios devolutos no interior e no litoral, em conjunto com os senhorios, dando ajudas na recuperação dos imóveis, para trabalhar nas rendas acessíveis aos mais jovens”.

Para o candidato do BE, trata-se de um problema “transversal a todo o País”, apontando para a falta de habitação “no interior” e para os elevados preços praticados “no litoral” do concelho.

“Terá que haver uma oportunidade de investimento, recuperando o edificado público, existem casas particulares devolutas que podem ser recuperadas pelo município e haver discriminação positiva para os jovens”, defendeu.

Já a candidatada da CDU, referiu que os próximos anos vão ser muito exigentes nesta matéria, mas defendeu que para garantir “o cumprimento” da Estratégia Local de Habitação seja necessário “um gabinete com bastantes técnicos”, defendendo “várias modalidades” desde a aquisição de imóveis, criação de lotes municipais para “criar respostas para as famílias”.

Para o candidato do PSD/CDS-PP, a habitação é um dos sectores mais relevantes “naquilo que é preciso atender no concelho” e se a ELH “não for agarrada com toda a dinâmica, não vai ser possível executar aquilo que foi o valor atribuído.

“O que parece não haver é a capacidade de resposta, mas aquela perseguição ao que é privado dava jeito, porque se tivéssemos aqui implantado empresas de construção-civil” não seria um problema.

Já o candidato do IL, entende que além da falta de habitação, Odemira, debate-se com o problema das “demoras nos licenciamentos” que “em média pode demorar 4 anos”, referiu.

Em alternativa, propôs a agilização de processos e a simplificação dos processos, recorrendo para o efeito à Inteligência Artificial, parcerias com privados, a alteração do Plano Director Municipal (PDM), e criar zonas de construção própria.

Já o candidato do PS, sublinhou que a ELH “define um desafio absolutamente brutal” para este município, com a execução dos 98 milhões de euros, que se debate com dois problemas: “O primeiro é saber como é que vamos conseguir construir objectivamente as casas, porque nos debatemos com um problema que assola o País” devido à falta de empresas de construção-civil.

“Temos de começar a trabalhar numa solução que não emperre e não vá comprometer para termos outro problema acrescido”. As áreas da educação e saúde e a descentralização de competências, também foram debatidas pelos candidatos que foram unânimes em defender a recuperação e manutenção do parque escolar e de estabelecimentos de ensino no interior, mais médicos e novas infra-estruturas de saúde.

Com este encontro em Odemira, ficou concluído o ciclo de debates, promovido por O SETUBALENSE, em parceria com a Rádio Sines, rádio M24, Popular FM, jornal ‘O Leme’ e empresa Morning Panorama, no Litoral Alentejano.

Com o encontro marcado para hoje no Barreiro, o périplo de debates regressa à Península de Setúbal.

Até ao final da semana, vão ter lugar os debates em Sesimbra (amanhã), Moita (quarta-feira), Alcochete (quinta-feira) e seixal (sexta-feira). Na semana seguinte será a vez dos debates em Palmela (dia 20) e Almada (dia 22).

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