O Chega diz que vem mudar o paradigma político nacional e autárquico. Confia que vai eleger um vereador no Seixal
Henrique José Livreiro Viçoso Freire nasceu em Grândola, a 3 de Junho de 1971. Aos 7 anos os pais fixaram residência no concelho do Seixal, pelo que é seixalense há 43 anos. Aos 21 anos ingressa no corpo de Paraquedistas e de seguida opta pelos quadros da Guarda Nacional Republicana. Em 1998 ingressa na Câmara Municipal do Seixal onde desempenha várias funções: Fiscalização Municipal, Desenvolvimento Social e Cidadania, Habitação e Divisão Jurídica, onde actualmente exerce funções.
Licenciado em Direito e em Psicopedagogia Curativa, foi aluno do presidente do Chega, André Ventura, na faculdade. É conselheiro nacional do partido, presidente da Mesa da Assembleia do Distrito de Setúbal e Coordenador do Núcleo do Seixal.
Tem uma parceria com o “Seixal Clube 1925” onde, utilizando técnicas de Psicopedagogia Curativa, lida com os atletas mais jovens.
Diz-se habilitado a produzir um retrato bastante fiel dos problemas, dos desafios e das expectativas que se colocarão aos futuros eleitos do Poder Local nas eleições Autárquicas 2021.
O que o move para aceitar o desafio de se candidatar à presidência da Câmara?
Procurar marcar a diferença, pois conheço o concelho como as minhas mãos. Senti essa necessidade porque acho, francamente, que é possível fazer melhor. Vemos que, no nosso concelho, há freguesias esquecidas, e outras que são protegidas. Garantidamente, como disse, conheço o concelho como nenhum outro candidato, conheço os problemas e as necessidades das várias freguesias. Penso no quadro de uma linha de intervenção, que é a qualidade de marca do nosso partido. Portanto, o Chega poderá fazer a diferença.
Em que bases assenta a campanha do Chega?
Na ideia de que é preciso mudar o paradigma político. As populações trabalham para os políticos e não o contrário. Há muitos anos que estas funções estão invertidas. A população tem dificuldade em chegar a quem gere a Câmara Municipal. Nesse aspecto, há dificuldades sociais e empresariais. Ainda que o concelho seja populoso, há maneira de ouvir as pessoas. Estamos, agora, na fase do alcatrão, sem tempo para ouvir os munícipes. E estes não poderão continuar a ser atendidos apenas a 6 ou 7 meses antes das eleições.
Qual é o suporte ideológico do Chega?
É saudável, sem fantasmas, nem hipocrisias. Os componentes dos grupos de trabalho no concelho têm idades compreendidas entre os 24 e 66 anos, são pedreiros, professores universitários, bombeiros, licenciados em filosofia, empresário de animação e da restauração, contabilistas, ex-militares, tradutores…
Ou seja, estamos perante uma panóplia que abrange praticamente todas as profissões.
Em termos institucionais, somos liberais, conservadores e nacionalistas. Somos um partido não racista, nem xenófobo, nem fascista, nem homofóbico. Não nos identificamos com rótulos. Somos cidadãos normais, integrados em famílias normais. Os rótulos são uma manobra de diversão para iludir os mais distraídos.
Que modelo de desenvolvimento advoga para o Seixal?
Defendo um modelo sustentado, mas primeiro é preciso saber qual a situação financeira da autarquia, embora saibamos que se debate com constrangimentos orçamentais. Apostaríamos no investimento privado, na capacidade de atracção de empresas que proporcionem a criação de postos de trabalho, sem cedências a clientelismos. Apostaríamos na redução para metade do Imposto Municipal sobre Imóveis, numa primeira fase, até à sua completa extinção. Claro que seria preciso mudar a lei, pois actualmente a redução só pode avançar até os 3%. As empresas que se queiram sediar, terão isenção de taxas nos primeiros três meses, bem como as lojas de rua e outras, que ficarão eximidas das taxas de ocupação de espaços públicos.
Que razões encontra para tão longa permanência da CDU ao leme do município?
Na verdade, é uma gestão que vem desde o 25 de Abril [primeiras eleições autárquicas em 1976], portanto, com tempo de construir um concelho seguro e agradável para nele se viver. Arrentela, por exemplo, carece de outra imagem da sua marginal, há estradas dos Foros de Amora à Verdizela que parecem abandonadas, nas vias de circulação desta última parecem surgir, a todo o instante, crateras da lua. Tem havido desperdício com certas zonas verdes, enquanto outros espaços nas freguesias parecem esquecidos. Não se pode dizer que a gestão da autarquia tenha sido 100% negativa, mas muita coisa tem sido esquecida. Quero dizer com isto que há ainda muito trabalho pela frente.
A permanência tem a ver com uma tendência histórica do País, em que o PCP sempre esteve presente nas autarquias. Todavia, as pessoas vão percebendo que há outras opções políticas, que há pessoas com outras capacidades e outros tipos de estratégia. A aplicação destas ideias faz parte da nossa maneira de pensar. Por isso, o nosso partido prima pela inovação, equidade na escolha das opções e da estratégia. O Chega veio mudar o paradigma político nacional e, seguramente, tal se reflectirá nas autárquicas.
Se for eleito, e em posição de tomar iniciativas, quais lhe parecem as mais urgentes?
Uma análise da segurança, um levantamento das necessidades das micro, pequenas e médias empresas. Estudar as necessidades prioritárias das freguesias e da população que nelas reside.
Em termos de realizações, qual o sonho que o alimenta, mesmo que hoje lhe pareça irrealizável?
O Hospital no Seixal, torná-lo uma realidade. Requalificar a Baía com gastos mínimos, recorrendo ao investimento privado. Recuperar o núcleo histórico do Seixal e trazer uma rota turística para a cidade. O Seixal possui uma enorme potencialidade turística, embora tema que possa converter-se muito depressa num dormitório. A história e a arquitectura da parte antiga do Seixal são um verdadeiro diamante.
Que lhe parece necessário para desbloquear a construção do hospital?
Tem que haver uma união política, uma pressão junto das entidades competentes. É certo que existe má vontade política. Por muitas justificações que nos dêem, não vejo qualquer razão que impeça o início da obra. O Hospital no Seixal é um bem de primeira necessidade.
Em que nível estão as relações institucionais do Chega com o PCP ou a CDU?
Quando me candidatei, e até porque sou funcionário da Câmara Municipal do Seixal, achei correcto informar, pessoalmente e não por qualquer outro meio, o presidente da autarquia [Joaquim Santos] da minha candidatura.
Os números da votação na CDU e no PS, 36,54% e 31,44%, respectivamente, nas eleições de 2017 não o assustam?
De maneira alguma. Este é um desafio a que nos propusemos. No entanto, temos plena consciência do caminho à nossa frente, dos obstáculos e dificuldades. Somos a formação política que menos gasta em propaganda. Mas partimos todos juntos para a campanha, estamos na mesma corrida, se bem que com os pés bem assentes no chão, plenos de sensatez e espírito de missão. Estamos a dar tudo o que nos é possível, temos um grande grupo de trabalho, reunimos todos os sábados e observamos uma grande homogeneidade interventiva.
O que seria para a Chega um bom resultado no Seixal?
A eleição de um vereador seria por nós considerado um bom resultado. Acreditamos que chegaremos aos 8%. É uma opinião ponderada e tomada sem muita euforia.
Está realmente assim tão optimista?
Sou um conhecedor da realidade autárquica, ouço conversas de corredor, observo manifestações de desagrado. Noto um certo desconforto em certas áreas da autarquia, algumas divisões. Seja como for, podem contar comigo para encontrar soluções, podem contar com a minha total disponibilidade para ouvir individual ou colectivamente.
Se for eleito, o que poderão esperar de si os trabalhadores da autarquia?
Comprometo-mo a ser parte da sua voz e da sua visão. Independentemente do resultado eleitoral, continuarei a ser um deles, um transmissor e defensor das suas reivindicações.