Socialista marca reunião e assume rédeas de processo que está estagnado há cerca de um ano. Alcochete, Almada, Moita e Montijo presentes
Frederico Rosa, presidente da Câmara Municipal do Barreiro, assumiu “a liderança” do processo da constituição de Comunidade Intermunicipal (CIM) Península de Setúbal – resultante da criação das NUTS II e III – que teve “luz verde” há cerca de um ano, mas que tem estado estagnado. E convidou os seus homólogos para uma reunião, a realizar na próxima segunda-feira, 24, pelas 14h30, na StartUp Barreiro, com o propósito de os nove municípios avançarem definitivamente para a concretização do processo.
O desafio foi feito pelo barreirense através de uma carta aberta enviada aos seus pares e datada de 14 de Junho, à qual O SETUBALENSE teve acesso. Ontem, questionado sobre o tema, Frederico Rosa revelou que já estão confirmadas as participações dos presidentes de quatro municípios. “Alcochete, Almada, Moita e Montijo manifestaram intenção de estar presentes. Palmela e Sesimbra disseram que não tinham agenda, mas mostraram disponibilidade para discutir o assunto”, disse.
Na missiva, o autarca do Barreiro explica por que decidiu tomar a iniciativa de juntar todos à mesa em torno da criação da CIM. “Mais de um ano depois da sua aprovação em Assembleia da República e depois de passados os recentes períodos eleitorais que agora findaram, ninguém entenderá por que os autarcas deste território, que estiveram na linha da frente na reivindicação desta medida, não tenham agora sentido de urgência na sua concretização.”
E lembra que a criação da CIM tem como missão central assegurar “de forma inclusiva e com os diversos ‘stakeholders’ da região uma visão estratégica de desenvolvimento e crescimento sustentável para Península de Setúbal, abordando temas fundamentais para a próxima década e em próximos quadros de apoio ao investimento”, nas mais diversas áreas, como habitação, mobilidade, ensino, inovação, emprego, entre várias outras.
“Temos de começar por assumir o compromisso político para este caminho”, adiantou em declarações a O SETUBALENSE.
Associação da Indústria e Politécnico aplaudem iniciativa
Nuno Maia, director-geral da Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET), aplaude o primeiro passo assumido por Frederico Rosa. “É uma iniciativa muito louvável. Este processo tem de avançar, é essencial para o êxito da implementação das NUTS II e III. Quanto mais depressa o processo for desencadeado, melhor para todos. Para que o Governo tenha depois tudo pronto rapidamente para negociar com Bruxelas o próximo Quadro Comunitário de Apoio, que é já em 2027”, comentou.
E deixou um alerta: “É importantíssimo que o processo decorra com o maior consenso possível entre os autarcas. Como vimos no processo das NUTS, o facto de estarmos todos de acordo teve um efeito positivo. É isso que é preciso repetir, juntar todas as partes, encontrar consensos”. O responsável lembrou ainda que a AISET está a fazer a sua parte. “Estamos a preparar um documento de estratégia de desenvolvimento industrial para a península”, vincou.
Do lado da academia, a acção do autarca barreirense foi igualmente vista com bons olhos. Ângela Lemos, presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, realçou: “Vem beneficiar a região, porque é uma possibilidade de se ter acesso a fundos. É também a possibilidade de podermos alavancar a investigação e até a prestação de serviços, como outros politécnicos conseguem, noutras regiões do País. Quanto mais depressa a região se articular e encontrar uma estratégia comum, mais ganha”, concluiu.