Maior festa do teatro no País volta a ter estreias em palco e grandes nomes do teatro nacional e estrangeiro. De 4 a 18 de Julho
O Festival de Almada regressa este ano ao formato tradicional, de 4 a 18 de Julho, e também com actuações em espaços ao ar-livre. “Há dois anos assumimos o compromisso com o público de voltarmos a [este modelo]”, lembrou Francisco Rodrigo, director artístico do festival, na apresentação da maior festa do teatro no País, que decorreu na Casa da Cerca, em Almada Velha, na passada quarta-feira. Para trás ficou o espartilho da pandemia que, mesmo assim, nunca travou a realização do Festival.
A 39.ª edição proporciona ao público 20 produções, sendo sete delas espectáculos portugueses e 13 estrangeiras, que vão passar por nove palcos. Em Almada: Teatro Municipal Joaquim Benite, Palco Grande da Escola D. António da Costa, Fórum Romeu Correia, Teatro-Estúdio António Assunção e Incrível Almadense. Em Lisboa: Centro Cultural de Belém e Teatro Nacional D. Maria.
Entre as produções estrangeiras, destacam-se os espectáculos de criadores como o norte-americano Robert Wilson, que traz ao Festival de Almada uma nova versão da peça “I was sitting on my patio this guy appeared I thought I was hallucinating”, que se estreou em 1977 com Lucinda Childs, e o suíço Christoph Marthaler que conta com quatro presenças no Festival de Almada e abre a edição deste ano com a peça “Aucune Idée” na Escola D. António da Costa, a 4 de Julho.
Destaque ainda para o alemão Thomas Ostermeier, com o espectáculo “ödipus” que revisita o mito de Édipo numa versão da dramaturga Maja Zade passada na Atenas contemporânea, e o espectáculo do belga Wim Vandekeybu com “Hands do not touch your precious Me” no qual o coreografo colabora com o artista visual francês Olivier de Sagazan, onde se tece um conto mítico de confronto e transformação, luz e escuridão.
De sublinhar também as encenadoras Dorothée Munyaneza, do Ruanda e Nadège Prugnard, de França, que assinam duas criações no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França 2022.
Por parte da Companhia de Teatro de Almada, onde “todos se envolvem na organização do Festival de Almada”, como comentou a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, vai estar em estreia “Noite de Reis”, de Shakespeare, com encenação de Peter Kleinert.
A 39.ª edição integra ainda dois espectáculos do chamado novo circo, com a apresentação da trupe francesa Baro d’Evel e dos ingleses Gandini Juggling”.
Quanto a espectáculos nacionais, estes “representativos de várias gerações de criadores e companhias”, salientou Rodrigo Francisco, é de realçar “Se eu fosse Nina”, com encenação e texto de Rita Calçada Bastos, um espectáculo que, devido à pandemia, apenas teve uma representação online, portanto estreia agora ao vivo, e “Eu sou a minha própria mulher” encenado por Carlos Avilez, do Teatro Experimental de Cascais.
O Teatro dos Aloés vai estar em palco com “Em casa, no zoo”, encenação de Jorge Silva, o Teatro do Bairro traz “Sonho”, encenado por António Pires, o Arena Ensemble apresenta “Selvagem” encenado por Marco Martins, e a companhia Artistas Unidos leva a palco “Taco a Taco” com encenação de Pedro Carraca.
O espectáculo de Honra é “Miguel de Molina al desnudo”, encenado por Félix Estaire. Esta é uma peça que esteve em palco na edição anterior, e que agora regressa por votação do público, apesar de ter sido a segunda preferência uma vez que não foi possível trazer “Quem Matou o Meu Pai”.
A figura homenageada este ano é José Manuel Castanheira, cenógrafo, arquitecto e doutorado em cenografia. É responsável pela acção “Sentido dos Mestres”, que integra os festivais de Almada. “Um amigo de Almada e do teatro”, disse Inês de Medeiros.