A questão foi levantada pelo vereador Jorge Giro e o presidente da câmara vincou que não vai tolerar que o concelho seja esquecido
Ao anunciar investimentos para o Arco Ribeirinho Sul, inclusive a criação do Parque Humberto Delgado, o primeiro-ministro falou apenas nos concelhos de Almada, Seixal e Barreiro, deixando de fora outros municípios que sempre têm sido incluídos neste território: Alcochete, Moita e Montijo.
A questão foi levantada durante a reunião de Câmara de Alcochete, na passada quarta-feira, com o vereador da CDU Jorge Giro a dizer-se “perplexo” por Luís Montenegro ter deixado o concelho de Alcochete “fora de tamanhos investimentos previstos”, mais ainda quando o novo aeroporto internacional de Lisboa está previsto ser construído no Campo de Tiro de Alcochete, o que carece da construção de grandes infra-estruturas viárias ou mesmo também ferroviárias.
“Não bate a bota com a perdigota”, popularizava o vereador comunista, que acrescentava: “Já apanhei tantas obras previstas para o Arco Ribeirinho do Tejo sem que nenhuma tivesse sido feita, que já não acredito em nada. Estou preocupado”.
Este é um sentimento que, para já, ainda não afecta o presidente da Câmara de Alcochete. “Confesso que ainda não estou preocupado com as declarações do senhor primeiro-ministro, independentemente das que foram. Mas, não tolero, nem sequer imaginar, que o município de Alcochete, entre outros, esteja ausente de um projecto que já tem décadas”, disse Fernando Pinto.
Ou seja, um projecto que perspectiva a “reabilitação e consolidação” do Arco Ribeirinho Sul do Tejo que envolve seis municípios: Alcochete, Moita, Montijo, Barreiro, Seixal e Almada.
Tal como disse o vereador Jorge Giro, o presidente socialista Fernando Pinto não vê a implementação da Cidade Aeroportuária no Campo de Tiro de Alcochete sem que sejam criadas infra-estruturas, e recordou uma reunião com o anterior ministro das Finanças, Fernando Medina, do governo de António Costa, em que foi apresentado um trabalho onde Alcochete figurava num plano de infra-estruturação, inclusivamente, com a extensão do Metro Sul do Tejo entre a Costa da Caparica e Alcochete.
“Isso era um dado adquirido, eu vi o projecto. Não quero desacreditar nas palavras do primeiro-ministro [Luís Montenegro], e estou convencido que o município de Alcochete não está arredado desse projecto de consolidação”. Mas, há sempre um se, e Fernando Pinto admite que “amanhã possa vir a estar efectivamente preocupado” com o Arco Ribeirinho Sul de Luís Montenegro.
E garantiu na reunião pública, frente à vereação que, se dúvidas tiver, vai tomar uma posição “muito firme e muito assertiva regateando aquilo que é fundamental para darmos continuidade a esta consolidação e desenvolvimento sustentado com todos os municípios do Arco Ribeirinho a receberem mais-valias”. E logo a seguir, Fernando Pinto admitiu que, embora ainda não preocupado, está “apreensivo”.