Rui Canas afirma que renúncia está relacionada com reorganização profissional, e que não se recandidata a nenhuma autarquia
Rui Canas, presidente da Junta da União das Freguesias de Setúbal, eleito pela CDU, renunciou ao cargo alegando motivos profissionais. Apresentado pelo próprio na Assembleia da União de Freguesias de ontem, 18 de Dezembro, o pedido de renuncia põe termo a um ciclo de 11 anos à frente deste órgão autárquico, onde vai ficar apenas até 6 de Janeiro.
A faltarem nove meses para as próximas autárquicas, a presidência da Junta da União das Freguesias de Setúbal passa a ser assumida por Fátima Silveirinha, também eleita pela CDU.
A O SETUBALENSE, Rui Canas afirmou que a decisão de deixar o cargo está relacionada com o facto de estar a cumprir o terceiro mandato o que, pela lei da limitação de mandatos, o impede de se recandidatar à mesta união de freguesias nas próximas autárquicas. Mas o motiva que maior peso teve na sua decisão foi ter-lhe surgido “uma boa oportunidade profissional”, afirma.
Empresário ligado à comunicação e produção cultural, colocou um ponto final nessa actividade há doze anos para se dedicar à vida pública política, agora decidiu que não vai continuar. “Não me vou candidatar a nenhum órgão autárquico”, garante.
“Deixo a Junta da União das Freguesias de Setúbal numa situação de estabilidade funcional e financeira”, disse a O SETUBALENSE.
E foi também o que disse a encerrar a Assembleia da União de Freguesias da passada quarta-feira. Depois de se referir a todo o trabalho feito desde que foi eleito pela primeira vez, nas autárquicas de Outubro de 2013, reeleito em 2017 e em 2021, lembrou o trabalho que passou pela gestão da união das freguesias de Nossa Senhora da Anunciada, São Julião e Santa Maria da Graça que obrigou a reformular e reorganizar serviços e equipamentos, realçou também o processo e assunção de responsabilidades com a transferência de competências da Câmara Municipal de Setúbal para a junta da união.
Todo um ciclo que decidiu agora encerrar para reorganizar a vida profissional. “Deixo as funções com o sentimento de dever cumprido”, afirmou.
Sobre Rui Canas, a CDU, em comunicado, sublinha o “seu compromisso de sempre com o projecto colectivo de transformação da cidade, com a busca permanente de resolução para os problemas das populações e o contributo dado para a intervenção e o prestígio da CDU no concelho de Setúbal e, em particular, na União das Freguesias de Setúbal”.
Com a renúncia de Rui Canas, a CDU avança que a presidência da Junta da União das Freguesias de Setúbal passa a ser exercida por Fátima de Jesus Carixas Silveirinha, 50 anos, Técnica Superior de Turismo, membro do PCP desde 1999.
Eleita pela CDU, exerce funções de secretária da Junta de Freguesia da União das Freguesias de Setúbal desde 2013, assumindo actualmente os pelouros de Secretaria e Atendimento, Modernização Administrativa, Assessoria Técnica, Recursos Humanos, Educação, Escolas e Comunidade Educativa, Área Social, Infância e Mercados.
Sobre o percurso daquela que vai tomar funções em Janeiro de 2025, realça a CDU o percurso marcado por “uma forte intervenção social e política”. E destaca: “foi dirigente da JCP, membro da Associação Académica do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, eleita na Assembleia de Freguesia de Santa Maria da Graça e Coordenadora da Comissão de Trabalhadores da Câmara Municipal de Setúbal”.
PSD vota contra o orçamento e opções do plano da junta da União
Entretanto, o PSD decidiu votar contra a proposta de “Orçamento, Grandes Opções do Plano, Norma de Execução do Orçamento, Autorização Prévia Genérica e Mapa de Pessoal para o ano 2025” do executivo da União de Freguesias de Setúbal.
Em nota de Imprensa, os social-democratas afirmam que a gestão CDU neste órgão autárquico presta “um serviço insuficiente para um território que é essencial ao desenvolvimento da cidade de Setúbal como um todo, pois contem em si zonas que são estruturantes para a mesma”.
Aponta casos como a higiene urbana, da responsabilidade junta da União, a qual entende ser “muito deficitária” e justifica: “Se até aí falharam não poderemos mais dar o benefício da dúvida”, também por isto o voto contra a proposta apresentada.
Lembra o PSD que, nos anteriores orçamentos do actual mandato, optou pela abstenção por forma a “deixar governar quem foi legitimado nas eleições”, e também pelo desafio colocado ao executivo com a transferência de competências.
No processo da transferência de competências, considera o PSD que primeiro era preciso avaliar o desempenho do executivo da junta, e no que diz respeito à limpeza urbana, esta “é deficitária”.
A conclusão é que se assistiu a um “enorme aumento de orçamento e de recursos, humanos e materiais, sem a correspondente melhoria do serviço prestado”, situação que, aparentemente, conjuntamente com o governo CDU do município, “está a conduzir a freguesia e a cidade a um beco sem saída. É um projecto político que se encontra esgotado e já sem adesão”.