Empresa confirmou ontem presença da bactéria, mas não suspendeu o funcionamento dos sistemas de ar nem avisou os trabalhadores
A Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa exigiu hoje à empresa do grupo Volkswagen que sejam “tomadas as medidas de protecção que se mostrem necessárias” contra a presença de legionella confirmada no sistema de ar.
Em comunicado, a comissão diz lamentar “que mais uma vez a empresa tenha comunicado a situação aos trabalhadores de uma forma tardia e a reboque da imprensa”. “A comissão reuniu-se hoje com a empresa e exigiu esclarecimentos relativamente à detecção de legionella em equipamentos na zona da pintura e sobre os perigos que tais bactérias poderão, ou não, significar para a saúde dos trabalhadores”.
No encontro, a empresa foi alertada “que, tendo em conta esta situação, deverão ser tomadas as medidas de protecção dos trabalhadores que se mostrem necessárias”, com a Comissão de Trabalhadores a “acompanhar diariamente” o caso.
A fábrica da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, como O SETUBALENSE noticiou ontem em primeira-mão, tem confirmados casos de legionella em vários sistemas de ar, mas não suspendeu o funcionamento destes sistemas nem avisou os trabalhadores.
A existência de legionella foi revelada a O SETUBALENSE por fonte do interior da empresa e posteriormente confirmada pela VW Autoeuropa, que garantia ontem não haver qualquer pessoa infectada e estar a cumprir a lei aplicável nesta matéria.
“A Volkswagen Autoeuropa está a acompanhar esta situação de forma atenta e permanente, não havendo registo de pessoas infectadas ou sintomáticas”, assegurou a empresa, em resposta escrita.
Através da mesma nota, a empresa garantiu que “tem implementado um plano de prevenção e controlo da bactéria legionella, em estrito cumprimento da legislação portuguesa em vigor”.
Já a referida fonte interna disse a O SETUBALENSE que “surgiram casos de legionella em vários sistemas de tratamento de ar e que a empresa não desligou o equipamento assim que soube os resultados das análises, continuando a trabalhar”.
Além disso, adiantou que até ontem não tinha avisado “os trabalhadores para estarem em alerta para possíveis casos”. A mesma fonte acrescenta que “há análises e contra-análises positivas a casos”.
Questionada sobre quando foi detectada a legionella, se os trabalhadores foram alertados ou em quantos equipamentos foi confirmada a presença da bactéria, a Volkswagen Autoeuropa acabou por não responder de forma concreta às perguntas.
“Na sequência desta monitorização regularmente realizada pela Volkswagen Autoeuropa, foi detectada a presença da bactéria em equipamento técnico de uma das áreas de produção. Perante esta ocorrência, a Volkswagen Autoeuropa accionou e reforçou todos os procedimentos de segurança estabelecidos para esta situação”, adiantou a empresa.
Além disso, mantinha-se ontem “activo o protocolo de actuação previsto no Plano de Prevenção e Controlo de Legionella, nomeadamente ao nível da monitorização e do controlo químico e orgânico previsto para estas situações”.