“Não é de forma alguma aceitável que num ano de excelentes resultados e de prémios conquistados, a empresa teime em não reconhecer quem produz a riqueza”
A Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa considerou esta sexta-feira “inaceitável” a proposta da empresa de aumentos salariais de 5% em 2024, depois de um ano de “excelentes resultados” da fábrica de automóveis de Palmela, no distrito de Setúbal.
“Não é de forma alguma aceitável que num ano de excelentes resultados e de prémios conquistados, a empresa teime em não reconhecer quem produz a riqueza”, refere um comunicado da Comissão de Trabalhadores, adiantando que já informou a empresa de que se trata de uma “proposta inaceitável” e que os “trabalhadores não irão aceitar migalhas”.
“Os 5% da comunicação da empresa incluem os 2,1% de reposição da inflação passada, relativos ao acordo anterior”, acrescenta o documento, considerando que, na prática, se trata de um “aumento salarial de apenas 2,9%” e que “prémios não são aumentos salariais”.
A Autoeuropa propôs à Comissão de Trabalhadores um aumento salarial de 5% para 2024 e uma majoração do prémio anual de objectivos até 50%, que poderá dar o equivalente a mais um salário e meio a cada trabalhador, considerando que se trata de uma proposta que “defende o poder de compra” dos 5.000 funcionários da empresa e “garante a sustentabilidade da fábrica”.
No comunicado, a Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa garante que “tudo tem feito para que as negociações avancem e que seja alcançado um bom pré-acordo”, ao contrário da empresa, que “teima em avançar com propostas de aumento salarial completamente desajustadas, sem ter em conta o esforço dos trabalhadores, pondo em causa a paz social”.
A Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa adverte ainda que, caso não exista um pré-acordo de empresa até dia 13 de Março, a resposta será dada em reuniões plenárias de trabalhadores.
Contactado pela agência Lusa, o coordenador da Comissão de Trabalhadores, Rogério Nogueira, lembrou que a paz social se mantém com o contributo de ambas as partes, mas defendeu que “só os representantes dos trabalhadores estão a contribuir para que a paz social continue”.
“Na próxima semana terminaremos as negociações e sabemos que temos o apoio de todos os trabalhadores para, se necessário, usar todas as ferramentas ao nosso dispor para conseguir um acordo que reconheça o esforço dos trabalhadores da Autoeuropa”, disse Rogério Nogueira.
O ano passado, a Volkswagen Autoeuropa, um dos maiores exportadores nacionais, produziu 220.100 automóveis T-Roc, único modelo em produção na fábrica de Palmela.
De acordo com o grupo alemão Volkswagen, o T-Roc foi o terceiro carro mais vendido na Europa em 2023.