Obra de 5,3 milhões vai erguer escola do 1.º ciclo e jardim de infância. A escola do 2.º e 3.º ciclos, ao lado, fica a aguardar que o Governo desbloquei os 80 milhões necessários para as escolas prioritárias
A construção do Centro Escolar Barbosa du Bocage, o maior investimento numa escola em Setúbal dos últimos anos, começou esta terça-feira, com a colocação da primeira-pedra no terreno ao lado da actual Escola Básica do 2.º e 3.º ciclo, com o mesmo nome.
O novo Centro Escolar Barbosa du Bocage é uma obra de raiz, financiada, em parte, pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que vai ter, para já, uma nova Escola Básica do 1.º ciclo e um jardim de infância, num total de 11 salas, oito para aulas e três para outras actividades, um pavilhão polivalente, uma portaria e algumas áreas cobertas.
A empreitada, que arrancou agora, e que vai custar 5,3 milhões de euros, está a cargo da Alberto Couto Alves S.A., e deve ficar concluída a tempo do início do próximo ano lectivo, uma vez que o prazo de execução é de 330 dias.
O centro escolar de nova geração vai integrar, também, a actual EB do 2.º e 3.º ciclo, que aguarda reabilitação e que é uma das quatro escolas de Setúbal que integram a lista de escolas de intervenção imediata acordada entre o Estado e os municípios no quadro das transferências de competências na área da Educação.
As quatro escolas de Setúbal consideradas de intervenção prioritária são a EB 2/3 Barbosa du Bocage, a EB 2/3 de Azeitão, que também terá de ser construída de raiz, a Escola Secundária do Bocage (antigo liceu) e a EB 2/3 da Aranguez, que precisam de ser reabilitadas e ampliadas.
No total, de acordo com o presidente da autarquia, o investimento para a renovar estas quatro escolas, que o Estado reconhece como prioritárias, é de 80 milhões de euros. “É muito importante que estes investimentos sejam desbloqueados pelo Governo, porque os procedimentos demoram cerca de um ano e as obras mais uns dois anos, o que significa que, se não houver decisões rápidas, os alunos, professores e funcionários ainda vão ter que passar mais quatro ou cinco anos em escolas sem as mínimas condições”, disse o presidente da Câmara de Setúbal, André Martins.
Além destas quatro escolas, o Município de Setúbal reivindica também a construção da Escola Secundária de Azeitão. O autarca sadino, em conjunto com o seu homologo de Sesimbra, Francisco de Jesus, pediu recentemente uma reunião ao ministro da Educação para “resolver o problema” da falta de uma escola secundária em Azeitão.
“É tempo de resolver este problema para que as crianças de Azeitão não tenham de continuar a ser distribuídos por escolas distantes, em Setúbal e Sesimbra”, afirmou André Martins.
Sobre a construção do novo centro escolar, o presidente da Junta da União de Freguesias de Setúbal, Rui Canas, disse tratar-se de uma obra “importante” e destacou a ligação à comunidade envolvente. “Depois encontraremos forma de este equipamento ser utilizado também pela comunidade”, assegurou o autarca da CDU.
No lançamento da primeira pedra estiveram também vários outros eleitos locais, nomeadamente os vereadores Carla Guerreiro, Pedro Pina e Rita Carvalho, da CDU, e os vereadores do PS Fernando José e Joel Marques e o presidente da Assembleia da União de Freguesias de Setúbal, Fernando Paulino.
Aumento do número de alunos agrava dificuldades das escolas
O aumento da população escolar está a aumentar as dificuldades das escolas do 1.º ciclo, sobretudo das zonas mais urbanas, manterem os regimes completos de aulas (aulas todo o dia).
Segundo o director do Agrupamento Escolar Barbosa do Bocage, em Setúbal, o número de alunos matriculados no estabelecimento, nos últimos anos, tem crescido a uma taxa de 8%. “Há quatro anos tinha 17 crianças a aprender Português Língua Materna, hoje tenho mais de 150, o que significa que a pressão aumenta significativamente”, diz António Caetano.
Para esta escola, agora em construção, estão previstas oito salas de aulas, que dariam para acolher as crianças de uma outra escola, das amoreiras, e assegurar o regime completo das duas escolas, mas, com o aumento da procura, é já certo que o regime de aulas terá de ser de meio-dia. As crianças terão aulas apenas de manhã ou de tarde.
O aumento de alunos é fruto, sobretudo, da imigração, mas também, refere o presidente da câmara, devido ao “forte investimento privado em curso no concelho”, que calcula em 3 mil milhões de euros, que tem contribuído para o aumento demográfico após o último Censos.