Américo Aguiar apelou às Misericórdias para que dêem novas respostas aos novos problemas. Ilídio Massacote apontou caminho a seguir
Abriu-se ontem um novo ciclo na Santa Casa do Montijo, com a tomada de posse do (reeleito) provedor Ilídio Massacote e restantes elementos dos novos órgãos sociais, em cerimónia que decorreu na Igreja da Misericórdia e que foi apadrinhada pelo Bispo de Setúbal, Cardeal Américo Aguiar.
João Paulo Dinis, que até ontem presidiu à Mesa da Assembleia Geral, abriu os discursos da praxe e deixou um recado aos novos órgãos sociais. “Sinto que cada um de vós traz consigo uma vontade genuína de contribuir para a nossa acção social e para a valorização da nossa comunidade. Que esta nova etapa seja uma oportunidade de estreitar laços, reforçar parcerias e inovar. Que não se deixem influenciar, quer pelos ‘Velhos do Restelo’ quer pelo ‘canto das sereias’”, disse.
O caminho a trilhar no futuro próximo foi indicado por Ilídio Massacote. “Para este próximo mandato, o foco da Santa Casa passará por reforçar o papel da instituição como referência na assistência e acolhimento. A modernização dos serviços prestados é essencial. Resiliência e inovação serão precisas para enfrentar desafios institucionais. O caminho que queremos iniciar vai exigir muita capacidade de sofrimento, tanto para os órgãos sociais como para os trabalhadores. Intensificar a actuação em áreas como a saúde, a assistência social e educação, e garantirmos ainda mais proximidade à comunidade”, defendeu o provedor.
Ilídio Massacote apontou ainda à “adaptação às mudanças demográficas e sociais”, à “sustentabilidade financeira e operacional” e à “modernização contínua” sem que se perda de vista “o carácter histórico e os valores da instituição”. E adiantou: “O maior património da Santa Casa são os seus valores e os seus trabalhadores, que devem ser tratados com toda a dignidade, com regras claras e comuns a todos. Fica o compromisso de que continuarei a lutar por esse desígnio”.
Coube a Américo Aguiar encerrar os discursos. E o Prelado deixou um apelo: “Os tempos são difíceis, mas as Misericórdias também têm carapaça dura. Neste 500 anos sempre soubemos dar respostas novas aos problemas novos e é esse o desafio que deixo, à [Misericórdia] do Montijo e a todas aquelas que existem na Diocese de Setúbal”.
De permeio, Cardoso Ferreira, em representação da União das Misericórdias – e que em simultâneo preside ao Secretariado Regional das Misericórdias de Setúbal e é provedor da Santa Casa de Setúbal –, e Maria Clara Silva, presidente da Câmara do Montijo, focaram-se nas dificuldades que se avizinham.
“O que vem aí é sabido, algumas dificuldades do ponto de vista económico que vão reflectir-se nos apoios que vamos tendo. Os sinais são todos preocupantes. E apelo a todas as Misericórdias para que as suas equipas saibam ter imaginação e capacidade de adaptação para se começar a minorar as dificuldades por antecipação”, recomendou Cardoso Ferreira.
E a autarca do Montijo, ao dirigir-se aos novos órgãos sociais da Santa Casa, reforçou: “Os tempos são difíceis. Têm pela frente um trabalho árduo, porque a sociedade precisa cada vez mais das diferentes instituições”.
Já Luísa Malhó, directora do Centro Distrital de Setúbal da Segurança Social, deixou uma mensagem de esperança, quanto à implementação da valência do Centro de Apoio à Vida da Misericórdia do Montijo como resposta social. “Estou certa de que rapidamente vamos transformá-lo num espaço cheio de vida, de cor e com grande utilidade para a cidade”, observou.
O órgãos sociais da Misericórdia do Montijo foram eleitos a 7 de Dezembro passado para o quadriénio 2025-2028.