A presidente analisa esta metade do mandato e projecta o futuro. Diz que herdou uma junta “atrasada 20 anos” e defende a manutenção da união das duas freguesias
Sem mencionar o nome da CDU, a socialista Bárbara Dias diz que o executivo da Junta da União das Freguesias de Baixa da Banheira e Vale da Amoreira recebeu “uma herança muito negativa”. Em entrevista, a que respondeu por escrito, a presidente da junta realça a obra feita no espaço público e, sobretudo, as intervenções no parque escolar.
Revela os principais projectos que a junta pretende concretizar nos dois próximos anos, diz que quer receber mais competências da Câmara Municipal e quanto ao seu futuro prefere jogar à defesa: será onde o PS quiser.
O que destaca do trabalho feito nesta metade do mandato?
Foi realizado muito trabalho invisível, fundamental para a organização dos serviços. Quando iniciámos o mandato contratámos uma empresa externa para desenvolver um diagnóstico organizacional. As pessoas surpreendiam-se com o resultado do relatório. Tivemos e ainda temos muito trabalho a fazer no sentido de cumprirmos todas as acções de melhoria identificadas pelos consultores. A nível tecnológico, era uma junta que estava atrasada 20 anos. Não posso culpar ninguém. São formas de trabalhar e visões diferentes. Quando se está muito tempo no poder, há a tentação de acomodamento. Creio que foi isso que aconteceu. Temos a consciência de que a nossa herança é muito negativa, mas não podemos estar constantemente a olhar para o passado.
Saliento, portanto, o investimento capital que temos vindo a fazer: o parque de treino ao ar livre no Parque das Laranjeiras (cerca de 30 mil euros); a manutenção e reparação de praças e pracetas; a substituição de bancos por material mais resistente; a manutenção e reparação dos estabelecimentos escolares, as grandes intervenções no parque escolar (pintura interior da EB n.º 5 da Baixa da Banheira e pintura exterior da EB n.º 6 da Baixa da Banheira) que este ano representaram o maior investimento de sempre, cerca de 65 mil euros, nesta área.
Investimos no nosso comércio local, através de actividades que permitem divulgar o melhor que há no nosso território. Estamos, também, a finalizar o processo de criação do Regulamento de Apoio às Associações e do Regulamento do Orçamento Participativo. A nível da saúde fazemos parte da rede Abem, que permite a pessoas de baixos rendimentos terem acesso a medicamentos. E apostamos em iniciativas intergeracionais, onde os mais velhos e os mais novos podem estabelecer uma conexão.
Que percentagem dos compromissos assumidos com o eleitorado já conseguiu executar?
O nosso programa eleitoral é bastante ambicioso. Podemos dizer que mais de metade das nossas propostas estão cumpridas ou em execução. Existem muitas cuja execução não depende necessariamente da junta, mas fazemos contactos e pressão para que possam ser cumpridas.
Quais serão as principais acções a desenvolver nos próximos dois anos?
Centraremos a nossa actividade na recuperação e embelezamento dos espaços públicos e nas intervenções no parque escolar. Está prevista também a execução de um parque infantil na Avenida Almada Negreiros, em frente ao Polidesportivo 25 de Abril. Um dos grandes projectos que temos é a criação do “Centro de Desenvolvimento Social e Comunitário Entre Nós”, na sequência da candidatura desta junta ao quadro do Plano Metropolitano de Apoio às Comunidades em Acção, da Área Metropolitana de Lisboa. A estrutura do projecto centra-se em cinco grandes actividades: +Nós: Gabinete de Intervenção Comunitária; Centro de Actividades Pedagógicas AnimArte; Programa Ser+Professor; +ON Centro de Inclusão Digital; e Programa Entre Nós Mulheres.
A transferência de competências para a junta está a correr como esperava?
Tem sido bastante desafiante. Estamos a reforçar o nosso quadro de assistentes operacionais com o objectivo de tornar mais robusta a nossa capacidade de resposta. Actualmente só temos três operacionais (apenas um é calceteiro). Já lançámos o desafio ao executivo camarário para nos serem transferidas mais competências, como a higiene urbana, os espaços verdes e a gestão de mercados (actualmente já temos o Mercado de Levante da Baixa da Banheira e o Mercado Municipal do Vale da Amoreira). Estas competências permitiriam-nos gerir o nosso território e os nossos recursos de uma forma mais próxima e eficiente.
É pela manutenção da União das Freguesias de Baixa da Banheira e Vale da Amoreira ou pela desagregação?
Considerámos desde o primeiro momento que qualquer decisão teria de ser suportada com dados concretos. Acompanhamos o nosso parecer com um estudo de viabilidade económico-financeira sobre o cenário de desagregação das duas freguesias. O estudo concluiu que não está garantido o necessário equilíbrio orçamental para a desagregação da União das Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira em duas freguesias autónomas, nomeadamente, na freguesia do Vale da Amoreira que apresenta despesas correntes superiores às receitas correntes. Não estão reunidas as condições para a desagregação. Uma possível desagregação só poderá ser realizada se estiver assegurada a divisão de recursos de forma justa e equitativa.
O futuro de Bárbara Dias vai continuar a passar pela junta ou mais pelo Parlamento?
Estarei a servir o meu país onde o PS me desafiar a estar, sendo certo que os compromissos que assumo e assumirei serão respeitados na íntegra e levados até ao fim.