22 Julho 2024, Segunda-feira

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Autarcas de Setúbal, Grândola e Alcácer querem passe Navegante nos barcos para Tróia

Autarcas de Setúbal, Grândola e Alcácer querem passe Navegante nos barcos para Tróia

Autarcas de Setúbal, Grândola e Alcácer querem passe Navegante nos barcos para Tróia

|Fotos: Mário Romão|||

Actual modelo da travessia do sado é uma “barreira” ao desenvolvimento, queixam-se os presidentes de câmara que pedem ao Governo que acabe com a concessão à Atlantic Ferries

 

Os presidentes das Câmaras de Setúbal, Grândola e Alcácer do Sal querem a extensão do passe Navegante à travessia fluvial do rio Sado, entre Setúbal e Tróia, que está concessionada à empresa privada Atlantic Ferries, do grupo Sonae, e que, desde 2007, sofreu aumentos nas tarifas superiores a 300 por cento.

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Os autarcas defenderam esta terça-feira que os transportes fluviais entre Setúbal e Tróia deveriam também passar a ser assegurados por uma empresa pública.

“É necessário pôr termo a esta barreira que hoje nós encontramos na travessia do rio Sado”, disse o presidente da Câmara de Setúbal.

Em 16 anos, o preço do bilhete no ferryboat, para uma viatura ligeira com condutor, aumentou de 5,7 euros, em 2007, para os actuais 19,60 euros. O segundo passageiro paga mais 5,60 euros e os restantes que viajarem na mesma viatura 4,30 euros cada um. Já nos catamarans, que transportam apenas passageiros, o bilhete individual, de ida e volta, custa 8,80 euros.

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Estes preços, considerados exorbitantes, por exemplo, quando comparados com os preços dos bilhetes da Transtejo e Soflusa, que faz carreiras no Tejo com distâncias maiores, são vistos em Setúbal como a grande causa do afastamento da população das praias de Tróia.

André Martins falava após uma conferência de imprensa, no Forte de São Filipe, em que os três autarcas defenderam a necessidade de se acabar com o elevado custo do transporte fluvial entre as duas margens do Sado, que dizem ter graves consequências económicas, ambientais e sociais para as populações de Setúbal e do Litoral Alentejano.

Em nota de imprensa distribuída durante a conferência de imprensa, os autarcas dos três concelhos de maioria CDU defendem que “a Área Metropolitana de Lisboa (AML) deve equacionar, como, aliás, tem sido defendido nos últimos anos, a possibilidade de associar o passe Navegante a esta travessia”.

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“E o Governo, que tutela as infra-estruturas de transporte e esta travessia, tem de assumir as suas responsabilidades para com estas regiões e as suas populações, ponderando, nomeadamente, entregar esta travessia a uma empresa pública. O Estado não pode continuar a desresponsabilizar-se”, acrescenta o documento.

A nota de imprensa dos três autarcas salienta ainda que a Atlantic Ferries, concessionária do transporte fluvial de passageiros e viaturas entre Setúbal e Tróia, cobra actualmente 8,80 euros por uma viagem de ida e volta por passageiro transportado nos catamarans.

No que respeita aos ferryboats, cada viatura, com condutor incluído, paga 39,20 euros por uma viagem de ida e volta, mas, se o veículo, além do condutor, transportar mais três passageiros, o custo da viagem de ida e volta sobe para 67,60 euros, valor considerado muito elevado para a maioria da população.

Um valor que ultrapassa o de algumas viagens para destinos europeus em companhias de aviação `lowcost´, afirmaram os presidentes das câmaras de Setúbal e de Alcácer do Sal.

Para os presidentes dos três municípios, André Martins (Setúbal), Vítor Proença (Alcácer do Sal) e Figueira Mendes (Grândola), a travessia do rio Sado é uma ligação essencial ao desenvolvimento económico e à coesão social de toda a região, mas o custo das viagens está a ser penalizador para as actividades económicas, bem como para as populações do Litoral Alentejano, que continuam a utilizar diversos serviços de saúde sedeados em Setúbal, designadamente o Hospital de São Bernardo, e diversos serviços administrativos na capital de distrito.

O presidente da Câmara de Setúbal lembrou ainda que, “a partir de 2007, com a nova concessão [à Atlantic Ferries], os preços [das viagens] aumentaram de tal forma que muitas pessoas, muitas actividades económicas, em vez da utilização da travessia fluvial do Sado, começaram a fazer a ligação através da auto-estrada, até Alcácer do Sal. E depois voltam para trás cerca de 30 quilómetros [para chegarem à zona de Tróia]”.

“É um constrangimento que hoje temos aqui. Nós consideramos que o serviço público de transporte da travessia do Sado deve ser assumido, em primeiro lugar, pela Área Metropolitana de Lisboa e pelo Governo”, disse André Martins.

O autarca de Setúbal reiterou também a idéia de que o contrato de concessão do transporte fluvial no rio Sado não deveria ser gerido, como é actualmente, pela Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), mas por um serviço público gerido por autoridades e entidades da AML, que têm autoridade neste domínio, como é o caso da entidade gestora pública Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML).

 

Alcácer do Sal e Grândola ao lado de Setúbal

Esta “tomada de posição pública” juntou também os dois autarcas da margem sul do Sado que consideram tratar-se um problema não apenas regional, mas de interesse nacional.

O presidente da Câmara de Alcácer do Sal, Vitor Proença, acrescenta que a actual situação é “injusta” e destaca que os preços praticados pela Atlantic Ferries, quando se trata de uma família que precisa de viajar em conjunto, se equiparam ao custo que as companhias low-cost cobram pelo bilhete de avião para algumas cidades europeias

“A travessia teve um aumento brutal. Isto é extraordinariamente negativo para a mobilidade das pessoas da área metropolitana, não só de Setúbal, que querem rumar a Sul e, também, pessoas do Litoral Alentejano, particularmente de Alcácer e Grândola, mas também de Santiago do Cacém, que necessitam de ir tratar de assuntos a Setúbal, de carácter administrativo, mas também na área da saúde, e têm de pagar preços incomportáveis.”, queixa-se Vitor Proença que é presidente também da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL).

No caso de Grândola, concelho que está a viver um crescimento exponencial do investimento, principalmente no sector turístico, mas não só, com uma nova fábrica de aeronáutica, a Lauak, a arrancar, o elevado custo da travessia fluvial é apontado como um dos factores que contribuem para a falta de mão-de-obra.

O presidente da Câmara de Grândola recorda que o concelho se debate com falta de pessoas para trabalharem nos muitos projectos que estão a nascer e que, por essa razão, há já uma significativa pendularidade entre Setúbal e Tróia.

“Há uma série de gente de Setúbal que trabalha não só nos hotéis e restaurantes de Grândola, mas também nas obras, e que todos os dias tem de fazer esta travessia. Isso tem custos para as empresas e para as pessoas pelo que é uma situação que tem de ser vista, porque é um processo de interesse nacional.”, avisa António Figueira Mendes.

 

Luta por preços acessíveis está a transformar-se numa causa

A luta por preços mais acessíveis nos barcos para Tróia é uma luta que está a transformar-se numa causa local e regional.

Ainda antes desta conferência de imprensa dos autarcas, começou a circular, em Julho, uma petição para que esta ligação seja incluída no passe Navegante. Ontem faltavam pouco mais de 500 assinaturas para que o assunto chegue ao debate na Assembleia da República.

Recentemente também os deputados do PS eleitos por Setúbal tiveram uma reunião com a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) sobre este tema.

*Com Lusa

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