António Sota Martins: “A nossa grande aposta é transformar o Seixal na Cidade dos 15 minutos”

António Sota Martins: “A nossa grande aposta é transformar o Seixal na Cidade dos 15 minutos”

António Sota Martins: “A nossa grande aposta é transformar o Seixal na Cidade dos 15 minutos”

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O PAN defende um Seixal onde as pessoas vivam bem e trabalhem onde vivem. Recusa um concelho de destino turístico

 

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António Sota Martins, 57 anos, casado e pai de um filho, vive em Corroios há três décadas e meia. Licenciado em História, mestre em Relações Interculturais, especializado em Administração Escolar, Supervisão Pedagógica e Animação Sócio Cultural, é professor e dirigente sindical. Filiado e mandatário do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), nas eleições autárquicas de 2017 foi eleito suplente à Assembleia Municipal do Seixal, agora apresenta-se como candidato à presidência da Câmara.

Diz-se empenhado na defesa de causas sociais, e que desde cedo se interessou pela coisa pública, tendo-se envolvido em diversas organizações políticas, associativas e sindicais de professores e da administração pública, nas quais exerce, actualmente, cargos de direcção.

Sensível à causa animal, é sócio, colaborador e presidente da mesa da Assembleia Geral do Grupo de Voluntários do Canil/Gatil Municipal do Seixal.

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 O que o incentivou a lançar-se neste combate eleitoral?

Sempre me interessei muito pela política. Sou sindicalista a tempo inteiro e professor. Desde sempre que as questões sociais mexeram comigo, pelo que sempre estive ligado à causa pública. Há cinco anos abracei o PAN. Além disso, tenho experiência como eleito pelo partido desde 2017, quando conseguimos eleger um elemento no Seixal. Portanto, estou envolvido no trabalho autárquico e na dinâmica do PAN.

Em que pilares assenta a campanha do PAN?

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São três as nossas causas fundamentais: as pessoas, os animais e a natureza, causas que têm dado origem a propostas nossas apresentadas a vários níveis.

Por exemplo, apresentamos o projecto da “Cidade dos 15 minutos” para o Seixal. Trata-se de um modelo de desenvolvimento urbanístico que diversas cidades da Europa, designadamente Paris, estão a tentar pôr em prática. O objectivo deste projecto é que o cidadão consiga, a pé ou de bicicleta, ter resposta rápida e a curta distância para suas necessidades mais prementes, sejam elas no domínio do trabalho, saúde, educação, cultura ou lazer. Ou seja, deseja-se uma maior aproximação dos cidadãos às suas carências quotidianas. No Seixal, a concretização deste modelo de desenvolvimento é possível e necessária, até porque ele representa um avanço no combate à poluição.

Todavia, neste aspecto, não nos ficamos por aqui. O Seixal tem condições naturais para aceitar um urbanismo de qualidade, instalando-se, por exemplo, passeios pedestres, que impulsionam o bem-estar físico e o conhecimento da natureza. Através de ciclovias, incutir nas crianças, que são as construtoras do futuro, hábitos de vida saudáveis. Temos também tentado motivar a Câmara Municipal para a criação de transportes não poluentes.

Ainda em relação às pessoas, desde 2017 que nos batemos pela criação de equipas multidisciplinares com a função de apoiarem os mais idosos, de os ajudarem a viver na comunidade onde sempre estiveram integrados. Não queremos que as pessoas mais velhas tenham de se deslocar para outras instituições de apoio à terceira idade fora do concelho.

Batalhamos pela criação de estruturas mais inclusivas. A Câmara Municipal aprovou uma proposta nossa visando a disponibilização de intérpretes de Língua Gestual, bem como a eliminação de obstáculos para facilitar a vida de quem tem dificuldades de mobilidade, seja no acesso às suas habitações, seja nos edifícios públicos.

E quanto aos animais?

Nos últimos quatro anos apresentámos na Assembleia Municipal cinquenta proposta, 17 das quais relativas a animais. O PAN está muito empenhado no apoio às associações informais que cuidam dos animais de rua, como se delas fossem. Empenhamo-nos também no melhoramento das condições do Canil do Seixal, que exige uma capacidade maior e uma melhor organização. Preocupa-nos, ainda, a continuação de espectáculos tauromáquicos, onde pessoas se mostram dispostas a divertirem-se à custa do sofrimento dos animais. Estamos prontos a lutar até ao fim, até que se ponha termo a esses espectáculos no nosso concelho.

A melhoria dos transportes públicos tem sido também uma exigência do PAN.

Oferecem pouco conforto e dignidade a quem os utiliza. Esta situação seria resolvida com a conclusão do metro de superfície, que é um meio de transporte menos poluente e que deveria cumprir a função a que estava destinado, ou seja, ligar as freguesias do concelho.

Que modelo de desenvolvimento defende para o Seixal?

A nossa grande aposta é na “Cidade dos 15 minutos”. É um projecto englobante, que abrange praticamente tudo: as actividades económicas, a saúde, a cultura, a educação, os tempos livres. É um projecto de uma cidade mais próxima, em que os cidadãos terão tudo o que necessitam no seu dia-a-dia à mão. Queremos que as pessoas vivam bem e trabalhem onde vivem. Não queremos converter o Seixal num destino turístico, não é esse o nosso projecto. Queremos, isso sim, um concelho em que as pessoas se sintam bem a viver e a trabalhar, não queremos, de modo algum, um concelho para os outros. É claro que as pessoas gostam de visitar e de serem visitadas. Mas veja-se o que se passou em Tróia, um exemplo do que não se deve fazer. E os planos da Câmara assemelham-se ao de Tróia. São planos para ricos.

O que mais critica nesta gestão da CDU?

É difícil fazer uma escolha. A CDU tem trabalhado muito para a imprensa, na qual gasta muito dinheiro dos contribuintes que bem poderia ser canalizado para a satisfação das necessidades dos cidadãos. Já ouvi chamar-lhe uma gestão provinciana. Se nos primeiros anos da gestão CDU assistimos realmente a um certo desenvolvimento do concelho, a partir dos anos 80 ou 90 vemos mais propaganda do que obra. Vemos serviços megalómanos, motorista dentro de um Mercedes à espera do presidente. Depois, até na propaganda são poluentes, pois os seus outdoors são de material plástico, portanto, não recicláveis. Na verdade, o que dizem não corresponde ao que fazem. Cuidam apenas da imagem. Por exemplo, toda a gente se diz preocupada com o ambiente, mas todos têm propaganda não reciclável por todo o lado.

Uma nossa preocupação é o da inclusão, e a Câmara Municipal concorda connosco, mas depois nada faz. Deve ser o único concelho do País que não transmite on line as reuniões de Câmara e da Assembleia Municipal, e que também não tem um intérprete de Língua Gestual. Pedem a participação dos cidadãos, mas não disponibilizam meios para isso. Como já afirmei: aquilo que dizem não é aquilo que fazem. Veja-se o que passa com a Escola João de Barros, em Corroios. A Câmara Municipal limita-se a emitir comunicados e a acusar o Governo, mas num caso destes devia apresentar-se como alternativa ao próprio executivo do País. Entretanto, os alunos infernizam anos seguidos em contentores metálicos, sujeitos a graves problemas de saúde.

Que razões encontra, então, para tão longa permanência da CDU ao leme dos destinos do município?

Eu não conheço qualquer estudo sobre o assunto. Porventura, as pessoas habituaram-se a uma certa imagem originária dos anos 70 e 80 do século passado, e deixaram de atentar na realidade dos dias de hoje. As pessoas desse tempo que estavam no poder não são as mesmas, mas não quero falar de pessoas. No entanto, sempre lhe digo que esta hegemonia é periclitante. Cabe até lembrar que o PAN fez de charneira na Assembleia Municipal, já que a CDU tem dificuldade em governar quando em minoria. Por exemplo, o Plano e Orçamento Municipal de 2018 foi rejeitado porque a CDU não negociou com os partidos da oposição, o que só mais tarde viria a acontecer. As contas da Câmara só foram aprovadas porque o PAN se absteve na votação. Estar muito tempo no poder não é coisa boa.

Se for eleito e estiver em posição de tomar medidas, quais lhe parecem as mais urgentes?

São, por certo, as que estão contempladas no nosso programa, já aqui referidas. Embora todas sejam importantes, gostaria de destacar a que prevê a constituição de equipas de apoio à população mais idosa do concelho.

Ainda em termos de realizações, qual gostaria de ver concretizada, mesmo que hoje não passe de um sonho?

Gostaria de um Seixal onde as pessoas pudessem viver e trabalhar, sem ter que deslocar-se para as grandes cidades. Queria também que a poluição e o lixo não fossem um entrave ao bem-estar das pessoas. Este é o meu ideal.

Não se pode falar do Seixal sem abordar a questão da construção do hospital no concelho. Que lhe parece ser necessário para desbloquear o processo?

Este processo parece-me uma moeda de troca tanto para a Câmara como para o Governo. A verdade é que, com o aumento constante da população, o futuro hospital está a perder capacidade de ano para ano. O problema é de natureza claramente política, um problema que ambas as partes utilizam como arma de arremesso. Nós, o PAN, queremos fazer parte da solução e não do problema, estando sempre do lado de quem quiser desbloquear o processo. Mas falando ainda da saúde, o que nós precisamos é de cuidados preventivos. Nesse sentido, o que está a ser prometido à população até pode ser um entrave. No nosso concelho, por exemplo, há uma grande percentagem de pessoas que não têm médico de família.

Como encara a ascensão da extrema-direita no País e um pouco por toda a Europa?

Há um problema de democracia, com a qual alguns não conseguem conviver. Nota-se que há um aproveitamento de situações sociais que estão por resolver. Os arautos desses grupos, dizem afinal o que se diz no café, e as pessoas gostam de ouvir o seu próprio eco. Seja como for, estão do lado contrário ao nosso, que sabe respeitar a diversidade de ideias. Estamos perante uma nova realidade. Quanto ao PAN, continuaremos a defender o que é mais importante para todos.

Sente-se realmente optimista quando pensa no resultado das eleições?

O resultado das eleições não nos assusta. Se tivéssemos alcançado 20% e depois nos tivéssemos ficado por uns 3%, como aconteceu a outros partidos, já seria outra coisa. Temos crescido, as pessoas têm aderido à nossa causa. Por conseguinte, os resultados eleitorais vão em crescendo. Para nós, é uma razão de esperança. Não sabe que as criaturas mais pequenas são as que incomodam mais? O nosso trabalho tem uma expressão muito grande no terreno. Por isso, quando concorremos às eleições pela primeira vez ficámos em 5.º lugar, à frente de partidos tradicionais como o CDS. Em algumas mesas de Santa Marta do Pinhal, até ficámos à frente do PSD. É evidente que as pessoas penalizam nas urnas quem não tem nada para oferecer.

Que poderão esperar os trabalhadores da Câmara Municipal caso seja eleito?

Sou um sindicalista. Parece-me que, quanto ao assunto, está tudo dito.

 

 

 

 

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