Presidente da câmara acusa social-democrata de “aldrabar factos”. Vereador defende que o socialista só se ‘mexeu’ por pressão do PSD
A Agência para a Modernização Administrativa (AMA) fez chegar à Câmara Municipal do Montijo informação comprovativa do interesse da Autoridade Tributária, da Segurança Social e do Instituto dos Registos e do Notariado em integrarem a futura Loja do Cidadão em Montijo, tal como Nuno Canta havia avançado a O SETUBALENSE em Dezembro último. E o presidente da autarquia não poupou o vereador João Afonso, que reclamou os louros pelo avanço do processo.
“Os documentos comprovam que nós estávamos a dizer a verdade e que o vereador João Afonso estava a mentir e a enganar as pessoas. Estamos em democracia e não é possível tolerar pessoas que, permanentemente, procuram mistificar factos, enganar os jornalistas e também as pessoas”, disparou o líder do executivo na direcção do social-democrata, na reunião de câmara de quarta-feira passada.
O socialista adiantou, inclusive, que a AMA “já desafiou” o município a optar por um conceito de Loja do Cidadão de 3.ª geração. “Estamos abertos a isso… para caminharmos nesse sentido. Essas são lojas onde a digitalização, a mediação com equipamentos digitais, também existe. As pessoas infoexcluídas têm auxílio na própria loja”, explicou Nuno Canta, antes de voltar ao ataque.
“Ficou na última reunião [de câmara] expressada uma polémica inexistente, que alguns acham que foi polémica… há que esclarecer que alguém mente aqui e que outros falam verdade”, reforçou.
Mas João Afonso reclamou os louros pelo avanço do processo. “Quando comecei a confrontar o senhor presidente sobre esta temática, teve de ir a correr à AMA e às entidades públicas para lhe salvarem a face e procurar recuperar um processo que está há mais de um ano parado na câmara”, atirou o autarca do PSD, já depois de ter aludido aos “muitos documentos” constantes no processo que, frisou, deixavam “claro e notório que a Loja do Cidadão” fora anteriormente “chumbada pela AMA”. “Não sou mentiroso, isto era o que estava no processo”, defendeu.
Ao mesmo tempo, o vereador acusou a gestão PS de incompetência por ter perdido a oportunidade de uma candidatura de financiamento até 800 mil euros, ao abrigo do PRR. E juntou: “Da parte do PSD o assunto ainda não está fechado, porque vamos continuar a pressionar para se recuperarem estes 800 mil euros.”
A intervenção de João Afonso fez, porém, Nuno Canta endurecer o tom das críticas ao social-democrata. “O senhor vereador não aprende. Enganou os montijenses sobre a Loja do Cidadão e continua, ao dizer que a loja está parada. Toda a gente já percebeu que quem está a aldrabar factos é o vereador. Essa aldrabice política tem de acabar. Vir dizer que é o homem que consegue andar com a Loja do Cidadão é para rir”, retorquiu o socialista.
Da vereação da CDU saíram críticas nos dois sentidos. “Acusam-se mutuamente, parece uma conversa de café. A verdade é que os montijenses já deviam ter uma Loja do Cidadão há muito mais tempo. Isto, que aconteceu na última [reunião] e que está a acontecer agora, é pura demagogia”, disse Nuno Catarino, ao passo que o seu companheiro de bancada, Joaquim Correia, comentou com sarcasmo a discussão pela “paternidade” do avanço no processo. O vereador do PEV sugeriu uma “guarda partilhada” da Loja do Cidadão entre PS e PSD. “Fica 15 dias entregue a um e 15 dias entregue a outro”, concluiu.