Inês de Medeiros afirma que carreira dos médicos tem de ser olhada de modo diferente para que não saíam do SNS
O alargamento do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, para terreno adjacente, não está nos próximos planos do Governo. Segundo disse o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, a O SETUBALENSE, “a prioridade, neste momento, é a criação de novos espaços [no actual edifício], nomeadamente na área da Psiquiatria, que está em projecto, através de um programa a ser financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência”. E ainda a construção do hospital de proximidade no Seixal.
No entanto, o governante, durante a visita de ontem ao Hospital de Almada, no âmbito do programa “Governo mais próximo”, que vai reunir o Conselho de Ministros hoje, em Setúbal, teve oportunidade ver que serviços criados fora do edifício central inaugurado em Setembro de 199,1 revelam bons resultados.
A cerca de 800 metros do HGO, na antiga Rua Direita do Pragal, abriu há menos de um ano o Núcleo de Oftalmologia de Almada. Um serviço “extraordinário”, classificou Manuel Pizarro depois de, um percurso a pé, entrar nesta unidade e passar pelas sete salas de consultas, área de tratamento e cirurgia; e não escapou a ouvir o comentário quando perguntou a uma utente se estava a ser bem tratada: “Estou, até já vejo um ministro”, respondeu.
Depois de percorrer vários serviços instalados no edifício central da unidade hospitalar de Almada, o ministro foi colocado a par de projectos que têm vindo a ser desenvolvidos, há alguns anos, e consolidados pela actual administração da unidade, como é o caso do Serviço de Hospitalização Domiciliária lançado por esta unidade em 2015 e que “tem sido replicado em todo o País”, apontou o governante revelando o número de “nove mil pessoas acompanhadas no domicílio”, e que ficaram assim “afastadas do risco de infecções hospitalares”.
Manuel Pizarro destacou ainda a operacionalização entre o HGO e os centros de saúde, mas não deixou de dizer que é preciso “reorganizar” para que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “tenha cada vez mais qualidade, segurança e previsibilidade”, e acrescentou: “Isto é o mais importante para os utentes e também para os profissionais de saúde”.
No final da visita Manuel Pizarro reconheceu que o SNS tem problemas, mas estes “estão a ser resolvidos”, revelou. E está convicto de que “as pessoas confiam no SNS, pelo muito esforço que os profissionais de saúde têm demonstrado”.
Para a presidente da Câmara de Almada, Inês e Medeiros, a visita de Manuel Pizarro ao HGO foi “importante para conhecer e dar a conhecer alguns projectos de dinâmica local entre o ACES Almada / Seixal e o Hospital de Almada”, os quais são “muitíssimo importantes”, e que “devem servir de exemplo para políticas mais estruturadas a realizar” na área da Saúde.
Quanto à falta de médicos, questão que foi várias vezes focada durante a visita do ministro da Saúde a Almada, a autarca vincou que esta “não se suprime por decreto; é bem real”. E avança que é preciso olhar para a questão do ‘numerus clausus’ e “repensar a carreira dos médicos para que não saíam do SNS”.
Hospital do Seixal já com concurso à porta
Ainda o ministro da Saúde não tinha iniciado, às 9h00, a visita ao Hospital Garcia de Orta, e já o presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, lhe relembrava a necessidade da construção do hospital no Seixal. E Manuel Pizarro foi directo ao dizer que esta unidade de proximidade terá “concurso a ser lançado ainda em 2023 ou, o mais tardar, no primeiro trimestre de 2024”, e não teve dúvidas em afirmar que este hospital é “fundamental” para diminuir a pressão no Hospital de Almada.
Segundo o governante, o impasse na construção do hospital no Seixal, que já leva duas décadas, atravessou uma questão jurídica, mas, “finalmente, há uma sentença do Supremo Tribunal Administrativo que nos permite contratar o projecto”, que “será entregue no segundo semestre deste ano”, revelou.
Para o presidente da Câmara Municipal do Seixal “é fundamental que este processo saia do papel”, considerando tratar-se de uma “necessidade urgente”. Ao mesmo tempo, destacou a necessidade de melhoria em outros equipamentos na área dos cuidados de saúde primários, nomeadamente uma nova unidade nos Foros de Amora, com uma candidatura já aprovada, assim como outras duas; em Paio Pires e na Rosinha, com candidaturas a serem trabalhadas.